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Mesmo fechando as vagas nas creches, consideradas penduricalhos para universidade, sendo conivente com os estudantes estupradores e tentando punir as mulheres que lutam contra a violência no campus da USP, o reitor Marco Antônio Zago foi premiado pela ONU Mulheres como um dos “campeões” na defesa das mulheres nas universidades.

Odete AssisMestranda em Literatura Brasileira na UFMG

sexta-feira 18 de dezembro de 2015 | 00:00

Parece nota do sensacionalista, mas a verdade é que o reitor Marco Antônio Zago foi premiado pela ONU Mulheres como um dos “campeões” na defesa das mulheres nas universidades. Tamanha ironia é revoltante para as diversas de mulheres que passaram o ano de 2015 lutando pelo direto as creches, enquanto ouvíamos do reitor que esses serviços não estavam diretamente ligado as atividades da universidade, obrigando as mães a terem que escolher entre levar os filhos pras aulas ou abandonar a graduação. Para aquelas mulheres que sacudiram a universidade promovendo um forte movimento contra os estupros, a violência e a presença da polícia no campus. Para as vítimas dos estupros, a quem o digníssimo reitor teve a coragem de pedir que tivessem “hombridade” após não aguentarem caladas a dor de terem sido estupradas e corajosamente denunciaram os inúmeros casos de violência e o machismo estrutural da universidade.

Para a ONU Mulheres, que possui parcerias com inúmeras empresas que exploram e oprimem milhares de mulheres todos os dias no Brasil e no mundo, e que faz essas parcerias justamente para tentar melhorar a imagem dos patrões diante das mulheres, tentando se utilizar da nossa luta para promover um verdadeiro feminismo empresarial, aumentando cada vez mais seus lucros. Para esse programa o reitor Zago é merecedor desse prêmio.

Na USP, o programa He For She foi lançado nesse semestre, sob o nome de USP Mulheres, sem nenhuma discussão com o movimento de mulheres atuante dentro da universidade e terá sob sua coordenação Eva Blay, feminista burguesa, braço direito de Fernando Henrique Cardoso em seu governo, que ajudou a fundar o PSDB.

Diante desse cenário é ainda mais absurdo imaginar que um homem como Marco Antônio Zago possa ser premiado como um dos campeões na defesa das mulheres nas universidades. Até mesmo para a lógica do feminismo empresarial da ONU Mulheres é absurdo imaginar que alguém que fecha creches, defende estupradores e tenta punir as mulheres que lutam contra a opressão e a violência seja digno de receber tal prêmio.




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