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RACISMO | EUA reabrem caso de assassinato de um jovem negro que expôs a brutalidade racista americana

O Jovem de apenas 14 anos foi assassinado e torturado por ’fletar’ com uma mulher branca, enquanto estava de férias no sul dos EUA. Sua morte, em 1955, foi um marco profundo para o começo do que se torou o movimento dos direitos civis nos anos 60.

sexta-feira 13 de julho de 2018 | Edição do dia

Imagem: time.com

1955, um menino negro de 14 anos é sequestrado e linchado no Mississippi, nos EUA. Seu rosto é desfigurado e o corpo mutilado. Uma onda de questionamento acerca de sua morte abala as estruturas, e o movimento pelos direitos civis toma seu primeiro fôlego para o que nos anos 60 caminhará para momentos convulsivos de uma pré-revolução social. Seu nome é Emmett Till, o brutal assassinato desse jovem negro que expôs a barbárie racista norte-americana está de volta às capas dos jornais.

Na época, um júri do estado do Mississippi, que era composto apenas por pessoas brancas, inocentou os dois assassinos brancos, agora já falecidos. Mais de 60 anos depois, em um momento de fortes conflitos nos EUA, a mulher de um dos sentenciadores afirma que mentiu em seu testemunho que sentenciou a absolvição dos homens envolvidos no assassinato.

O departamento de justiça norte-americano comunicou em março que voltaria a investigar a morte de Till, porém o assunto passou desapercebido até a Associated Press noticia-la nesta quinta-feira. Segundo o Jornal El País, tudo indica se tratar da publicação, no ano passado, de um livro novo sobre o caso. A investigação já havia sido reaberta em 2004, mas voltou a estar arquivada três anos depois, pela prescrição de alguns fatos.

O questionamento aos métodos da justiça racista no caso Till, mais de 60 anos depois, vem junto a um momento em que se questiona o racismo estatal fortemente nos EUA. Em meio aos milhares de assassinatos recorrentes do estado americano ao povo negro, esse fato vir à tona agora, pode ter pontos em comum, em alguma medida, com a tentativa do estado americano colocar uma "agenda positiva" à frente e frear o debate acerca das políticas anti-migratórias de Trump num país historicamente marcado pela escravidão e a segregação racial.

Carolyn Donham, casada com um dos réus, deu declarações que em 2008 de que havia mentido em seu testemunho segundo consta no livro de Timothy Tyson publicado no ano passado. Apesar de seus depoimentos não terem sido utilizados para a condenação dos jovens ela admitiu que mentiu quando afirmou que o jovem negro a assediou e tentou estupra-la em seu estabelecimento comercial na localidade de Money, um povoado no Mississippi rural. Isso recai na velha falácia, de tratar os homens negros como estupradores, muito utilizada pela justiça americana para justificar seu racismo nas penas impetradas.

Anos mais tarde os assassinos confessaram o crime em uma entrevista mas nunca chegaram a ser julgados em vida. Donham por sua vez está viva, tem 83 anos e reside na Carolina do Norte.




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