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CORONAVÍRUS | Eduardo Leite reabre economia e casos de coronavírus mais que dobram no RS

Desde o início do "Distanciamento Controlado" de Eduardo Leite que permite a reabertura econômica no Estado. o número de casos de COVID-19 saltou de 2576 para 6559, e as mortes chegou a 197.

quarta-feira 27 de maio de 2020 | Edição do dia

Nesta segunda-feira (25), o Estado do Rio Grande do Sul teve o número recorde de mortes por coronavírus: de 17 óbitos em 24h, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES). Ao todo, o número de mortes por coronavírus no Estado chegou a 197. Os dados mostram uma disparada nos casos e mortes decorrentes da Covid-19 desde o primeiro decreto de Eduardo Leite para a flexibilização do comércio.

Agora, há 16 dias do seu segundo decreto (o “Distanciamento Controlado”), que segue flexibilizando a reabertura do comércio e de vários ramos da economia, alegando que a pandemia no Rio Grande do Sul está "mais controlada" do que no resto do Brasil, houve um salto assombroso no número de casos de coronavírus no Rio Grande do Sul: de 2576 para 6559 casos até o dia de hoje, 26 . Há 10 dias o mapa da SES apresenta o registro de 602 casos da doença em Porto Alegre, uma defasagem de cerca de 63% com relação ao número real de casos da capital, que saltou para absurdos 983 pacientes infectados em 10 dias, segundo os dados da Prefeitura de Porto Alegre!

Os surtos em locais como frigoríficos, que são um dos principais focos da doença no Estado, já ocorriam e também aumentaram drasticamente depois que Leite decretou o “Distanciamento Controlado”. A maioria dos focos de surtos da doença são em frigoríficos e a maioria dos frigoríficos no país se concentram no sul. Muitos frigoríficos se mantiveram funcionando a todo vapor durante todo o período do isolamento social desde o início da pandemia, e ainda continuam funcionando normalmente, obrigando seus funcionários a correr o perigo de ser o próximo infectado a entrar para as estatísticas. Até agora, apenas 1 desses frigoríficos - da JBS - foi fechado. Como se não bastasse, Eduardo Leite faz demagogia ao argumentar para que todos os frigoríficos voltem a funcionar em meio a crise, com as devidas "medidas de segurança", alegando que haverá um "grande impacto ambiental" caso não voltem. Isso é um verdadeiro absurdo pois até mesmo para os trabalhadores da saúde muitas vezes o Estado não consegue garantir os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) necessários.

Em Lajeado, que até pouco tempo pela classificação do "distanciamento controlado" era zona de bandeira vermelha (alto risco) e então passou para zona de bandeira laranja (médio risco), teve um salto assombroso no número de casos de contaminação pela doença desde o início do “Distanciamento Controlado": no dia 11 de maio registrava 185 casos, já no dia de hoje registrou 870! Esses dados mostram como o decreto de Eduardo Leite, que visa a reabertura do comércio em meio a pandemia para satisfazer aos interesses do empresariado, é completamente descontrolado e joga a população para a contaminação em massa. Além disso, o caso do sistema de saúde é preocupante pois 70% dos leitos de UTI do Estado já estão ocupados, e não se está investindo em saúde pública para ampliar esses leitos.

Além disso, existe também o problema da subnotificação que acontece devido a carência de testes para a população, e que nos impede de ter uma noção precisa do número real de casos para consequentemente responder à crise sanitária. Essa subnotificação acaba servindo como uma real política de Estado na crise atual, na medida em que subestima os números totais de doentes e infectados, ajudando no discurso de que o comércio pode reabrir sem muitos problemas. Um exemplo disso é o caso da defasagem entre as duas instituições (SES e Prefeitura de Porto Alegre) citado no início da matéria, que mostra a política de Leite que tenta omitir a situação alarmante no Rio Grande do Sul para continuar com a sua política de reabertura.

Agora se aproxima o inverno que, no Rio Grande do Sul, sempre é muito rigoroso com frios avassaladores, ajudando ainda mais a aumentar a transmissão da doença entre a população. Curiosamente, mesmo com esses dados alarmantes sobre a disseminação e os impactos da doença no Estado, com base no modelo de Eduardo Leite para o "Distanciamento Controlado", o Rio Grande do Sul não apresenta nenhuma zona considerada de alto risco para a população! Eduardo Leite tenta se diferenciar de Bolsonaro, mas na prática, segue o desejo de Bolsonaro em paulatinamente abrir a economia de maneira total. Leite não garante de nenhuma forma efetiva um distanciamento social racional que só poderia ocorrer com a testagem em massa da população.

No final das contas, o projeto de “Distanciamento Controlado” não assegura nenhum controle sobre o distanciamento, e nem mesmo se faz possível realizar. É uma verdadeira receita para o desastre na medida que junto com os decretos dos prefeitos, não garantem nenhum distanciamento e nenhum controle, como já está se comprovando com a população gaúcha sendo esmagada pelo vírus e tendo que se expor cada vez mais para garantir seu sustento.

Na prática, Eduardo Leite só deve estar esperando que o sistema de saúde entre em colapso, pois o Estado não cumpre com sua obrigação, em meio a uma pandemia, que seria de garantir os investimentos no sistema de saúde público e a testagem em massa da população. Até que isso seja feito, vamos contabilizando mais corpos de pessoas que pagarão com as suas vidas pela medida “inovadora” de Eduardo Leite, que é aplicada pela pressão dos empresários e capitalistas que não se importam em passar por cima da vida dos trabalhadores para manter sua sede de lucro em meio a pandemia.

Frente a tudo isso, a única maneira sensata de começar a combater a crise de Covid-19 que se alastra pelo Estado gaúcho é garantindo testes massivos em toda a população para saber de fato quantas pessoas estão infectadas hoje para organizar um isolamento social racional e oferecer o tratamento adequado a todos os infectados. Para isso, também é necessário aumentar os investimentos na saúde pública e fazer a ampliação dos leitos de UTI, e não esperar pelo o colapso do sistema de saúde para tomar alguma medida sobre isso enquanto as pessoas morrem por falta de recursos médicos. Também é necessária a estatização de todo o sistema de saúde sob gestão pública dos próprios trabalhadores da saúde, com a contratação imediata de todos os profissionais da saúde desempregados e estudantes da área. Hospitais preparados, aparelhos de ventilação mecânica suficientes, e EPIs (equipamentos de proteção individual) garantidos para toda a população que seguir trabalhando em meio a pandemia, que poderiam ser alcançados por meio da reconversão total das indústrias que estão presentes na região metropolitana e na serra do Rio Grande do Sul para a produção dos materiais necessários para enfrentar o vírus.

Para além disso, é extremamente necessário o fechamento de todos os serviços não essenciais, pois é um crime que os trabalhadores sejam obrigados a voltar ao trabalho se expondo ao vírus sem a garantia de testes, para satisfazer o luxo de seus patrões que querem encher os bolsos. Licenças garantindo 100% dos salários (sob responsabilidade da empresa e do Estado) para toda pessoa infectada ou do grupo de risco. Assim como deve haver um decreto categórico que proíba as demissões e que todos possam receber um auxílio no valor mínimo de R$ 2000,00 para que possam se manter em meio a crise.




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