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CORONAVÍRUS | Doria estende a quarentena mas não consegue esconder o colapso no sistema de saúde de SP

Em anúncio de extensão da quarentena até 31/05, Doria, apesar de ter gastado toda a sua demagogia, não consegue esconder o colapso da saúde no Estado de SP.

sexta-feira 8 de maio de 2020 | Edição do dia

Em coletiva de imprensa, o governador do estado de SP, João Doria, anunciou a extensão da quarentena até dia 31 de maio. Já são 41.830 casos de coronavírus e 3.416 mortes em todo o estado até a data de hoje, isso sem contar com o número de casos subnotificados pela falta de testes massivos para a população e as mortes de milhares de pessoas que sem diagnostico não entram para as estatísticas. Já sobre a ocupação e leitos de UTI a taxa de ocupação na grande São Paulo é de 90%, chegando a 70% em todo o estado. Doria anunciou também ampliação de leitos apenas para junho ou julho, sem especificar de quantos leitos se tratavam, e a chegada de parte de uma leva de novos respiradores apenas para o fim do mês com outra leva chegando apenas em junho.

Já na cidade de São Paulo, o prefeito Bruno Covas disse já haver mais de 100 mil casos confirmados ou suspeitos para Covid-19 e 4496 mortes entre confirmadas e suspeitas. A taxa de ocupação dos leitos de UTI ultrapassa os 80%, sendo que em metade dos hospitais já se chega a quase 100% de ocupação. Covas anunciou também o rodízio de 50% da frota de automóveis todos os dias, além da ampliação em mil ônibus na cidade e mais 600 que ficarão no bolsão de reserva.

Doria usou de bastante demagogia, falando em amor de mãe e responsabilidade, para se opor às absurdas declarações recentes de Bolsonaro que chegou ao ponto de falar que faria um churrasco e “quem sabe uma peladinha com amigos” em sua casa enquanto o país bate recordes diários de mortes por coronavírus. Perto desse tipo de atitude, qualquer pessoa pode parecer mais responsável. Mas a realidade que estamos hoje não permite mais que belas palavras como as de Doria nos enganem facilmente.

Apesar da aparente preocupação do governador, os próprios números escandalosos de mortes e de ocupação dos leitos de UTI não podem esconder o colapso da saúde que se encontra o estado e a cidade de SP. Doria fez um grande esforço em maquiar a situação com medidas de improviso, sem dizer uma palavra sobre a disponibilização de testes, trazendo até o secretário da fazenda, Henrique Meirelles, para dizer que a crise que passamos hoje não tem raiz econômica, mas que é fruto apenas da pandemia. Mas não falam do corte sistemático de verbas na área da saúde ao longo de anos e como o PSDB de Doria foi parte dos ataques que destruíram o SUS. Ou seja, uma situação devastadora, que já existia mesmo antes da pandemia e que agora só se intensifica, sem nenhuma resposta a altura desses governantes para essa crise.

Toda a coletiva de imprensa se resumiu em apontar o aumento da taxa de isolamento social como medida para combate à pandemia, até para se evitar um bloqueio total, o chamado lockdown. Aqui fica claro o diálogo que Doria tenta estabelecer com um setor de empresários que pressiona para a volta ao trabalho, pois quem usa diariamente o transporte público sabe que a cada dia vem se aumentando consideravelmente a lotação nos ônibus, trem e metrô. Doria fala em isolamento social mas faz vistas grossas ao fato de que uma grande parcela da população não possui essa escolha, sendo obrigados a seguirem trabalhando, inclusive em serviços não essenciais e sem fornecimento de EPI. Ao mesmo tempo que não garante testes massivos à população para assim organizar de forma racional a quarentena.

Por isso é tão demagógico seu decreto obrigando o uso de máscaras no estado, pois enquanto coloca uma aparência de que toma medidas responsáveis, deixa que a população continue se expondo cada dia mais no transporte público e nos locais de trabalho, para a alegria patronal, individualizando a responsabilidade de cada um por sua proteção. Não a toa foi anunciado o aumento da frota de ônibus na cidade de SP.

Enquanto isso, seguem as denúncias dos profissionais da saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia. Neste último dia 06, os trabalhadores do Hospital Universitário da USP realizaram uma paralisação parcial para denunciar as péssimas condições em que estão sendo obrigados a trabalhar, o que coloca em risco suas vidas e dos pacientes. No Metrô de SP, os metroviários denunciam a falta de EPIs e as escandalosas centenas de demissões de terceirizados das bilheterias, da limpeza e jardinagem. Além do despejo violento que Doria autorizou, deixando na rua mais de 50 famílias em Piracicaba.

Por isso, não há o que esperar de nenhum dos dois lados. Nem do negacionismo de Bolsonaro, nem da suposta racionalidade de Doria, pois quando o assunto é o ataque aos nossos direitos todas as alas se unem. A crise sanitária só poderá ser resolvida com uma reposta da classe trabalhadora, se apoiando nas mobilizações dos profissionais da saúde que já começam a surgir por todos o país.




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