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Crise sanitária | Entre atos bolsonaristas e o "lockdown" de Ibaneis: só os trabalhadores podem dar uma saída

Um dos atos dos racistas bolsonaristas ocorreu no Lago Sul, em frente à mansão mais cara do DF, a casa do milionário governador Ibaneis Rocha - que nunca proveu testes massivos nem um plano racional de vacinação. É uma representação clara de que, na verdade, se trata de uma disputa entre duas alas do regime golpista, nenhuma delas interessada pela vida da classe trabalhadora e dos oprimidos.

quarta-feira 3 de março de 2021 | Edição do dia

No último domingo (28/02) e na segunda (01/03), empresários bolsonaristas fizeram atos contra o decreto de “lockdown” do golpista Ibaneis (MDB). Movidos pelo negacionismo terraplanista, os fascistóides se manifestaram, no domingo.

O primeiro ocorreu no Lago Sul, em frente à casa de Ibaneis, a mansão mais cara do DF. Isso é uma representação clara de que, na verdade, se trata de uma disputa entre duas alas do regime golpista: de um lado bolsonaristas e empresários fascistóides racistas que querem que seus empregados continuem trabalhando mesmo que seja as custas de vidas; do outro Ibaneis, um milionário, político do MDB golpista que diz se apoiar na ciência, mas nunca providenciou testes massivos, um plano de vacinação imediato e massivo, isolamento dos contaminados pela covid, ou qualquer garantia de renda básica frente ao desemprego. São ambas faces podres, racistas e misóginas da mesma moeda. E é bom lembrar que o próprio Ibaneis disse em entrevista recente que apoia a candidatura presidencial de Bolsonaro - afinal, eles não são tão diferentes assim.

Os bolsonaristas levavam faixas demagógicas em “defesa do emprego” - sabemos que as consequências da crise econômica recaem principalmente sobre a classe trabalhadora que amarga um desemprego recorde que atinge 13,4 milhões de brasileiros (isso sem contar aqueles que deixaram de procurar empregos), a maior inflação no preço dos alimentos das últimas décadas e o aprofundamento da extrema pobreza. Bolsonaro busca se apoiar nesse fato de maneira hipócrita para mobilizar seus apoiadores a favor da reabertura durante a pandemia.

Mas o que a extrema-direita bolsonarista quer? A abertura do comércio e a garantia de seus lucros, porém sem fornecer testes, licença remunerada, isolamento dos doentes aos trabalhadores, e sem exigir um plano de vacinação para população, uma lógica extremamente anti-operária e racista. Afinal, os patrões têm o direito de ficar em casa e se proteger da pandemia, que atinge seu pior momento, enquanto os trabalhadores continuariam a enfrentar os ônibus lotados para ir ao trabalho. E detalhe: foi Ibaneis quem acabou de aumentar a passagem de ônibus do entorno para o DF em até criminosos R$7,80!

Bolsonaro, que ri dos mortos pela pandemia, despreza as 257 mil vidas perdidas para a Covid, foi um dos maiores responsáveis pela crise sanitária no Amazonas, onde houve alta de 41% em mortes por covid após falta de oxigênio em hospitais. São milhares de negras e negros, indígenas, mulheres, LGBTs, trabalhadores precários e tantos outros mortos pela política genocida de Bolsonaro. Ainda pior, ele se apoia demagogicamente nesta crise econômica para junto dos golpistas de plantão seguir atacando nossos direitos como fez durante o ano passado com as MPs 936 e 927, com o argumento de que “iria gerar mais empregos com a flexibilização”, e que quer retomar também este ano. Além disso, mantém intactas suas investidas de reformas ultra neoliberais - como a PEC Emergencial, a Reforma Administrativa, privatizações e tantos outros ataques que precarizam, demitem e condenam à fome a população trabalhadora.

Por outro lado, Ibaneis é um grande demagogo golpista, aliado de Bolsonaro quando lhe convém, principalmente quando o assunto é atacar a classe trabalhadora, como foi com a privatização da CEB, sempre dando coro à agenda de reformas anti-operárias de Bolsonaro. No DF, nunca houve testes massivos, um plano racional de quarentena para infectados e vacinação massiva para todos, proteção de vulneráveis, e sem falar que não há garantia de emprego e renda para a população trabalhadora, nem liberação com remuneração para os trabalhadores não essenciais. Agora, o governador do DF, para se localizar politicamente no momento em que a saúde no DF e no país entra em colapso, propôs um “lockdown” onde a maioria da classe trabalhadora segue trabalhando, sem nenhum sinal de avanço nessas medidas concretas que citamos acima. Assim como Doria, STF, o centrão e todos os atores do regime golpista que dizem ser “racionais”, Ibaneis é cúmplice de Bolsonaro e do imperialismo, assegurando as patentes das vacinas e os lucros bilionários da indústria farmacêutica, o privatismo e ataques à saúde pública e o descaso com a vida.

