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UNICAMP | Estudantes da Unicamp dão exemplo de combate à burocracia da UJS

Depois de organizar um importante abaixo assinado com centenas de assinaturas, um combate unificado na reunião do Conselho de Representantes de Unidade (CRU) e uma assembleia dos estudantes, se fortalece a articulação de oposição à direção governista da União da Juventude Socialista, UJS (PCdoB), no DCE da UNICAMP.

sexta-feira 25 de setembro de 2015 | 23:39

Oposição se fortalece contra UJS

Na segunda-feira, dia 14, o Centro Acadêmico das Ciências Humanas (CACH) levou a conhecimento da diretoria do DCE um abaixo-assinado com 390 assinaturas de estudantes de diversos cursos da graduação que exigiram a convocação de uma Assembleia Geral dos Estudantes. Após receber os documentos com desdém, a gestão do DCE publicou uma nota em sua página oficial no Facebook na tentativa de justificar sua negligência diante desse documento legítimo e sua decisão arbitraria, mais uma vez, de não convocação da Assembleia, submetendo, ainda, o documento ao CRU.

O CACH denunciou publicamente essa ação burocrática e foi taxado pelo DCE de “desmerecedor da opinião do conjunto dos CAs e do coletivo”, de “irresponsável” e “ameaçador à democracia”, num intento ridículo de se localizar diante dos estudantes, completamente falido pelo seu histórico vasto de burocratismo e o novo episódio escandaloso da semana passada.

O espaço do CRU aconteceu na quarta-feira, dia 16, e foi convocado para debater a organização do Congresso dos Estudantes da Unicamp. Se desenvolvendo bem nessa parte, a despeito da tentativa, frustrada, da diretoria de transformar o debate político desse fórum numa feira de tecnologia e inovação ou mesmo um espaço de defesa do governo Dilma e seus ataques à Educação. Terminada a discussão sobre o Congresso, o representante do DCE, o único da diretoria presente, decidiu terminar a reunião sem que fosse feito o debate acerca da negligência da diretoria ao abaixo assinado, sem considerar a decisão de manutenção das demais entidades e estudantes presentes, saiu dando por terminada a reunião. Nesse momento o CACH propôs reestabelecer a Mesa e todos os CAs e representantes de unidade presentes votaram concluir a discussão do CRU, deliberando por uma notificação de todo o ocorrido e pela convocação de uma Assembleia Geral dos Estudantes para o dia 24.

A assembleia aconteceu nesta quinta, mesmo sem a presença do DCE ou sua convocação, e serviu como importante espaço de politização e debate sobre o escândalo dos supersaláriose sua profunda ligação com uma estrutura de poder que mantém a universidade racista e de elite, negando cotas raciais e expulsando estudantes que querem disputar o conhecimento, como o caso de Teófilo Reis, negligenciando a moradia, cobrando trabalho pelas bolsas e atacando sempre os estudantes que mais precisam, como demonstram os cortes no PROFISe a importante mobilização dos estudantes.

Varrer a burocracia do movimento estudantil e lutar por entidades democráticas ligadas às bases

No país inteiro, em todas as entidades que dirige, a UJS apoia o governo em crise de Dilma e os ataques à educação que está implementando desde sua posse. A UJS evita qualquer discussão sobre os cortes, que na educação já alcançam os 13 bilhões, e sobre suas consequências na vida de milhares de jovens. Ao invés de organizar a luta dos estudantes contra os ataques de Dilma, a UJS, a partir do argumento desesperado e falso de que existe um projeto de “golpe em curso no país” e uma suposta onda conservadora, defende o projeto do PT que está esfarelando, como fez ao convocar o ato de 20 de agosto, onde a hegemonia de bandeiras colocava a defesa do governo e desarmava qualquer saída independente dos jovens e trabalhadores. O que a UJS não explica é o porquê, se existe uma ameaça conservadora, o próprio governo tem em sua base ou aliança para passar os ajustes os setores mais conservadores e reacionários do Congresso, como Bolsonaro, Sarney, Collor, Renan etc., ao contrário, as representantes da UNE abraçam a Kátia Abreu. Essa posição de entrave a qualquer mobilização independente dos estudantes é o que explica sua atuação desde o início do ano, quando os cortes do FIES eram motivo de indignação e revolta dos estudantes e a UJS ativamente abafava esse conflito para barrar a luta dos estudantes enquanto defendia a Reforma Política anti-junho, que agora quer ainda calar toda a esquerda. Na Unicamp, ter passado por cima de 390 estudantes e todas as manobras para a não convocação de uma assembleia geral é somente mais uma ilustração de sua burocratização e atuação de freio.

Apesar da UJS-UNE, os estudantes da Unicamp e de todo o país estão completamente politizados e na expectativa de uma resposta efetiva contra tantos cortes e ataques, como ficou expresso na participação de milhares de jovens na Marcha Nacional do dia 18, que tinha um nítido chamado de independência política frente ao governo do PT e também todos os partidos da ordem e seus comparsas que querem descarregar os custos da crise capitalista na classe trabalhadora, na juventude e setores oprimidos.

A assembleia geral conquistada, bem como toda a batalha dada até aqui, são exemplos que já conformam uma forte articulação de CAs, Coletivos e Frentes antiburocráticos e antigovernistas que devem aprofundar ainda mais o combate à paralisia que quer impor o governismo aos estudantes. Mas é urgente expandir o primeiro passo dado no dia 18, levar seu e aprofundar seu exemplo para a universidade, pois é fundamental que os estudantes retomem seus instrumentos de organização e luta, arracando as entidades do governismo. Para aprofundar a disputa da politização dos estudantes nesse momento de pouco ativismo, as entidades estudantis tem a tarefa de avançar na construção de um movimento estudantil antiburocrático, contra a reitoria do elitismo e privilégios e contra o governo, derrotando assim os braços, como a UNE. Isso é fundamental e o espaço do Congresso dos Estudantes e das eleições devem servir para que toda a esquerda se concentre em como varrer o governo das universidades.

Para avançar e massificar a luta dos estudantes é necessário ampliar e aprofundar os exemplos dados e que as entidades, coletivos e organizações antigovernistas que se colocam em oposição ao elitismo, ao projeto governista e pró reitoria da UJS construam um forte movimento que supere o rotineirismo que não se enfrenta com o regime universitário, para construir fortes gestões combativas, democráticas e ligada às bases dos estudantes, capazes de gerar uma força real e que seja esta força que se expresse nos atos e dias nacionais de lutas contra o governo. Entidades como a ANEL devem buscar transformar organicamente a politização e indignação em força material para derrotar os ataques e construir uma terceira via política, independente , junto aos trabalhadores, para que os estudantes sejam sujeitos da luta de cada questão específica ligando à disputa de outro projeto de universidade e atuação política na sociedade.

Desde o levante de Junho está colocado o desafio de superar os limites do sindicalismo estéril no movimento estudantil para responder um questionamento social mais profundo. As capas de jornais que no mundo inteiro denunciaram a crise imigratória e o descaso com a vida na Europa, assim como no Brasil o próprio massacre aos povos indígenas como os Guarani-Kaiowá e Tupinambás, dão mostras de que o capitalismo é incapaz de responder às grandes expectativas da humanidade de plenitude e, ao contrário, só pode oferecer barbárie e miséria. Transformar uma subjetividade nova presente nos estudantes, onde a aliança com os setores mais precários faz avançar o questionamento da estrutura elitista, os privilégios e o caráter de classe da universidade, é um desafio que abre espaço para partir do questionamento do caráter de classe da universidade para questionar o funcionamento de toda a sociedade e a insistir em sua transformação radical.




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