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ELEIÇÕES E LAVA JATO CAMPINAS | Eleições para prefeito em Campinas sob (e?) a lama da Lava-Jato

Flávia SilvaCampinas @FFerreiraFlavia

quinta-feira 4 de agosto de 2016 | Edição do dia

A operação Lava-Jato teve reflexos em Campinas e região, são políticos dentre eles prefeitos, ex-prefeitos e vereadores, além de empreiteiras que atuam em grandes obras, como Viracopos e outras com contratos fraudulentos com a Petrobrás. Dentre os políticos burgueses investigados por envolvimento nos esquemas milionários de propina e caixa 2 para financiamento de campanha, estão o atual prefeito Jonas Donizete (PSB), o ex-prefeito cassado Hélio de Oliveira Santos (PDT) e Pedro Serafim (PRB), além de Márcio Pochmann (atual candidato do PT à prefeitura) e a família Bittar (do fundador e militante histórico do PT em Campinas, Jacó Bittar).

Em delação recente de Delcídio do Amaral, o atual deputado estadual por Campinas, Carlos Sampaio (PSDB), também foi citado por envolvimento nos esquemas de corrupção envolvendo compra de navio-sonda pela Petrobrás. Nenhum dos partidos burgueses escapa da onda de lama chamada corrupção, o que se revela são relações espúrias entre políticos e empresários, banqueiros e burocracia das estatais, mais uma vez, na democracia dos ricos, “quem paga a banda, escolhe a música”.

Jonas, os 300 mil da Odebrecht e o viaduto na Anhanguera

Iniciamos nossa breve investigação sobre o rastro da lama da Lava-Jato em Campinas, pelo atual prefeito e oficialmente candidato à reeleição, Jonas Donizete (PSB). Seu nome apareceu na “planilha da Odebrecht”, o prefeito teria recebido financiamento de R$ 300 mil da empreiteira Odebrecht em sua campanha de 2012. Na época, assim como na atual campanha, Jonas teve apoio do PSDB, o político, para financiar sua campanha recebeu em “doações” mais de R$6,4 milhões.

O fato recente e que deve intrigar a muitos, é que, a mesma Odebrecht, em consórcio com grupo Royal Palm Hotels, está construindo um estratégico complexo hoteleiro e de eventos, lançado em 2014. Este complexo, exige, no entanto, uma grande estrutura logística ligando-o a bairros e rodovias da região, e assim, em deve-se iniciar obras de um novo viaduto sobre a Rodovia Anhanguera, a obra também será feita sob execução da Odebrecht em acordo com a prefeitura de Campinas. O custeio das obras será divido com o grupo hoteleiro.

Empreiteiras das obras de Viracopos na mira da Lava-Jato

Na mira da Lava-Jato, além da Odebrecht e Queirós Galvão, estão duas empreiteiras que atuaram ou atuam nas obras de expansão do aeroporto de Viracopos em Campinas, são elas e UTC e a Constran (que são parte de um mesmo grupo), esta última é a empresa que atualmente está responsável pelas obras, como consta em seu site. A Constran é citada em investigação da polícia Federal derivada da Lava-Jato, e que apura suposto esquema de fraude, cartel e propina na construção de ferrovias em 3 estados do país, são cerca de R$ 630 milhões de reais desviados das obras da ferrovia Norte- Sul. Também, o empresário dono da Constran/UTC, Ricardo Pessoa, é acusado por meio da operação Lava-Jato, de pagar propina de R$ 6 milhões ao governo de Roseana Sarney, no Maranhão.

As obras de expansão do privatizado aeroporto de Viracopos, um dos maiores e mais estratégicos aeroportos do país, e maior aeroporto de cargas, sofreram atraso de obras de 19 meses, num empreendimento da concessionária Aeroportos Brasil, que teve financiamento do BNDES e foi marcado por vários acidentes e uma morte como a ocorrida em 2013, fatos que escancaram as contradições da corrupção, por um lado, desvio de verbas e recursos público, por outro, as marcas do trabalho precário.

Ou seja, Viracopos, não é exceção, sendo mais um exemplo da grande rede de corrupção que envolve as empreiteiras, banqueiros e políticos burgueses: as mesmas empresas envolvidas no cartel com a Petrobrás, integram concessionárias de aeroportos, ferrovias e outras obras de infraestrutura no país em acordo com prefeituras e governos estudais.

Caso Sanasa e Lava-Jato: Campanha de Dr. Hélio, pode ter sido financiada ilegalmente

A relação entre corrupção na cidade de Campinas e grandes empreiteiras como a Odebrecht não começa com o governo Jonas, basta lembrarmos do recente Caso Sanasa, que resultou da cassação em 2011, do ex-prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT).

