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CRISE ECONÔMICA | Em nota, Banco Central prevê queda no crescimento e aumento nos preços

quinta-feira 25 de junho de 2015 | 00:59

Em nota divulgada hoje o Banco Central fez previsão de retração da economia brasileira de 1,1%; a 3 meses a previsão de retração feita pela mesma instituição era de 0,5%, o que mostra um cenário cada vez mais turbulento para a economia nacional; a pesquisa Focus que projeta as expectativas do "mercado" (na verdade os grandes capitalistas) vê a possibilidade de uma queda ainda mais acentuada, de 1,45%.

A instituição também divulgou nova projeção sobre o teto da inflação, que passa de 7,9% para 9,0%, o maior valor desde 2003 e bem acima do teto da meta, de 6,5%.

Em 2016 o BC diz prever uma inflação menor (como forma de acalmar os "mercados") de 4,8%, conseguindo atingir o centro da meta, 4,5%, em 2017.

As estimativas para esse ano partem de fatores variáveis, como a taxa atual de juros, em 13,7%, e uma cotação do dolar em R$ 3,10 (ou seja, 1 dólar compra 3,10 reais), passíveis portanto de alteração com o desenvolvimento da conjuntura econômica, que tende a se tornar mais precária.

Esse sinal expresso pelo BC é significativo e reflete de forma distorcida a aceleração da desagregação das condições economicas do país, pois por fruto de sua própria posição como instituição que garante a estabilidade economica para os investimentos dos capitalistas e os lucros dos bancos o BC tem que ser mais otimista, dar sinais tranquilizadores ao "mercado".

Como resposta ao aumento da taxa de inflação o BC tem sinalizado que continuará aumentando os juros até que o IPCA (índice que mede a taxa de inflação) volte ao centro da meta de 4,5%, como é projetado pela instituição para 2016.

O aumento nos juros, no entanto, tende a ser um fator ainda mais importante para a retração da economia, pois torna mais difícil tanto o investimento produtivo (torna mais caro para os capitalistas tomar dinheiro emprestado para investir) quanto o consumo, que em grande parte se baseou no crédito acessível no último período.

A chance do estouro da meta em 2015 é de 99% segundo as previsões do BC.

Desemprego e pressão inflacionária

Apesar dos dados recentes que mostram um aumento do desemprego e diminuiçào da renda dos trabalhadores, uma das preocupaçòes centrais do BC é a pressão inflacionária exercida por supostos aumentos salariais que estariam além do aumento da produtividade.

"Moderação salarial é pressuposto fundamental para obtenção de um ambiente macro-ecômico com estabilidade de preços" diz o relatório da instituição, e continua: - "a dinâmica salarial ainda permanece exercendo pressòes inflacionárias de custos".

Num momento de aumento do desemprego, de diminuição da renda dos trabalhadores, em que todas as categorias recebem aumentos abaixo da inflação, nos poucos casos em que recebem algum aumento, essa é uma forma cínica e hipócrita de defender que os ataques aos salários devem ser ainda mais profundos, que as condiçòes de vida dos trabalhadores devem ser ainda mais precárias, para garantir a recomposição do lucro dos capitalistas.

Segundo o BC essa conjuntura é passageira, após os ajustes necessários e a consequente retomada de confiança de empresários e consumidores, entraríamos novamente em uma fase de crescimento.Uma falácia para justificar os cortes nos gastos sociais e nos direitos dos trabalhadores, além da carestia de vida, de modo que quem pague pela crise sejam os trabalhadores e os mais pobres, enquanto os empresários mantem suas riquezas.

Nós trabalhadores devemos aprender a ler nas entrelinhas os discursos das instituiçòes que defendem os interesses dos ricos e dos patrões. O anúncio do BC (que é o Banco dos Bancos) hoje mostrou que a retração da economia esse ano deve ser ainda mais aguda do que prevista e que os capitalistas se preparam para descarregar ataques ainda mais profundos sobre nossos salários e condições de vida.

Apenas organizados e unificados como classe podemos defender nossos direitos como forma de preparar uma futura ofensiva.

Foto: Alexandre Tombini, presidente do Banco Central. Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil




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