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Estudantes, trabalhadores e artistas saúdam o Seminário de Negros e Negras da USP

sábado 20 de junho de 2015 | 06:30

Dulce, trabalhadora da USP e integrante da Secretaria de Negros, Negras e do Combate ao Racismo, leu um abaixo-assinado contra o processo que a Reitoria abriu visando demissão por justa causa de Marcello "Pablito", também integrante da Secretaria de Negros do Sintusp e trabalhador do bandejão, por este defender cotas. Denunciou também as sindicâncias abertas contra os estudantes, representantes discentes no Conselho Universitário, que defendiam a presença da Comissão de estudantes e trabalhadores negros na reunião para discutir cotas raciais.

Marcelo, estudante e membro do Centro Acadêmico da Faculdade de Odontologia saudou a mesa, o evento e a iniciativa do Sintusp em impulsionar uma campanha de solidariedade de classe aos haitianos no Brasil, arrecadando roupas, cobertores, alimentos e produtos de higiene pessoal para os imigrantes. Disse que o CA estava junto do Sintusp nessa campanha e incentivou os demais estudantes a se somarem nessa iniciativa, transformando o conhecimento adquirido na Universidade em utilidade para a solidariedade de classe.

Os estudantes Ronaldo, do Juntos!, Daniel, da Juventude do PSTU e Odete, da Juventude as Ruas e do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), deram bastante ênfase na luta contra a redução da maioridade penal, denunciando o quanto essa medida tem o intuito de aumentar a criminalização e o genocídio contra o povo negro e representa a contra-cara da mesma moeda que e a ampliação da terceirização, do trabalho precário e da falta de condições mínimas para que uma família possa se sustentar em base somente ao salário miserável.

Estudantes da UNESP de Franca, da USP de Ribeirão Preto e da UFRJ, além de um trabalhador da Unicamp saudaram o Seminário e falaram sobre a construção de organizações de coletivos de negros em suas universidades, além de denunciar a situação das universidades federais que, mesmo com cotas, sem uma política de permanência, obrigam que os estudantes se alojem nas cozinhas das moradias estudantis, sem colchões para poderem se manter em seus cursos. Também secundaristas de cursinhos populares relataram a dificuldade de encontrar jovens negros mesmo em cursinhos populares e gratuitos devido a grande evasão de negros das escolas de ensino fundamental e médio para trabalharem ou assumirem família e do ceticismo sobre a possibilidade de furar o filtro racial e social do vestibular devido as péssimas condições de estudo nas escolas da periferias.

Marcello "Pablito", representando a Secretaria de Negros e Negras do SINTUSP, denunciou o massacre divulgado pelos jornais da sexta-feira no Brasil, de 9 negros em uma Igreja na Carolina do Sul por um racista defensor da ideologia da supremacia branca. Explicou como o aumento dessa ideologia racista se gestou sob o governo de Barack Obama, um negro que tem governado para os interesses dos capitalistas e da burguesia branca. Do mesmo modo tratou dos atuais ataques contra a juventude negra e aos trabalhadores. Responsabilizou, em primeiro lugar, o governo Dilma e o PT que ha anos tem governado com a política de manter as tropas brasileiras oprimindo o povo negro haitiano, que triplicou o numero de trabalhadores terceirizados no pais, em sua ampla maioria de mulheres negras, que firmou acordos com os setores mais racistas e reacionários da sociedade para manter a suposta "governabilidade", sendo esses os atuais membros das bancadas da bíblia, da bala e do boi que aprovam a redução da maioridade penal, incentivam a intolerância contra as religiões de matrizes africanas e tomam as terras dos quilombolas.

Os estudantes reunidos na "Ocupação Preta" fizeram uma intervenção conjunta se colocando ao lado dos estudantes e trabalhadores processados pela Reitoria e pela Justiça e entoaram o grito de "Cotas Já!". Por fim, Hertz, militante do Quilombo Urbano do Maranhão e membro do grupo de Rap Gíria Vermelha, fez uma intervenção emocionante em que apresentava os dados do genocídio: que 270.000 negros foram mortos no pais em 10 anos! Denunciou a cooptação de setores do movimento negro pelo governo do PT e concluiu reivindicando a necessidade da unidade entre os negros intelectuais e os jovens e trabalhadores negros da periferia, que são os motores da necessária revolução proletária que e a única que pode por fim a opressão racial.




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