Por exemplo, a partir de todo o histórico de corrupção que emerge com a Lava-Jato, em setembro de 2007, a Odebrecht iniciou as obras do Sistema de Saneamento Capivari, o contrato foi firmado por meio de Parceira-Público-Privada, e a empreiteira será responsável pela manutenção deste projeto de saneamento por 20 anos. Acontece que esta construtora, não por coincidência, com longa trajetória de envolvimento com políticos burgueses corruptos no país desde a ditadura, foi também empresa financiadora da campanha do ex-prefeito Pedro Serafim (ex-PDT, atualmente, PRB) em 2012, como revelado na planilha da Odebrecht, veja mais aqui. Vale lembrar, que Pedro Serafim, era do mesmo partido de Dr. Hélio (PDT) e aliado do PT e ainda, que o vice do ex-prefeito cassado Dr. Hélio, reeleito em 2008, era Demétrio Villagra, do PT, que também foi afastado da prefeitura de Campinas.

Por sua, vez, o próprio ex-prefeito Dr. Hélio, em suas duas campanhas à prefeitura de Campinas em 2004 e 2008, com apoio do PT, o político teria recebido financiamento ilegal, via caixa 2, proveniente do pecuarista Bumlai e de banqueiros, envolvidos na Lava-Jato. Porém, mesmo cassado e ainda prestando depoimento à Justiça por envolvimento em corrupção, Dr. Hélio oficializou sua campanha à prefeitura de Campinas neste ano...

PT Campinas e Lava-Jato

Como já apontamos a partir do escândalo de corrupção da Sanasa que levou à cassação do ex-prefeito Dr. Hélio, o PT não escapa da lama da corrupção da cidade. O mesmo ocorre com os desdobramentos das investigações da Lava-Jato em Campinas. O caso mais destacado envolve a família Bittar, do ex-prefeito de Campinas e fundador do PT Campinas Jacó Bittar devido a suposta irregularidades no sítio de Atibaia, propriedade que foi doada pelo pecuarista Bumlai para Lula e que estaria no nome de Bittar.

Outra via de possível envolvimento do PT Campinas na Lava-Jato, aparece na delação de ex-diretor da empreiteira UTC, na qual revela que propina financiou candidaturas petistas à prefeitura em 2012, dentre elas, a de Márcio Pochmann, Durval Ângelo (Contagem-MG) e Humberto Costa (Recife-PE). O nome de Márcio Pochmann aparece na “planilha da Odebrecht” referente a doações da empreiteira nas campanhas à prefeito de 2012, porém sem valor de repasse específico; com relação à esta denúncia, PT de Campinas nega as acusações, mas “esquece” que o próprio PT nacionalmente se apropriou dos métodos corruptos de governar típicos dos partidos da burguesia para governar, é fato notório que grandes empreiteiras e bancos foram os maiores financiadores das campanhas petistas, bem como dos atuais partidos golpistas, PMDB e PSDB.

Ou seja, muita coisa ainda precisa ser investigada para desvendar os verdadeiros acordos e negociatas entre políticos e empreiteiras em Campinas, porém esta não pode ser uma tarefa a ser cumprida a partir do “partido Judiciário” pela via Lava-jato, uma operação na qual, se ocultam interesses do imperialismo e do golpismo, que também estão enlameados de corrupção, como o Esquerda Diário vem denunciando.

Por uma voz anticapitalista também em Campinas

Buscamos mostrar um pouco neste artigo investigativo as ligações da Lava-Jato com os políticos e empresários em Campinas, dando continuidade a denúncia do esquema de “máfia da merenda” na cidade. Mais uma vez, o que temos é o exemplo concreto de como a corrupção é parte da forma de governar dos ricos, dos capitalistas, cujos governos, candidaturas, estão sobretudo a serviço de manter negociatas, com desvios de milhões em obras públicas, com governos beneficiando interesses privados “às escondidas”, enquanto escolas estão precarizadas e hospitais superlotados. E isto tudo a despeito de toda a demagogia e dos discursos inflamados em época de eleição num sistema eleitoral que apenas perpetua privilégios de políticos e ganhos de empresários.

Porém, esta realidade que é parte do “modus operandi” do capitalismo, veja mais aqui, deve ser transformada em argumento para o surgimento de campanhas operárias, de trabalhadores e da juventude, cujas candidaturas sejam porta-voz das lutas, dos trabalhadores, das mulheres, negras e negros, LGBTs e do povo pobre. Ou seja, para a construção e a disputa contra os partidos burgueses e corruptos de um mandato que possa ser um ponto de apoio para a luta revolucionária dos trabalhadores e a juventude, uma voz anticapitalista. É com esse espírito que queremos construir e fortalecer a campanha anticapitalista de Danilo Magrão pré-candidato a vereador de Campinas, com atividade de lançamento neste domingo, 7 de agosto.




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