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#28A | Em declaração sobre o 28A, Temer afirma que faz "debate amplo e franco" sobre as reformas

O presidente golpista deu uma declaração bastante breve, mas que deixa escancarada sua hipocrisia ao tratar das questões que afetam os trabalhadores. "Garantia ao direito de expressão" e "debate amplo e franco" estão entre as expressões que o cinismo do golpista utilizou.

sexta-feira 28 de abril de 2017 | Edição do dia

O dia inteiro o presidente manteve seu silêncio sepulcral. Utilizou a mídia como porta-voz para tentar minimizar a greve dos trabalhadores que parou o país. Colocou seu Ministro da Justiça, Osmar Serraglio, para dizer que a greve era um "fracasso" nas rádios.

Mas à noite o presidente não pode mais se calar sobre a histórica luta. Veja o que disse o golpista, na íntegra:

"As manifestações políticas convocadas para esta sexta-feira ocorreram livremente em todo país. Houve a mais ampla garantia ao direito de expressão, mesmo nas menores aglomerações. Infelizmente, pequenos grupos bloquearam rodovias e avenidas para impedir o direito de ir e vir do cidadão, que acabou impossibilitado de chegar ao seu local de trabalho ou de transitar livremente. Fatos isolados de violência também foram registrados, como os lamentáveis e graves incidentes ocorridos no Rio de Janeiro.

O governo federal reafirma seu compromisso com a democracia e com as instituições brasileiras. O trabalho em prol da modernização da legislação nacional continuará, com debate amplo e franco, realizado na arena adequada para essa discussão, que é o Congresso Nacional. De forma ordeira e obstinada, o trabalhador brasileiro luta intensamente nos últimos meses para superar a maior recessão econômica que o país já enfrentou em sua história. A esse esforço se somam todas as ações do governo, que acredita na força da unidade de nosso país para vencer a crise que herdamos e trazer o Brasil de volta aos trilhos do desenvolvimento social e do crescimento econômico."

O que Temer chama de "ocorrer livremente" é contar com a polícia e seus aliados políticos nos governos estaduais e municipais para reprimir com imensa violência as manifestações em todo o país. Em São Paulo, Alckmin reprimiu em toda parte. Segundo a Folha de S. Paulo, foram 16 presos. Ao menos seis na zona leste e um na USP. No Rio de Janeiro, a violência policial contra os manifestantes foi escandalosa. E, à noite, ainda enquanto se escreve esse artigo, mais uma repressão em São Paulo contra os manifestantes que protestavam em frente à casa de Temer.

Temer tenta ridiculamente dizer que foram os bloqueios de via que causaram a adesão à greve, procurando transmitir a ideia de que não foram os trabalhadores que aderiram livremente, em luta por seus direitos, à paralisação nacional. Mas a farsa disso se mostra quando vemos que as vias desocupadas com a brutalidade policial sobre as manifestações permaneceram completamente esvaziadas, mostrando que a adesão à greve foi tanto massiva quanto completamente espontânea.

Como pode um presidente que assumiu por meio de um golpe institucional falar em "compromisso com a democracia e as instituições brasileiras"? As instituições que ele respeita são apenas o Congresso nacional repleto de deputado corruptos aos quais está tentando comprar com cargos e emendas parlamentares para que aprovem todos os seus ataques, e é por isso que considera esse apodrecido Congresso como a "arena adequada para essa discussão".

O golpista se recusa até mesmo a debater com os sindicatos, que dirá ouvir a voz dos milhões que por meio do 15M e e muito mais do 28A disseram em alto e bom som que não aceitaremos esses ataques.

Temer diz ter "herdado a crise". Todos nós, trabalhadores, que herdamos essa crise. Herdamos dos capitalistas que, com sua sede infindável por lucros, levam à economia à bancarrota, os trabalhadores ao desemprego e à miséria, sugam o orçamento nacional com a dívida pública. Só os trabalhadores podem dar uma resposta progressiva para essa crise herdada do capital.

O que Temer chama de "modernização da legislação nacional" é seu trator golpista que quer, em poucos meses e sem nenhuma democracia, passar por cima dos direitos sociais dos trabalhadores e do povo pobre conquistados ao longo de décadas com muita luta, suor e sangue. "Modernizar" para os padrões das relações entre capital e trabalho do século XIX, em que os patrões podem livremente, sem o empecilho de "leis arcaicas" explorar os trabalhadores como bem entenderem. E sem direito à aposentadoria.

Mas, com uma coisa concordamos no discurso de Temer. Ele diz que "De forma ordeira e obstinada, o trabalhador brasileiro luta intensamente nos últimos meses". Sim, ele luta. Nós lutamos, e lutaremos cada vez mais contra um presidente hipócrita, autoritário, que está disposto a usar manobras sujas no parlamento, as forças da polícia e da imprensa para tentar nos impor suas reformas que acabam com nossos direitos. Superar essa crise é superar o governo Temer e seus mandantes capitalistas. Para isso, é necessário construir uma greve geral para derrubar Temer e suas reformas, rumo a uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana. Essa sim, será uma "arena adequada" para a discussão sobre os rumos do país. Sem os políticos corruptos e serviçais dos patrões e de Temer.




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