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SÃO PAULO | Enquanto mortes por COVID-19 crescem em SP, Doria planeja reabertura junto a empresários

Conforme anunciado pelo governador João Doria ontem (22), a partir do dia 11 de maio, 645 municípios entrarão no regime de quarentena heterogênea. Com essa proposta, ainda que o governador do estado não esteja alinhado ao obscurantismo bolsonarista, mostra também que o lucro está acima da vida da população.

quinta-feira 23 de abril de 2020 | Edição do dia

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil.

Doria divulgou também parâmetros que seguirá para isso, entretanto, não deixou claro as metas de cada um deles, sendo que o estado está se aproximando do pico de mortes e não possui testes e leitos suficientes para toda população.

A partir do dia 11 de maio, São Paulo passará pelo processo de reabertura econômica, de acordo com a declaração dada pelo governador João Doria, do PSDB.

Mas a própria gestão estadual estima que o número de mortos chegará a 3.200 na primeira semana do mês em que está previsto o processo de reabertura, quase o triplo do número atual, que é de 1.134 mortes.

Ao mesmo tempo, afirmam que existem indícios da possibilidade de achatamento da curva de infectados por COVID-19 e que serão tomadas as devidas medidas para conter a pandemia.

No entanto, conforme as próprias informações mostram, não há testes suficientes para toda a população do estado, assim como os leitos estão quase atingindo a capacidade máxima de atendimento, sem haver qualquer indicação de ampliação relevante destes.

Sendo assim, ainda que o governador afirme que serão disponibilizados 8.000 testes diários, o que ainda não foi feito, esse número, se comparado com o de países imperialistas, como a Alemanha, mostra uma capacidade extremamente baixa, principalmente quando considerada a população de São Paulo.

A quantidade de leitos precisa ser ainda mais ampliada, posto que, atualmente, cerca de 73% dos leitos de UTI, públicos e privados, já estão ocupados..

Esta situação é resultado da política de precarização dos serviço de saúde pública, levada a cabo, sobretudo, desde o golpe institucional de 2016 e pelos governos de extrema direita, mas também pelos que antecederam estes.

Doria foi um desses atores nesse processo de sucateamento da saúde, que hoje não tem capacidade para lidar com a crise atual. Tem como objetivo descarregar sobre as costas dos trabalhadores os efeitos da crise econômica que vivemos desde 2008, e que não apresenta qualquer sinal de melhoria, principalmente nesse cenário de crise sanitária.

Assim, se hoje a população pobre é a mais afetada pelos efeitos da pandemia, isso deve ser lido como efeito desse sistema econômico sobre um país como o Brasil, dependente, com traços semi-coloniais e raiz escravocrata.

Todos os ataques promovidos, tendo como objetivo preservar o lucro dos empresários, foram feito às custas da classe trabalhadora, que sequer pode contar com respiradores diante do atual contexto.

Doria, ainda que não se apoie no obscurantismo bolsonarista, que nega por completo os efeitos da crise, também não pode ser tomado como referência no combate à pandemia, uma vez que nem testes suficientes ele disponibiliza para a população, e que fará a reabertura gradual próximo ao momento do pico de mortes. Com essa decisão, o governador mostra que nossas vidas de nada importam, sua prioridade é o lucro.

Diante de um cenário de crise como o de hoje, é preciso exigir medidas à altura, que pautem muito mais do que somente o isolamento social, ainda mais sabendo que há um recorte de classe nele e que muitos seguem trabalhando nesse momento.

Se não há leitos suficientes e nem testes, é necessária a reestruturação do sistema de saúde, estatizando todo o sistema de saúde sob o controle dos trabalhadores da área.

É também necessária a readequação da produção industrial, para que seja produzido aquilo que for necessário para evitar a mortes da população e dos trabalhadores da saúde que, em muitos casos, em função da falta de estrutura, não contam com EPIs e outros equipamentos.

A revogação da PEC de teto de gastos, aprovada no governo Temer, também é algo urgente, posto que ela retirou investimentos de áreas como a saúde e a educação, que precisam de uma capacidade maior para combater essa crise.




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