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REFORMA DA PREVIDÊNCIA | Entrevista: "Temer manobra por medo da nossa força, exigimos nova paralisação já!"

O Esquerda Diário entrevistou os militantes do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) Marcello Pablito, trabalhador da USP, Maíra Machado, Professora do ABC e Felipe Guarnieri, operador de trem do Metrô SP, sobre a mudança feita por Temer no projeto de reforma da previdência e o que isso significa para os trabalhadores.

quarta-feira 22 de março de 2017 | Edição do dia

Esquerda Diário: Por que vocês avaliam que Temer apresentou essa mudança na proposta da reforma da previdência?

Pablito: O discurso oficial de Temer é de que a retirada de servidores estaduais e municipais da reforma da previdência atende a "apelo por autonomia". A verdade é que se trata de uma manobra para dividir a resistência dos trabalhadores, cuja demonstração inicial de forças no 15M mostrou ao governo a necessidade de "dividir para conquistar". Não podemos permitir: contra toda a reforma, precisamos de um plano de lutas à altura.

Maíra: O 15M foi uma contundente demonstração de forças: insuficiente ainda para barrar a reforma da previdência, mas suficiente para que Temer procurasse uma nova tática. Vendo o imenso potencial de luta de nossa classe, que apenas começou a "exercitar seus músculos" para a resistência, o golpista percebeu que seria necessário enfraquecer a resistência. Temer manobra por medo da nossa força, exigimos nova paralisação já.

Guarnieri: A retirada dos servidores municipais e estaduais foi justificada por um suposto "forte apelo à autonomia" por parte dos estados. Nada mais falso. Os ataques que Temer, Senado, Câmara e STF vêm implementando em nível federal já estão ocorrendo com igual força em nível estadual e municipal, em particular nos locais onde a crise golpeia com mais força. Basta ver o que ocorre no Rio de Janeiro ou Rio Grande do Sul, com ataques aos servidores como o parcelamento dos salários. Os únicos setores que foram de fato preservados pela reforma foram os militares, policiais e bombeiros.

ED: Então Temer pretende atacar nos estados por outras vias?

Guarnieri: O caso do Rio demonstra como o discurso de "autonomia" de Temer é uma completa falácia, pois aos ataques que o governo de Pezão (PMDB) já vinha tentando aprovar, o governo de Temer exigiu que se acrescentassem novas medidas - como a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgotos (CEDAE) - como contrapartida para a suposta "ajuda" do governo federal. Assim, Temer deixa claro que seu projeto é de atuar decididamente para que os ataques sejam implementados em todas as esferas.

Maíra: A medida procura confundir os trabalhadores para atacar: todos os que estão sob regime da CLT - a imensa maioria dos trabalhadores formais no país - estão sujeito à esfera federal, e, portanto, serão afetados pela reforma diretamente. Quanto ao restante, o plano de Temer é fazer com que governos estaduais e municipais implementem o ataque, baseando-se em chantagens como as que faz com o Rio.

ED: A reforma da previdência é, nesse momento, a pauta central da luta dos trabalhadores? O que opinam sobre os demais ataques do governo?

Pablito: Nossa luta deve ser contra toda e qualquer medida de reforma da previdência em nível federal, estadual ou municipal. Mas é fundamental organizarmos uma resistência que lute não apenas contra essa reforma da previdência, mas contra os ataques em curso contra os setores mais explorados e precarizados da classe trabalhadora, os terceirizados, que estão sob ataque direto do legislativo com o projeto de lei 4320 para ampliar a terceirização, que é um ataque imenso aos direitos dos trabalhadores e é um crime das centrais sindicais que não estejam colocando em pé uma verdadeira guerra contra a aprovação desse projeto de lei.

ED: Vocês consideram que a paralisação convocada no 15M foi insuficiente? Como devemos seguir a luta?

Maíra: Se até o momento não conseguimos dar um basta nos ataques do governo, que já vem aprovando medidas duras como foi com a PEC 55, é porque as centrais sindicais como CUT e CTB não estão dispostas a colocar nenhuma luta séria de pé. A manobra de Temer é uma provocação aos trabalhadores e nossas entidades, e precisamos responder à altura.

Guarnieri: Não podemos deixar nossa luta nas mãos desses dirigentes sindicais privilegiados que estão apenas preocupados com seus interesses privados, e não com os direitos dos trabalhadores. Precisamos exigir que as centrais organizem a resistência, mas fazer isso a partir de organizar assembleias nos nossos locais de trabalho, discutindo quais medidas precisamos tomar para colocar de pé um plano de lutas sério e à altura dos ataques, impedindo que a manobra de Temer freie nossa resistência. As greves que estão em curso hoje, como de professores estaduais na Bahia e MG, e professores municipais em SP, podem servir como um forte ponto de apoio, convocando as demais categorias a sair em luta e se unificar nesse combate.

Pablito: Exigimos que as centrais convoquem imediatamente um novo dia de paralisação nacional contra a reforma, paralisando o país e mostrando a Temer que sua manobra não irá minar nossa luta. Vamos barrar a reforma da previdência!




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