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DESEMPREGO | Em meio a crise sanitária, pedidos de seguro-desemprego batem recorde e chegam 960 mil

No ano, já são quase 3,3 milhões de pedidos de seguro desemprego segundo dados do Ministério da Economia. É um aumento de 12,4% em relação aos primeiros 5 meses de 2019.

quinta-feira 11 de junho de 2020 | Edição do dia

Segundo dados do Boletim do Seguro-Desemprego, divulgado pelo Ministério da Economia, a quantidade de pedidos do benefício seguiu em ritmo de aceleração em maio. Foram feitos 960.258 pedidos no mês. Em comparação a abril deste ano, é um aumento de 211,7 mil pedidos, ou de 28,3%. Na comparação com maio de 2019, é um aumento de 53%.

No acumulado dos primeiros cinco meses do ano, já são 3,3 milhões de pedidos de seguro-desemprego, cerca de 360 mil, ou 12,4%, a mais do que no mesmo período de 2019. Se olharmos apenas os pedidos feitos após o início das medidas de isolamento social, na segunda quinzena de março, são cerca de 1,9 milhão de pedidos, aumento de 25% em relação aos mesmo período de 2019.

Alguns economistas, no entanto, alertam para um atraso entre a perda do emprego e o pedido do benefício. Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores ouvido pelo jornal Folha de São Paulo, afirma que esse atraso pode ser de um a dois meses. Por isso, os dados devem vir piores nos próximos meses. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) mostram uma perda líquida de cerca de 240 mil empregos em março e de 860 mil em abril. No acumulado de 2020, já são mais de 760 mil postos de trabalho extintos.

É uma demonstração da deterioração das condições econômicas no país, com o avanço do desemprego ao mesmo tempo que se utilizam da crise para impor condições piores de trabalho. Além destes dados, são 10 milhões de trabalhadores que estão com o contrato suspenso, sem receber salários, ou com salário reduzido.

O avanço da precarização

Junto ao avanço do desemprego, vem junto o avanço da precarização do trabalho e da perda de renda de outros trabalhadores.

Um caso são os motoristas de aplicativo. Na Uber, as corridas caíram 80% em abril e 70% em maio, atingindo extremamente a renda dos motoristas, que tiveram que fazer entregas do Uber Eats ou Rappi, encontrar outros aplicativos ou fontes de renda. 160 mil carros alugados por esses motoristas foram devolvidos para as locadoras, o que representa cerca de 80% do total de carros alugados para estes trabalhadores.

Alguns motoristas relatam quedas de faturamento diário de R$ 300 para R$ 80, ou viram suas viagens diminuírem de 35 a 40 por dia para 10. Estes trabalhadores ainda são alguns dos mais suscetíveis a se contaminarem com a Covid-19, ao ficarem em espaços fechados com um grande número de pessoas todos os dias.

Entregadores de aplicativos como iFood, Rappi e Uber Eats viram aumentar o números de seus trabalhadores nesse momento de pandemia. Segundo números da própria iFood, em março foram feitos 175 mil pedidos para entrada na plataforma de novos entregadores, contra 85 mil em fevereiro. Além destes pedidos, 26 mil entregadores cadastrados voltaram a fazer entregas depois de meses sem trabalhar pela plataforma. A Rappi viu um aumento de 300% no cadastros de entregadores em março.

Os entregadores, no entanto, reclamam das condições de trabalho. Em manifestação na última sexta-feira, na Avenida Paulista, em São Paulo, denunciaram as baixas taxas de entrega pagas, casos de racismo sofridos por entregadores, suspensões e expulsões absurdas, como por pegar um frasco a mais do álcool gel oferecido pela empresa, ou até mesmo sem nenhum tipo de explicação.

Os trabalhadores de aplicativos, que incluem desde motoristas e entregadores até cuidadores de cachorros, representavam 3,8 milhões de pessoas no Brasil em fevereiro de 2019, número que tende a crescer com o avanço da crise econômica e do desemprego.
Se fossem apenas uma empresa, seriam o maior empregador do país.

São trabalhadores bastante precarizados, sem sequer possuir um vínculo empregatício ou qualquer tipo de direito trabalhista, que trabalham até 12h por dia para ao final do mês ter uma renda minimamente capaz de sustentá-los. Se tirar uma folga, em um feriado ou final de semana, ou férias, não recebe. Se a moto quebrar, também não.

Isso mostra o potencial deste setor nos processos de luta de classe que virão. O ato dos entregadores na Paulista, na sexta-feira, e a presença de vários deles na manifestação antifascista e anti-racista no Largo da Batata, no domingo, é um sinal bastante positivo no caminho da organização e da luta destes trabalhadores. Como um deles disse “os entregadores vão ser os Black Panthers do Brasil!”.

É preciso apostar na auto-organização destes setores e armá-los com um programa capaz de responder às questões da crise econômica, política e sanitária de hoje. Este programa passa por proibir as demissões e corte de salários, reconverter as fábricas para a produção de produtos urgentes para o combate a Covid-19 e um auxílio emergencial no valor de 2 mil reais, para que seja capaz de sustentar uma família.

Para isso, é preciso lutar pelo Fora Bolsonaro, Mourão e todos os militares, defendendo uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que só poderia ser imposta pela luta unificada dos trabalhadores para poder levar a frente as questões fundamentais do Brasil.




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