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Em São Paulo, um debate eleitoral para o governo do estado polarizado à direita

terça-feira 9 de agosto de 2022 | Edição do dia

O que vimos no primeiro debate ao governo do estado em São Paulo foi um debate totalmente deslocado a direita, o que ficou ainda mais agravado pela exclusão e censura aos candidatos de esquerda, como Altino Prazeres, trabalhador do metrô e candidato ao governo pelo PSTU, além de outros candidatos como Gabriel Colombo (PCB) e Carol Vigliar (UP).

Uma das definições mais importantes sobre o debate na Band é que esteve marcado pela “presença” de Paulo Maluf, além de Deus, a quem todos fizeram louvor. Para quem não se lembra dessa figura sinistra, foi candidato do PDS nas indiretas de 1985, o governador durante a ditadura, padrinho da Rota e do que de pior existe na PM, o homem conhecido pelo “rouba, mas faz”, do ladrão bom é ladrão morto e do estupra, mas não mata. Um bolsonarista da velha guarda, por assim dizer.

No primeiro bloco o que se viu lembrou bate-boca de bar, com os candidatos jogando o Maluf na cara do outro. Haddad lembrou que Tarcísio fez parte da desastrosa gestão de Celso Pitta, o prefeito ungido por Maluf e símbolo de incompetência e ladroagem, mas também foi lembrado por Rodrigo Garcia, do aperto de mão que selou a aliança com o malufismo em 2012, entre ele, Lula e Paulo Maluf. Nessa toada, não se salvava um, saíram do primeiro bloco todos salpicados de lama.

Parece que as equipes perceberam a situação perigosa e o que se viu a partir do segundo bloco foi um debate mais ameno, centrado em propostas e demagogias. E a grande demagogia foi que, na ausência da esquerda, a direita mais machista e misógina, com imenso cinismo, foi quem tentou levantar a bandeira contra o feminicídio da forma mais reacionária possível, via fortalecimento da polícia militar. O cinismo não parou por aí e todos reivindicavam que tinham mulheres em suas equipes políticas, quase como se esperassem que isso escondesse o que realmente querem para a vida das mulheres. Tarcísio de Freitas foi o primeiro a levantar o tema, mas obviamente sem citar que foi o bolsonarismo, corrente ideológica que faz parte, que recriminou, perseguiu e violentou psicologicamente uma menina de 11 anos estuprada que precisava exercer seu direito ao aborto.

Também na educação todo o debate foi localizado da forma mais conservadora possível, apesar das diversas tentativas de todos os candidatos de mostrar o quanto valorizam os educadores e se preocupam com os estudantes, o que não se confirmava sequer na frase seguinte, já que todas as propostas se resumiam a educação financeira, empreendedorismo e ensino rebaixado para formação dos jovens para empregos precários. Até Michel Temer foi reivindicado na discussão, pelo candidato do Bolsonaro. A reforma do ensino médio, que vem destruindo ainda mais a educação dos jovens saiu intacta do debate, e nem mesmo Fernando Haddad, que se vangloria tanto de ser educador e ter escolhido uma professora como vice – Lúcia França do PSB! – apontou a necessidade da revogação dessa verdadeira contrarreforma.

Da dinâmica do debate o que vimos foi a direita, Tarcísio que escondia Bolsonaro (mas nem tanto), o Garcia que tentava se afastar de Doria, e os demais da direita como o prefeito de Santana de Parnaíba, Elvis Cezar do PDT, o candidato Vinicius Poit do Partido Novo, que demostrou em suas expressões faciais o ódio bolsonaristas enrustido, se apropriando e adulterando pautas da esquerda, como a já citada do feminicídio e das moradias populares. Enquanto Haddad, conhecido por ser o mais tucano dos petistas, batia no peito para reivindicar que foi ele que redigiu a lei das PPPs, uma forma de privatização mascarada aprovada nos tempos do governo Lula.

Fernando Haddad seguindo a aposta petista de polarizar ao máximo as eleições de outubro entre o PT e o bolsonarismo pensou que aproveitaria a disputa entre Garcia e Tarcísio pela ida ao segundo turno e tentou no início uma aliança tácita com o candidato do Republicano contra o PSDB, ou seja, mostrando que o grande lance não é combater o bolsonarismo, mas vencer a eleição e para isso vale até pensar formar de empurrar Tarcísio de Freitas ao segundo turno. Logo a tática naufragou e os candidatos da direita se juntaram na linha antipetismo, com o Novo também indo por essa linha.

Ao fim, Tarcísio ocupou o lugar que lhe cabia, o do candidato das obras - mais uma vez a presença de Maluf se fez sentir nesse general bolsonarista que soube aparecer como moderado. Poit teve certa ascendência, Haddad foi insosso e apagado, talvez cumprindo assim seus objetivos, e Garcia apareceu como um pequeno que corre por fora, quase linha auxiliar do bolsonarismo e do Tarcísio, traços do BolsoDoria ainda presentes.

O debate deixou ainda mais evidente que temos que nos preparar para enfrentar o bolsonarismo e a direita nas ruas, pois pouco se pode esperar de uma gestão Haddad. O debate de São Paulo, que há quase 30 anos é governado pelo PSDB golpista de 2016, com Alckmin a frente que agora estará nos palanques petistas, mostrou que as forças reacionários do estado seguem firmes e Haddad, com Alckmin, os Franças, Marina Silva e outras figuras da direita, com conteúdo totalmente rebaixado e tentando mais uma vez se mostrar tragável para o mercado e a classe média conservadora, não coloca os trabalhadores, mulheres, juventude e todos os setores oprimidos em vantagem para derrotar a força reacionária bolsonaristas e da direita liberal dos ataques.




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