Bolsonaro, Ibaneis, mas também todo o regime do golpe institucional - STF, Dória, Congresso e o Centrão - todos tem sangue em suas mãos de milhares e milhares de vidas que poderiam ter sido salvas caso não houvesse uma brutal subserviência ao imperialismo, à irracionalidade capitalista e seus lucros.

Leia mais: Sem vacina e testes, Ibaneis decreta “lockdown” no qual a maioria continua trabalhando

Diante deste cenário de urgência é a classe trabalhadora quem pode e deve decidir os métodos e formas de enfrentar a pandemia da COVID de forma consequente, sem confiar no negacionismo de Bolsonaro ou na demagogia elitista de Ibaneis, pois ambos são faces podres do regime do golpe institucional, alas diferentes da burguesia em disputa para assegurar mais e mais lucros para os patrões. O “lockdown” tem um caráter de classe: tanto saídas policiais como toque de recolher ou um “lockdown total” presumem que a população ficará de quarentena obrigatória com suas condições atuais de vida intactas. A precariedade, pobreza, fome, falta de água e luz e tantos outros problemas estruturais perpetuados tanto por Ibaneis, Bolsonaro e todo o regime golpista, impedem sistematicamente uma quarentena racional e um verdadeiro combate científico da doença. Além disso, a repressão policial apoiada no discurso de "combate à pandemia” já está acontecendo na Bahia e no Rio Grande do Norte, ambas com gestão petista, e no decreto de prisão de 14 artistas de funk no Rio de Janeiro.

Mas então, há alternativa? Sim: é preciso lutar por uma quarentena e isolamento racional organizada pelos trabalhadores e pesquisadores, com o confisco de hotéis e resorts para o isolamento voluntário dos doentes, com a estatização do sistema de saúde sob controle operário para que sejam as enfermeiras, médicos e todas e todos os trabalhadores da saúde que decidam, junto do restante da população, como enfrentar a pandemia e os rumos do país. Além disso, devem ser proibidas as demissões na pandemia e todos desempregados devem ser contemplados com um auxílio emergencial de no mínimo 2 mil reais para manter a sua sobrevivência e a de sua família.

Essas medidas só podem se concretizar com a luta da nossa classe. As fissuras no regime do golpe mostram espaço para as massas lutarem. É urgente que a CUT e a CTB rompam com seu imobilismo e organizem planos de lutas nacionais contra as reformas e pela quebra das patentes das vacinas, sem saídas adaptadas à burguesia “racional”, como Ibaneis. É fundamental que as organizações de esquerda do PSOL, seus parlamentares e figuras públicas, PSTU, PCB, UP e todas as organizações que se reivindicam socialistas se coloquem contra a passividade das centrais sindicais e construam um polo antiburocrático de esquerda que estimule a auto organização dos trabalhadores. Não basta esperar as eleições de 2022 - muitas pessoas morrerão até lá - ou apelar por um impeachment, uma saída institucional que, na prática, implora para o centrão, herança da ditadura militar, de Artur Lira colocar o general Mourão na presidência.

Leia mais: As disputas entre o STF e as Forças Armadas reatualizam a luta contra o regime do golpe institucional

Não basta mudar os jogadores precisamos mudar as regras do jogo, lutemos por uma Assembleia Constituinte livre e soberana, impondo pela luta da classe trabalhadora e de todos os oprimidos a revogação de todas as reformas, o fim do pagamento da dívida pública e assegurando todas as medidas de combate operário à pandemia, como a quebra das patentes das vacinas, reconversão imediata da indústria para produção e distribuição das vacinas, leitos de UTI, respiradores e testes massivos, garantindo emprego e renda para a população com um auxílio emergencial de pelo menos 2 mil reais. Essa é a única saída realista da pandemia, que preza por todas as vidas das e dos trabalhadores e do conjunto da população.




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