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CARNAVAL 2019 | Em resposta às vaias e rechaço da população, Bolsonaro esbraveja contra o Carnaval

Nos blocos de rua e nos desfiles oficiais, o Carnaval de 2019 serviu para soltar o grito contra Bolsonaro que estava entalado na garganta de milhões. A resposta de Bolsonaro foi um tweet em que mostra uma cena esdrúxula como quem diz que o carnaval se resume a isso.

quinta-feira 7 de março de 2019 | Edição do dia

Causou polêmica nas redes sociais o vídeo postado no Twitter oficial de Bolsonaro, de uma cena com conteúdo sexual que se passou no Carnaval de São Paulo. Beira ao ridículo que um presidente, ao invés de dar uma resposta política às criticas políticas que surgiram das ruas durante a maior festa popular do país, saia postando casos pontuais como se representassem todos os foliões que vaiaram e xingaram o presidente nos quatro cantos do país. Além disso, que interesse poderia ter o presidente em uma cena de conteúdo sexual durante o Carnaval? É um episódio único na história que um instrumento oficial de comunicação de um presidente tenha virado palco de um debate sobre o chamado “Golden shower”.

O tema polarizou opiniões e prontamente as redes sociais petistas lançaram a hashtag “impeachmentBolsonaro”, cujo vídeo postado está no centro do debate.

Não é a reforma da previdência, o ataque aos sindicatos ou o ataque às terras indígenas lançado durante o carnaval que são o fundamento da campanha petista... mas sim a falta de decoro do presidente ao publicar um vídeo quase pornográfico nas redes sociais. O debate se desloca todo à direita, com situação e oposição tentando dialogar com os sentimentos mais conservadores da base social que apoia Bolsonaro.

O debate, posto dessa forma, ao fortalecer o conservadorismo, só favorece ao próprio Bolsonaro. Seu grande crime seria ter divulgado pornografia no Twitter oficial do presidente – uma suposta quebra de decoro. Muito mais indecoroso, no entanto, é querer nos fazer trabalhar até morrer. O conservadorismo de Bolsonaro e seus ataques às mulheres, aos negros, aos LGBTs e à esquerda têm também a intenção de fortalecer ideologicamente a direita e assim facilitar a aprovação dos grandes ataques econômicos, como a reforma da previdência (ainda que setores ligados ao ministro Paulo Guedes considerem esses temas como "distração" em relação ao ataque fundamental).

Ao invés de estabelecer uma relação entre a pauta econômica do governo e sua pauta de costumes, a oposição petista centra todo o debate na pauta de costumes – dessa vez ainda mais com um viés conservador. Essa separação entre as pautas econômicas é o que mais interessa ao Bolsonaro, pois assim pode deixar em segundo plano a debate da reforma da previdência que pode rachar sua base conservadora.

Isso, no entanto, não acontece por acaso ou como um mero erro. O PT governou favorecendo os interesses do mercado financeiro – Lula inclusive aplicou sua própria reforma da previdência. Governou com a direita como base de sustentação no congresso e fortaleceu com a sua política o agronegócio, as igrejas evangélicas e o próprio sistema financeiro, que se tornaram, quando não interessava mais apoiar o PT, agentes do golpe e apoiadores de Bolsonaro. Agora não é de se espantar que o PT não organize a base dos seus sindicatos para luta contra a reforma da previdência e que todo seu debate nas redes sociais tenha agora se centrado na critica conservadora ao que publicou Bolsonaro. Ao invés de lutar contra a reforma da previdência e ligar a pauta de costumes com a pauta econômica para derrotar ambos os ataques, o PT entra sua oposição na pauta de costumes.

Como bem disse Joice Hasselman, líder do governo no Congresso: “na pauta de costumes a gente se mata, mas na previdência temos que ter união”. Mesmo não sendo a união que pede Hasselmann, o centro da oposição petista na pauta de costumes durante esse carnaval, cai como uma luva para esse script traçado por Hasselmann.




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