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EDITORIAL DE EDITORIAIS | Editoriais da grande mídia: entre o ataque e a espera em dia de teste de forças

Uma análise dos editoriais dos jornais deste domingo dia 13 de manifestações

Leandro LanfrediRio de Janeiro | @leandrolanfrdi

domingo 13 de março de 2016 | 13:11

Após dias e mais dias de editoriais agressivos, de matérias claramente selecionadas para atacar o governo Dilma, Lula e o PT o que se esperaria no dia de hoje era um salto “convocante” das manifestações por parte da grande mídia brasileira. Não é este o tom que domina dois dos maiores jornais brasileiros. O Globo mal fala de impeachment, e a Folha de São Paulo ressuscita um tom “ajuste mais Dilma”. Já o Estado de São Paulo pareceu convocar seu editor de 1964 para o dia de hoje e destila raiva e fraseologia do bem e do mal e da tradicional família brasileira. Vamos aos editoriais e o que eles mostram de parte dos cálculos deste setor burguesia tupiniquim.

O Estado de São Paulo editou uma peça cheia de raiva e “moral e bons costumes”. Tentando mostrar-se nova direita em entrevistas, peças de colunistas o editorial é puro 1964. Em “Chegou a hora de dizer: basta!”, conclama os “brasileiros de bem, exaustos diante de uma presidente que não honra o cargo que ocupa e que hoje é o principal entrava para a recuperação nacional, dizerem em uma só voz, em alto e bom som: basta!”. Depois continuam na evocação da Marcha da Família com Deus e a Propriedade versão 2016, “ que as famílias indignadas com a crise moral...”. Faltou só Deus e a propriedade. Propriedade, diga-se de passagem, seria um exagero editorial sem proporção, pois o PT nunca as afetou, ao contrário facilitou bilhões a empresários amigos e aos outros também, todos lucraram “como nunca antes na história” em seus governos.

Apontando a seta para lado completamente diverso a Folha de São Paulo em seu editorial “Liderança Aviltada” conduz suas opiniões em um tom “Dilma última chance”. Nas palavras da família Farias: “Talvez ainda haja tempo de a presidente liderar a única reação capaz de salvar ao mesmo tempo seu governo e sua biografia. Ela passa pela adesão imediata e definitiva à agenda de reformas, entre elas a da Previdência, que podem colocar de volta nos trilhos um país que descarrila”. A Folha parece ressuscitar sua linha de um ano atrás, pressão por reformas. Uma pressão mais dura e mais extrema, mas erguendo uma ponte ao petismo. Salve nossos bolsos empresariais atacando direitos dos trabalhadores que talvez nós os toleremos.

O Globo, em suas violentas oscilações editoriais, deu hoje uma guinada de erguer pontes. Seus editoriais nem falam de impeachment. Um deles aborda a renegociação das dívidas dos estados e o outro é sobre gastos com dengue e aedes aegipti. No dia anterior, seu editorial “Implicações do frágil pedido de prisão de Lula” se contrapuseram à ação do MP paulista e mostravam como agora as responsabilidade de Moro e da Lava Jato aumentaram. Uma localização defensiva.

O cuidado da Folha e do Globo mostram como estes dois jornais estão medindo a correlação de forças de como serão as manifestações de hoje, as manifestações que ocorrerão dia 18 em apoio a Dilma entre outros fatores. A mesma “prudência” se viu por parte da Convenção do PMDB que proibiu o aumento de sua participação nos ministérios mas também não desembarcou do governo, deixando para daqui a 30 dias decisão sobre ruptura ou não com o governo. Um "aviso prévio" que aguarda os resultados dos atos da direita, cuidadosamente anunciado para não "escarrar no poço em que se bebe" antes do tempo, como dizem Temer e Renan Calheiros ao reforçar a ideia do "não acirramento dos ânimos. Em outras palavras o PMDB decidiu que seguirá governista, seja isto mantendo Dilma ou tirando ela, ficará do lado que estiver claro que será vitorioso.

Após a escalada de ações por parte de Moro com a condução coercitiva de Lula duas semanas atrás e depois com o pedido de prisão preventiva pelo MP-SP as apostas aumentaram. O Estado de São Paulo decidiu queimar todas as pontes, um caminho sem volta. O mesmo pode-se ver por parte da Lava Jato, entrega as fichas ou parte para o ataque total.

O PMDB, a Folha e o Globo não. O momento do tudo ou nada parece ainda não ter chegado. Ainda há pontes, diz a Folha, desde que Dilma ataque ainda mais os trabalhadores e a juventude. Os tempos destes grandes atores são de barbas no molho. Medir se recuam ou partem ao ataque decidido.

De parte dos trabalhadores é necessária a visão de que junto a raivosas vozes como do Editorial do Estado de São Paulo e daqueles que ladearem-se com a FIESP, Bolsonaro e sua manifestação de direita na Av. Paulista em poucas horas não virá nenhuma solução progressista. Nem tampouco da defesa de uma “governabilidade” petista marcada por uma viragem cada vez mais à direita, entregando do pré-sal a nossos direitos.

O PSTU e setores do PSOL e da esquerda tentam buscar um “Fora Dilma” ou Fora Todos” pela esquerda na realidade para justificar sua política de “investigação até o final” que alimenta ilusões em Moro e no judiciário, mas os editoriais e as manifestações de hoje mostram que isso não existe para além do jornal Estado de São Paulo e cia, que se somam a Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre, além de outros reacionários que saem às ruas hoje. Por sua vez, o governo do PT alimentou essa direita e ataca com a ajuda da burocracia sindical. Todos querem ajustes contra os trabalhadores, vociferado na Folha de SP de hoje.

É com a assimilação petista dos métodos corruptos de governo próprio dos capitalistas, o giro cada vez maior à direita de Dilma e a paralisia imposta por Lula às organizações de massas dos trabalhadores contra os ataques do governo que o PT abre caminho ao fortalecimento da direita e ao apelo dos atos de domingo. Ao mesmo tempo em que rechaçamos o impeachment da direita, lutamos para que os sindicatos rompam sua colaboração com o governo e impulsionem um grande mobilização nacional contra os ajustes e por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana para acabar com a impunidade, fazer com que os capitalistas paguem pela crise e enfrentar os problemas estruturais do país.

Veja entrevista com em que Diana Assunção explica o programa do MRT para responder à crise política e econômica que vive o país: "Lutar contra os ajustes e a impunidade para impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana"




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