FRANÇA TODOS JUNTOS | Estudantes, trabalhadores, movimento Nuit Debout: a convergência das lutas avança em Paris

Evidentemente, o governo esperava que a mobilização se freiasse durante os feriados de abril, especialmente na região parisiana que concentra numerosas escolas e universidades. Porém, não contava com a convicção profunda por parte dos estudantes secundaristas mobilizados que se reforçou nas últimas semanas: feriados ou não, a prioridade era buscar que convergissem os diferentes setores de luta, ainda que dispersos até hoje, para preparar o "segundo round" da mobilização. Isso se concretizou nesta primeira semana de férias, em três diferentes jornadas de ações sucessivas, dirigidas e coordenadas por diferentes setores de trabalhadores.

Os mesmos ataques a nossos direitos, o mesmo combate!

A última coordenação nacional estudantil (CNE) havia reafirmado um elemento poderoso desde o começo do movimento: "Por todas as partes, somos conscientes de que só um movimento de conjunto dos secundaristas, dos universitários, dos desempregados, dos trabalhadores nos permitirá alcançar nossos objetivos", dizia a convocatória.

E se agregava a seguinte reivindicação: "A suspensão dos projetos de reforma contra os quais lutamos: decreto base para os ferroviários, plano Hirsch para os trabalhadores da saúde e a efetivação para os trabalhadores temporários de MEDEF". Esta era a base desde a qual se podia apoiar uma convergência concreta.

Três setores tem sido duramente afetados pelos graves ataques dos últimos anos, não somente contra as suas condições de trabalho, e sim mais em geral aquelas profissões que se integravam a uma lógica, ao menos nos papeis de serviço público: transporte garantido e seguro, saúde gratuita e não submetida aos interesses privados e cultura para todos e todas. Três setores muito estratégicos, principalmente no que diz respeito aos ferroviários e também altamente simbólicos.

Na região parisiense, estes últimos dois dias tem estado marcados pelas ações coordenadas e/ou dirigidas por estes diferentes setores: a quarta 20 de abril aconteceu uma ação coordenada frente a três locais de comida rápida localizados no bairro da Gare du Nord em Paris: Mcdonald’s, Quick y Subway, contra a precarização sofrida por este setor. Esta ação, convocada pelos trabalhadores temporais e sobre a base do êxito da Assembleia geral da última segunda, tem sido garantido pelos comitês de mobilização dos secundaristas e dos estudantes da região da Ile-de-France, que permanecem ativos durantes as férias, como assim também pelos participantes da "Noche de pie” (Nuit Debout) da praça da República.

Apesar das provocações de CRS (polícia) e das numerosas horas passadas fora, esta ação foi um exito em termos de estabelecer laços com estes setor onde a mobilização e a greve forma difíceis pelo peso da precarização: no Mc Donald’s os trabalhadores em greve no dia anterior, saíram a agradecer os manifestantes na Subway, os uns e os outros se encontraram e discutiram condições de trabalho e de vida.

Esta ação simbolizava, também, uma convergência já iniciada no dia anterior em Renault Guyancourt, entre os diferentes setores a frente da mobilização, já é nas faculdades e nas escolas, nas praças ou ainda mais, nas empresas. Assim como o recorda o slogan dos trabalhadores temporais: "Desocupados, precarizados, temporais, suplentes junto com os sem papeis: Solidariedade!!"

No dia seguinte, desde as cinco da manhã, os estudantes da Universidade de Paris e os trabalhadores organizados na Assembleia de Saint Denis se reuniram diante da entrada de coletivos da RATP (Régie Autonome de Transport Parisiens) para uma nova ação. Dentro de algumas horas de bloqueio e de boas discussões, se retiraram com uma consigna: nos reencontramos dia 28!!

A continuação da jornada, estudantes secundaristas e ativistas da "Noche de pie",se encontraram em pleno centro de Paris, na Gare d’ Austerlitz.

Com uma montanha de folhetos debaixo do braço, este cortejo fez um tour na estação para dirigir-se aos usuários e ferroviários da estação - não sem ser escoltados por um cordão de CRS. Saindo da estação, a marcha se dirigiu até a Pitié-Salpétrière, importante hospital de París.

O risco da dispersão

O conjunto dessas ações testemunha a vontade de "convergência", a pequena escala, até a construção de laços mais concretos e sólidos entre os diferentes setores. Porém para consolidar um verdadeiro movimento de conjunto serão necessárias mais que estas ações levadas a cabo em comum, muito mais que estas horas juntos.

A multiplicação das ações, um pouco por todas as partes cada dia, pode, sem embargo, tender a uma dispersão, uma dispersão de forças contra a qual vamos a ter que lutar para enfrentar o governo com uma atitude firme e decidida.

Sem dúvida, devemos fazer uma política mais coordenada, inclusive para um encontro comum entre estes diferentes setores, estudantes, secundaristas, trabalhadores e ativistas da "Noche de pie" para fazer que o movimento e juntos construir uma greve geral.