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ACORDO EUA-CUBA | EUA querem conquistar mercado de grãos em Cuba com fim de embargo

quarta-feira 22 de abril de 2015 | 00:48

O governo dos Estados Unidos explicou nesta terça-feira ao Congresso que a necessidade de importação por Cuba de cereais "devem" satisfazer os produtores americanos, que manifestaram interesse em conquistar esse mercado assim que o processo de abertura à ilha for consolidado.

Em uma audiência realizada no Comitê de Agricultura do Senado, o subsecretário de Departamento de Agricultura para Serviços Exteriores, Michael Scuse, explicou aos legisladores que 80% dos alimentos da ilha são importados e, no caso do cereal, é fornecido quase que completamente pela União Europeia.
"Os mercados de trigo, milho e arroz deveriam ser nossos", comentou.

Scuse, que ressaltou ainda que o caminho para a abertura e a troca fluída de mercadorias com Cuba ainda é longo, reiterou que os Estados Unidos não podem desperdiçar oportunidades comerciais com Havana, embora haja outros muitos países que já tenham assumido a dianteira nesse sentido.

"Os EUA têm potencialmente enormes vantagens estruturais na exportação para Cuba. O principal deles é a localização. Estamos a menos de 100 milhas de distância (160 km), o que significa um custo menor de envio e de tempo, especialmente em comparação com os atuais principais concorrentes, Brasil e Europa", disse.

"Além disso, existe o fato de que os 11 milhões de consumidores cubanos desejam produtos alimentícios que os Estados Unidos podem fornecer e de que a agricultura americana quer vender para Cuba", acrescentou o subsecretário, que detalhou que, por exemplo, Havana importa da Nova Zelândia produtos que os Estados Unidos fornecem.

No entanto, perguntado pelos senadores, Scuse se referiu às exigências dos setores mais conservadores do Partido Republicano para pressionar Cuba sobre um giro em matéria de direitos humanos antes de permitir que haja trocas comerciais mais amplas.

"Queremos pressionar o governo cubano para que mude sua postura em direitos humanos", disse, ao explicar que, no entanto, a Administração deve buscar um equilíbrio nas negociações entre os dois países que ajudem, sobretudo, aos cubanos.

O presidente americano, Barack Obama, suspendeu algumas das sanções que recaíam sobre a ilha. No entanto, apesar desses alívios nas exportações vinculados a alguns bens, para o pleno rendimento da troca agrícola entre as duas nações, é necessário que o congresso trabalhe para retirar o embargo comercial que existe sobre Havana há mais de 50 anos.

Como já abordaram alguns dos colunistas e colaboradores do Esquerda Diário que tratam do tema, por detrás da preocupação hipócrita de Obama e da burguesia americana com o povo cubano estão interesses econômicos – neste caso, dos exportadores de grãos – e políticos frente ao processo de restauração capitalista implementado pela burocracia castrista.

Há alguns anos – e em particular nos últimos meses - tem se aprofundado por parte da cúpula do Partido Comunista Cubano a execução de reformas que visam atacar diversas conquistas sociais e trabalhistas dos trabalhadores e da população cubana que perduravam desde a época da revolução de 1959. Tais reformas têm como objetivo diminuir as barreiras à atividade capitalista na ilha e, desta forma, atrair investidores estrangeiros.

A intenção de obter a melhor localização possível nesta etapa de transição do estado operário cubano – ainda que deformado e controlado pela burocracia dos Castros – para uma economia capitalista subordinada ao capital imperialista é o que realmente motiva Obama e parte da burguesia americana a considerar o fim do embargo econômico à Cuba.

EFE/ED




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