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CORONAVÍRUS | Espanha: recuperemos as ruas e que os capitalistas paguem pela crise!

Diferentes iniciativas da esquerda política e sindical, juntamente com as plataformas sociais, estão atualmente exigindo o direito de manifestação seguindo todas as medidas de segurança. Desde a Corrente Revolucionária das Trabalhadoras e Trabalhadores (Grupo Irmão do MRT), estamos comprometidos em derrubar a suspensão deste direito fundamental para a classe trabalhadora, enquanto o governo vem sendo permissivo com as manifestações da direita.

segunda-feira 25 de maio de 2020 | Edição do dia

Desde que a crise do COVID-19 começou e a implementação do Estado de Alarme, o governo "progressista" do PSOE e do Unidas Podemos usou o exército e as diferentes forças policiais para reprimir e conter a população em suas casas.

Essas forças repressivas foram completamente livres para reprimir e multar nas ruas, especialmente em bairros onde o confinamento é dificultado pelas condições superlotadas e precárias em que as famílias são forçadas a viver. Quase um milhão de multas já estão acumuladas e concentradas nos bairros populares, protegidas pela lei da mordaça que o governo progressista nunca revogou.

O uso dessas medidas autoritárias usadas hoje pelo PSOE, Podemos e Izquierda Unida, também serviu para reprimir e acabar com qualquer tipo de protesto dos trabalhadores, incluindo aqueles em que os trabalhadores exigiam medidas para evitar o contágio.

No entanto, e sem surpreender ninguém, esse ataque ao direito fundamental de manifestação e reunião foi inflexível para alguns, mas não para outros. Um exemplo disso foram as concentrações no bairro de Salamanca que desfrutaram de toda a flexibilidade e permissividade da polícia ou a aprovação pela delegação governamental das mobilizações promovidas pela VOX para 23 de maio, enquanto proibiam protestos da esquerda.

O discurso do governo para proteger essa medida autoritária passa por argumentos sanitários, evitando multidões para evitar os contágios em massa. Uma mensagem completamente contraditória com as medidas adotadas nos últimos dois meses, principalmente com a manutenção de trabalhos não essenciais, sem garantir as condições de segurança e propiciando multidões no transporte público; ou como o último anúncio sobre a aceitação do período de descontos em lojas físicas após solicitação de grandes empresas do setor.

Medidas que mostram que os argumentos sanitários do governo desaparecem quando se trata de salvaguardar os interesses dos grandes capitalistas à custa de nossa saúde e de nossas vidas.

Para acabar com essas medidas que restringem os direitos fundamentais devemos impulsionar, desde as organizações de trabalhadores e da esquerda, as mobilizações necessárias para lutar por nossas demandas, nos opor à política de resgate contra os capitalistas e lutar por medidas que os façam pagar pela crise para assim resolver os problemas de desemprego e pobreza que aumentam dia a dia. Para isso, não devemos esperar que a administração pública, seja qual for, legisle para criar um marco legal que permita as manifestações em tempos de COVID-19, é hora de sair às ruas tomando todas as medidas necessárias para evitar o risco de contágio.

Os mesmos governos que hoje buscam antecipar a criação de um marco legislativo - como a Generalitat de Catalunya - buscam apenas impor novas regras em seu benefício, limitando as mobilizações em uma nova estrutura legal que deseja limitar o direito de manifestação e atos simbólicos com capacidade limitada. Assim não terão problemas em suprimir protestos e manifestações, quer lutando contra cortes e ajustes ou defendendo o direito democrático do povo catalão de votar, como aconteceu na Catalunha em outubro passado.

Desde a CRT, aderimos a todas as chamadas de mobilização que propõem romper com esse "novo normal". Como foi o caso da concentração na frente do Congresso durante a prorrogação do estado de alarme neste 20 de maio, ou a iniciativa “Recuperem els carrer” (Recuperemos as ruas) que começou a impulsionar concentrações nas diferentes praças e ruas de bairros populares da Catalunha. Protestos que não apenas denunciam a redução das liberdades sob o Estado de Alarme, mas também as medidas governamentais que afirmam que essa crise, como aconteceu em 2008, é paga pela classe trabalhadora e pelos setores mais pobres.

Por outro lado, neste sábado, dia 23, em Barcelona, ​​haverá uma concentração na Praça de Sant Jaume, convocada pela Plataforma 3 de Octubre, da qual participamos, sob o lema "Desconfinem drets i llibertats" (Desconfinem os direitos e liberdades). Os três eixos de concentração estão defendendo o direito de protestar, denunciando a recente centralização do Estado e contra a repressão que as forças de segurança estão realizando durante esta crise. A partir da CRT, consideramos que essas denúncias dos cortes de direitos e liberdades não podem estar desvinculadas com os atuais processos de luta, como a greve da Nissan e a defesa de um programa anticapitalista. Por isso, propusemos que a greve da Nissan e a solidariedade por ela estivessem presentes, estando desde a apresentação do ato.

Também em Zaragoza, neste sábado, 23 de maio, a Coordenação Antifascista convoca ao meio-dia no Paraninfo com as palavras de ordem "Vamos parar o discurso fascista, por uma saúde pública, por uma educação pública, por moradias decentes, pelas liberdades e que os ricos paguem pela crise". Palavras de ordem que estão corretas, porém insuficientes, uma vez que devem incluir, no mínimo, palavras de ordem como as que a CRT está levantando críticas ao governo por suas ações em Madri que proíbe as mobilizações da esquerda.

Em Madri, as diferentes organizações que participaram da conferência de imprensa em frente ao Congresso estão propondo e organizando uma manifestação para junho, para a qual as reuniões serão convocadas nos próximos dias. Ao mesmo tempo, em diferentes bairros da cidade, como Vallecas ou Carabanchel, os moradores e grupos antifascistas começaram a se mobilizar.

Que a crise do coronavírus acelerou a crise econômica é uma realidade. Assim como também é uma realidade que o plano do governo "progressista" não é diferente do de 2008: ajustes, resgates e sustentação dos interesses de grandes empresas. Enquanto isso, para a classe trabalhadora, demissões, desemprego, mais precariedade e mais condições de miséria. A única saída em que não pagamos pela crise é impor um plano de emergência para que a crise seja paga pelas grandes fortunas e empresas.

Vamos nos organizar em locais de trabalho, centros de estudo e em conjunto com movimentos sociais, para romper com a suspensão do direito de manifestação. Para que não seja a direita que ocupe as ruas, com a permissividade do governo, é necessária uma esquerda corajosa que vá às ruas para exigir medidas urgentes de desconfinamento em favor da classe trabalhadora.




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