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MEIO AMBIENTE E REVOLUÇÃO | Ecologia, reforma e revolução

Modernas tecnologias aplicadas pelo grande capital, como transgênicos ou as grandes mineradoras abrem debates sobre como encarar os problemas ambientais e satisfazer as necessidades humanas.

segunda-feira 29 de agosto de 2016 | Edição do dia

Recorrentemente se abrem debates em torno da necessidade de proteger a natureza, da qual surge e depende a humanidade, assim como os limites da ecologia e do ambientalismo que abstrai as necessidades humanas e a divisão de classes na sociedade.

Muito bem vindos são os debates, já que enriquecem todas e todos que se reconhecem como parte da esquerda, e que luta por uma mudança social de fundo, para “por a sociedade sobre seus pés”, como diziam os fundadores do marxismo.

O estalinismo, negação do marxismo

O nefasto papel que jogou o estalinismo na história deixou uma visão obtusa, burocrática, reacionária, não somente sobre a estratégia que deve assumir o proletariado em sua luta pela sua emancipação e do resto das classes exploradas e oprimidas (como negar a frente única operaria, por exemplo), mas também quanto a que relação deve estabelecer o ser humano com a natureza quando a os trabalhadores e oprimidos tiverem tomando o poder.

Existem muitas literaturas a respeito e vários companheiros de nossa corrente vem escrevendo sobre o Materialismo Dialético com que o estalinismo deformou o marxismo e sua logica materialista dialética. O trágico caso do mar de Aral, marca perfeitamente a ruptura desta corrente com o marxismo.

Essa falta de uma visão ideológica e de uma política revolucionaria frente ao crescente processo de degradação ambiental e ecológica, produto da perpetuação do capitalismo, permitiu o desenvolvimento especialmente desde os anos 60 de uma ideologia e de correntes ecologistas.

A falsidade do ecologismo

O ecologismo é uma corrente não revolucionária, muitas vezes nem sequer de esquerda, já que se propõe resolver os problemas ambientais sem mudar as bases sociais. Ou seja, sem acabar com a grande propriedade privada e a exploração capitalista, primeira causa da crise ecológica que vivemos.

Essas correntes são o reformismo aplicado na ecologia: seus honestos partidários creem muito equivocadamente que podem monitorar e inclusive solucionar os desastres ambientais e a contaminação sem necessidade de uma revolução social. Seus dirigentes estão ligados diretamente ao sistema capitalismo e são cúmplices dos grandes empresários e dos governos patronais, como se vê claramente nos Partidos Verdes pelo mundo.

Uma leitura anticapitalista da questão

Voltando ao campo do marxismo, o movimento trotskista não foi nem está alheio às influências destas grandes correntes (estalinismo e ecologismo) igualmente impotentes frente o problema ambiental.

Para aproximarmos de uma visão mais justa da questão, creio que servem alguns conceitos resgatados pelo intelectual marxista John Bellamy Foster, diretor da prestigiosa MonthlyReview em seu excelente livro A ecologia de Marx. Ainda sem terminar de romper completamente com a lógica que trata de conciliar uma estratégia revolucionária com o reformismo, seu livro aborda a questão desde uma visão claramente anticapitalista.

Foster contribui, por exemplo, no conceito de que o capitalismo produziu uma “ruptura metabólica” com a relação “homem-natureza”. O ser humano, logo de se livrar dos interesses capitalistas na sociedade, terá como fim restabelecer o “equilíbrio metabólico”, isto é, uma relação racional e recíproca entre o ser humano e a natureza; Visões similares contribuiu os teóricos do Ecosocialismo, como Michael Löwy, velho referente da corrente internacional, Secretáriado Unificado, corrente que há vários anos tirou de seu programa a necessidade de uma ditadura do proletariado para encarar a transformação revolucionária da sociedade, cedendo ao sentido comum que vincula este conceito as ditaduras estalinistas.

A ecologia e a revolução social

O homem é parte e depende da natureza, toda vez que esta é modificada constantemente pelo homem através dos meios de produção, a técnica e a tecnologia. Esta relação é objetiva e qualquer estratégia que pretenda nega-la (tanto as que tende a uma visão estalinista, como as que se inclinam para o ecologismo) se voltam automaticamente para a utopia e impotente para apontar uma saída.

O centro da questão esta em que classe domina as tecnologias e a serviço de que classe as aplicam. Se o fazem par ao capital, será destrutivo para o meio ambiente, porque o interesse de lucro capitalista não é um “equilíbrio metabólico” entre homens e a natureza. Se quem usar a tecnologia for a classe trabalhadora e o pobres e oprimidos, se reduzirá ao mínimo possível os danos ao meio ambiente, porque com ele se estará preservando o futuro do planeta e da própria humanidade.

Não é demais dizer que os trabalhadores no poder prevenirá o desperdício capitalista dos recursos, assim como dará prioridade a tecnologias menos agressivas com a natureza, e tentará revolucioná-las permanentemente em prol de aperfeiçoar a ação do homem sobre a natureza, fazendo desta cada vez mais sustentável. Porem sem cair no erro de entender essa capacidade do ser humano modificar seu entorno, como reacionária em si.

As novas tecnologias e indústrias que nas mãos da burguesia são destrutivas e contaminantes, poderão ser aproveitadas corretamente (melhorando seus custos e benefícios) pelas futuras gerações (se assim considerarem) uma vez liberadas do interesse capitalismo, da grande propriedade privada e da opressão de classe.




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