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"ORDEM E PROGRESSO" | Eis a ordem para Michel Temer

Ao assumir a presidência depois do golpe Michel Temer adotou o lema "Ordem e Progresso". Este lema positivista sempre foi um lema da repressão. O último presidente nascido em São Paulo antes do atual golpista foi Washington Luís. É dele a seguinte frase famosa: "a questão social é caso de polícia". Sem chegar ao mesmo nível Temer, em menos de dez dias, já deu mostras de como será intolerante com quem se enfrentar com seu golpe e seus planos de ajuste. Para os de cima a ordem, como revelam os áudios de Jucá, é a impunidade.

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

segunda-feira 23 de maio de 2016 | Edição do dia

Os áudios de Jucá mostram como para os "de cima" a ordem que buscam é de impunidade. Para os de baixo, no entanto, é de repressão.

Seis por meia dúzia, ou o cassetete mais solto contra os lutadores?

Diferente do que muitos da esquerda diziam, que a troca de Dilma por Temer seria "seis por meia dúzia" e que portanto a classe trabalhadora deveria ficar indiferente (PSTU), o que vemos é uma escalada de ataques aos trabalhadores e repressão aos que lutam, sobretudo a juventude e ontem à Frente do Povo Sem Medo. Temer não parte do zero. Parte de onde Dilma deixou o governo e tem levado adiante. Com aval de todo um judiciário golpista saudado repetidas vezes por Luciana Genro (MES/PSOL), a "ordem e progresso" mostram sua cara de borrachada, gás e anúncios de retiradas de direitos.

Ao contrário do que discursou Dilma no dia em que sofreu o afastamento, seu governo reprimiu sim movimentos sociais. Em Jirau frente a greve selvagem dos operários da construção civil enviou a Força de Segurança Nacional. Frente a junho junto a todos governadores tratou a juventude com repressão. Frente aos protestos na Copa do Mundo, idem. Cortou ponto de trabalhadores das universidades federais em greve. E por fim aprovou a lei "Anti-terrorismo". Mas, o governo Temer não se constitui como mera continuidade desta repressão. Quer dar uma mostra a mais de força. Derrotar os protestos e sobretudo a juventude com suas ocupações e greves para abrir caminho a maiores e mais rápidos ajustes.

A juventude no caminho da ordem e do progresso (dos ajustes)

A juventude que ocupa escolas e o tratamento dado ao acampamento em frente a casa de Temer são as primeiras vítimas da nova "ordem e progresso".

Agradando à ala Alckmin do PSDB e a seus próprios arroubos repressores, Temer nomeou o ex-chefe da segurança paulista como seu ministro de Justiça. Alexandre de Moraes, repressor de movimentos sociais, particularmente da juventude que saiu à luta no ano passado contra o fechamento de escolas em São Paulo deixou um presente a Alckmin antes de sair do governo. Conseguiu que a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo emitisse um parecer que autoriza as forças policiais a executar reintegração de posse sem mandato judicial, eximindo-a inclusive de qualquer obrigação de negociação.

A ordem, os cassetetes, bombas de efeito moral, gás lacrimogênio reinando mais alto que o direito ao protesto.

Um dia após a posse de Temer, Moraes e companhia Alckmin tomou para si esta autorização e atacou todas escolas ocupadas em São Paulo. Era sexta-feira 13.
No mesmo dia Moraes declarava que iria perseguir movimentos sociais que fechassem ruas e estadas.

Poucos dias depois Temer falava que o parecer paulista autorizando esse procedimento ilegal seria usado nacionalmente.

Temer, Moraes são os carrascos, juízes, jurado tudo ao mesmo tempo. Na mais medieval tradição da "ordem", estes senhores dizem o que é a lei e a aplicam. E não há juiz, Ordem dos Advogados do Brasil ou qualquer órgãos deste "partido do judiciário" que erga a voz. Com um mero parece de uma procuradoria estadual, sem nenhum julgamento, sem nenhuma ação no golpista STF criaram uma jurisprudência à imagem e semelhança da ordem que querem impor.

Uma semana após a repressão em São Paulo, sem mandato judicial, a polícia de Beltrame a mando do governo PMDB/PP (Pezão/Dornelles) interpretou que a "ordem e progresso" era sufocar de gás lacrimogênio os jovens que ocupavam a Secretária de Educação (SEEDUC). Sem mandato judicial invadiram, bateram, levaram menores de idade a desmaiar de tanto gás que os fizeram inalar. Continuam a ação repressora pela mão policial que já haviam iniciado com bandos proto-fascistas de "Desocupa já" incentivados (será que não pagos diretamente) pela mesma SEEDUC a atacar os ocupantes e escolas, com paus, pedras, e ameaças de morte.

Ontem esta ordem temerária foi aplicada contra o direito de manifestação de setores populares organizados pela Frente do Povo Sem Medo que buscavam acampar em frente à luxuoso residência do presidente golpista. Em menos de quatro horas o Choque foi ordenado para atacá-los.

Eis a ordem dos golpistas.

Com as mãos do judiciário e dos golpistas teremos só impunidade e repressão

MES, PSTU que aplaudiram a gestação desta criança, foram uma sociedades dos amigos do golpe (e de Moro), seguirão em seu silêncio mudo (estiveram ausentes ontem dos atos pelo "Fora Temer" no Rio e São Paulo)?

Uma PF célere em divulgar áudios de Dilma e Lula sentou-se semanas em cima destes áudios que revelam o golpe e sua intenção de impunidade. Por estas mãos nunca teremos um combate à corrupção. Só teremos um combate aos jovens que ocupam escolas.

É necessária uma esquerda que jogue toda sua força para ajudar a juventude a ser vitoriosa. Que faça confluir a luta contra os ajustes com a luta contra o golpista Temer. E com a força de um grande movimento, da juventude, do funcionalismo contra os ajustes seja possível exigir que a CUT, CTB saiam de seu imobilismo funcional a estabilidade do governo dos golpistas, funcional à derrota da juventude e assim preservar o PT como alternativa "calma" para oferecer-se em novas eleições. Temem mais a luta de classes que os golpes que sofremos, de cassetetes e em nossos direitos.
Esta ordem, esta calma, não nos interessa.

Interessa a derrubada do governo golpista e seus ajustes pela força da mobilização (e não de Sérgio Moro, Aécio, FHC, etc) e lutar por uma saída que questione toda esta podre democracia escancarada nos áudios de Jucá com Sergio Machado, com a força da luta impor uma Constituinte contra este regime de corrupção, repressão à juventude, ajustes contra os trabalhadores.




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