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LUTA PELA EDUCAÇÃO | Estudantes da EE Fernão Dias Paes desocupam escola

Aos gritos de “Não tem arrego!”, os estudantes desocuparam a segunda escola a ser ocupada em São Paulo e avisaram: a luta continua e agora é hora de barrar o aumento das tarifas.

Flávia ToledoSão Paulo

quarta-feira 6 de janeiro de 2016 | 00:36

Na noite de 4 de janeiro, 55 dias após ocuparem sua escola, os estudantes da E.E. Fernão Dias Paes, escola que se tornou centro da mobilização dos secundaristas de São Paulo, entregaram o prédio e desocuparam a escola.

A saída, no entanto, não foi um abandono da luta. Em manifesto lido para toda a imprensa que acompanhava a desocupação, os estudantes afirmaram que a luta continua e que quem barrou a reorganização pode barrar o aumento das tarifas de transportes. Manifestaram também apoio à luta dos estudantes de Goiás e chamaram todos os estudantes a se manterem mobilizados durante 2016, pois “vencemos apenas uma batalha, mas ainda não vencemos a guerra”.

TRABALHADOR, PRESTA ATENÇÃO, NA FÁBRICA TAMBÉM DÁ PRA FAZER OCUPAÇÃO

Entre as muitas palavras de ordem que os estudantes cantaram, que tomaram a cidade de São Paulo por vários dias, uma chamou a atenção ao final da desocupação. Utilizada muitas vezes para dialogar com a população durante os atos e pedir apoio, a palavra de ordem “Trabalhador, presta atenção, a nossa luta é pela educação” foi transformada em um chamado aos trabalhadores, afirmando que “na fábrica também dá pra fazer ocupação”.

A compreensão de que é preciso unificar a luta entre juventude e trabalhadores estava muito presente entre os estudantes, que afirmaram que agora é preciso expandir a luta, a começar pelos atos contra o aumento das tarifas. E ao chamarem os trabalhadores a ocuparem suas fábricas, os secundaristas demonstram total clareza de que essa é uma luta de classes, e que os ataques à educação são um reflexo da crise que os governos e patrões querem jogar nas nossas costas, jovens e trabalhadores.

FUNCIONÁRIO DA GLOBO É ESCRACHADO POR MACHISMO

Quando a perícia chegou ao prédio, no momento em que acontecia a vistoria por parte da delegacia de ensino, um assistente de câmera da Rede Globo perguntou a um dos rapazes que ocuparam a escola se eles “não pegavam as menininhas gostosinhas da ocupação”. Imediatamente, os meninos que ouviram o comentário machista repreenderam o assistente e cobraram explicações, fazendo com que ele ficasse bastante exaltado.

Depois de iniciada a discussão, uma das estudantes que ocuparam o Fernão foi taxativa: “Sabe uma coisa que aprendemos nessa ocupação? Que nenhuma menina vai sofrer assédio na escola! Nunca mais!”

Apesar das tentativas de conciliação de algumas pessoas da imprensa, que tentavam dialogar com os meninos para que eles parassem de questionar o assistente machista da Globo, ele foi expulso do local aos gritos de “machistas não passarão”.

A escola foi entregue por volta das 21h da noite do dia 4 e já retorna às aulas no dia 5. Segundo o representante da delegacia de ensino, a escola foi entregue em perfeitas condições, garantindo o funcionamento do prédio, com apenas alguns detalhes a serem resolvidos. Os poucos objetos danificados serão repostos pelos estudantes, como consta no termo de entrega do prédio. Também foi entregue uma carta de reivindicações dos estudantes.




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