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CAMPINAS | Enquanto Jonas se esconde atrás de propaganda, obras do BRT ameaçam desapropriar famílias

Mesmo com o projeto base finalizado desde 2015 a notificação aos moradores foi feita há menos de dois meses.

quarta-feira 16 de janeiro de 2019 | Edição do dia

Ao menos 11 famílias moradoras do Novo Jardim Londres foram notificadas pela prefeitura de que suas casas serão desapropriadas devido às obras para implementação do BRT. A medida ameaça famílias com idosos, muitas das quais estão no local há mais de 30 anos, enquanto às empresas que também se encontram nas margens foi flexibilizada sua permanência. O BRT é parte das obras do PAC e atualmente a principal propaganda do governo Jonas Donizette, que tenta abafar as investigações de seu envolvimento na corrupção do Hospital Ouro Verde e na merenda escolar.

São aproximadamente 50 pessoas que compõem as 11 famílias do Novo Jardim Londres (próximo ao Hospital da PUC) que estão ameaçadas de desapropriação de suas casas em virtude das obras do BRT, sendo que várias são idosas com mais de 70 anos de idade. Após receberem notificação da Secretaria de Transportes da prefeitura em meados de novembro, os moradores buscaram representação legal de um advogado e o pedido central é que seja modificado o projeto, baseado no fato de que isso foi feito em áreas próximas a grandes empresas, preservando os imóveis, evidenciando que a prefeitura tem dois pesos e duas medidas para tratar os empresários e a população.

O BRT (Bus Rapid Transit, ou ônibus de Trânsito Rápido) é um projeto que veio da contemplação pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem sua implementação calculada em cerca de 450 milhões de reais. Um grande investimento que gera desconfiança na população, já que Campinas é conhecida por seu transporte público de baixa qualidade e por sua tarifa ser a mais cara do país.

Na cidade, como na capital e na maioria dos estados, o transporte público é um dos grandes negócios da iniciativa privada e das trocas de favores da administração pública. Quem paga por isso somos nós, os trabalhadores e a população pobre que depende dos ônibus. O número de acidentes, incluindo muitas vítimas fatais, aumentou em especial após a demissão e retirada da função dos cobradores, que relegou aos motoristas uma sobrecarga de trabalho e maiores riscos. Também é comum a longa espera nos pontos ou mesmo a necessidade de fazer diversas integrações, já que não é a própria população usuária que determina o itinerário das linhas. Em suma, uma realidade de precarização do trabalho e da vida de centenas de milhares que contrasta com um custo altíssimo.

Diante dessa realidade as promessas do BRT, de sua tecnologia e maior comodidade à extensa população campineira se fazem muito importantes nas mão de Jonas Donizette (PSB). O prefeito é investigado e tem uma Comissão Processante aberta que pode cassar seu mandato na Câmara Municipal, por envolvimento no revoltante desvio de verbas do Hospital Ouro Verde, além de outras dois processos abertos, relativos à Máfia da Merenda encabeçada pelos tucanos e também à caixa dois recebido pela concessionária de rodovias paulistas CCR. Uma modernização do principal meio de locomoção dos trabalhadores e pobres é uma via pela qual Jonas busca manter sua popularidade em meio aos ares pesados que no final do ano passado levou à prisão preventiva do dono da RAC, grande monopólio de comunicação de Campinas e região. E a propaganda do BRT também encobre as medidas de Jonas e do PSB, que se aliam ao PSDB e PSL, com as medidas de Dória e Bolsonaro, contra os trabalhadores. O prefeito que atrasa salários de servidores e aposentados agora tenta negociar com o reacionário Paulo Guedes para que o direito a aposentadoria seja liquidado também nos municípios.

Para responder de fato as nossas necessidades, com estrutura adequada, de baixo custo aos usuários, que garanta a gratuidade aos desempregados e jovens, bem como valorizar quem garante o seu funcionamento é preciso que o transporte seja realmente público. Seu fim não deve ser o lucro e os abusos dos grandes empresários. Por isso é preciso lutar, com mobilização nas ruas e nos locais de trabalho e estudo por um transporte 100% estatal, controlado pelos trabalhadores e usuários. É preciso tomar as ruas, a juventude de São Paulo que saiu contra o aumento da passagem mostra o caminho.




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