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Em meio à pandemia mais um indígena Guajajara assassinado impunemente

Nesta terça-feira (31/03) mais um indígena Guajajara foi assassinado a tiros no Maranhão. Zezico Rodrigues Guajajara era um dos líderes da Terra Indígena Araribóia, era diretor do Centro de Educação Escolar Indígena Azuru e professor há 23 anos. Seu corpo foi encontrado nas proximidades da aldeia, Zutiwa, na estrada da Matinha, no município de Arame.

quarta-feira 1º de abril de 2020 | Edição do dia

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), que envolve lideranças de todo o país, que notificou publicamente a morte de Zezico. Este é o quinto representante de etnia Guajajara morto desde novembro do ano passado, outros assassinatos já haviam ocorrido no mesmo território onde foi encontrado. Em novembro de 2019, o líder local Paulino Guajajara membro do grupo “Guardiões da Floresta”, formado para proteger o território contra madeireiros ilegais também foi assassinado a tiros, na ocasião outras quatro pessoas ficaram feridas. Com sua morte, Zezico se tornou a principal voz de denúncia dos ataques provocados por madeireiros que invadiam a região.

Sérgio Moro, ministro da Justiça e Segurança Pública, observando a onda de violência, determinou que a Força Nacional atuasse no Maranhão para proteger a população indígena até 8 de março deste ano. Porém, curiosamente, a determinação só possuía abrangência sobre a Terra Indígena Cana Brava Guajajara e não sobre a Araribóia, onde a maioria dos crimes vinham ocorrendo.

Essa escala de violência a lideranças indígenas não é um fato isolado, o Maranhão registra um terço dos assassinatos de índios no Brasil desde 2009. Mas é evidente que a violência se agravou com a efetivação dos ataques que o presidente racista Jair Bolsonaro já anunciava desde sua campanha eleitoral e desde que assumiu vem defendendo a exploração indiscriminada do recursos dessas terras e enfraquece qualquer órgão que busca a proteção desses povos. Como é o caso do projeto de lei assinado dia 05 de fevereiro que busca legalizar uma atividade que já acontece ilegalmente e que tem como resultado um verdadeiro genocídio de lideranças indígenas pelas mãos da mineração e do agronegócio.

Leia também: Bolsonaro assina projeto para entregar terras indígenas ao agronegócio e mineradoras

O desprezo racista pelo povos indígenas por Bolsonaro nunca foi escondido. Seu discurso reacionário de caráter colonizador que legitima o desmatamento e a exploração das suas riquezas naturais é visto pelos especialistas e ambientalistas como fator importante para aumento de queimadas, destruição de reservas naturais protegidas, invasões criminosas e morte de lideranças dessas comunidades.
Os Guajajaras estão sendo vítimas de ataques sucessivos, onde muitos deles acabam em assassinatos, o massacre indígena está em curso. Esses crimes não podem ser vistos como fatos isolados.

Importante lembrar que a violação cotidiana dos direitos dos indígenas é grave por si só, torna-se ainda mais preocupante diante da pandemia global do coronavírus que vivemos. O foco que a mídia tem dado para essa doença não pode ser usado para abafar os múltiplos ataques que essas comunidades vem sofrendo. Aliás, além da tensão que já vivem as comunidades indígenas, diante das constantes ameaças de grileiros, mineradores e agropecuários, ainda encaram a falta de condições para população não ser infectada e saber quem já está. Essa política do descaso é assustadora e não pode ser considerada normal.

Só os trabalhadores em aliança com os setores mais oprimidos da sociedade, como os indígenas, mulheres, negros podem oferecer uma saída real para as barbáries do capitalismo, seja o racismo e o ódio que assassinam nas florestas e nas favelas do país em nome de interesses econômicos de poucos, seja a barbaria da saúde pública escancarada pela pandemia do corona vírus.




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