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ALTA DO ARROZ | Enquanto a fome cresce no Brasil, ações de empresas de arroz sobem

Neste momento em que é publicada pesquisa do IBGE mostrando que mais de 10 milhões de brasileiros passavam fome em 2018, e em que o preço do arroz está altíssimo, as ações de grandes empresas que beneficiam o produto estão em forte alta.

segunda-feira 5 de outubro de 2020 | Edição do dia

Nas últimas semanas tem sido destaque nos noticiários, mas também nas discussões da população, a alta dos preços dos alimentos, em particular do arroz. Em alguns mercados, o saco de 5kg deste alimento básico está chegando a custar cerca de R$ 40, levando as pessoas a terem que comprar menos comida, ou cortar em outras gastos. Segundo o IBGE, o preço do arroz já aumentou cerca de 19,3% em 2020, e as razões para isso foram discutidas aqui.

Para o agronegócio, no entanto, os negócios estão indo muito bem. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, o preço da saca de 50kg de arroz se valorizou em cerca de 220%, quando medido em reais, e de 164%, quando medido em dólares, no período entre 30 de dezembro de 2019 e 21 de setembro de 2020. A saca que custava R$ 48,04 no fim do ano passado, chegou a R$ 105,67 no fim do mes passado. Dessa maneira se garante o lucro dos produtores de arroz.

Para as grandes indústrias que beneficiam o produto, o momento também é bom. A Camil, maior beneficiadora de arroz e feijão do Brasil, viu o preço de suas ações subir 49,66% em 2020. No primeiro trimestre de 2020, ela teve R$ 109 milhões de lucro líquido. Quando somado à variação cambial de seus investimentos no exterior, a empresa teve um resultado líquido de cerca de R$ 336,7 milhões, um aumento de 444% em relação ao primeiro trimestre de 2019.

As ações da Josapar, dona da marca Tio João, se valorizaram em 23,53% em 2020. No primeiro trimestre, a empresa apurou um lucro líquido de de R$ 6 milhões, aumento de 249% em relação ao primeiro trimestre de 2019. Além disso, as exportações representaram 11,6% da receita, contra 10,2% no ano passado.

Enquanto o já insuficiente auxílio de R$ 600 foi cortado pela metade, e os trabalhadores se encontram esmagados entre o desemprego e a fome por um lado, e a pandemia pelo outro, os barões do agronegócio, sejam os grandes plantadores ou os donos das indústrias agrícolas, acumulam lucros milionários, se aproveitando da variação cambial, aumentando os preços internos ou exportando, de acordo com o que for mais vantajoso.




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