Após atropelamento causado por motorista em alta velocidade no último domingo, que entrou na Rua Augusta depois de estar interditada para evento de skate, o governo Doria decidiu por multar em R$20 mil os organizadores do evento, e não o motorista.
Flávia ToledoSão Paulo
terça-feira 27 de junho de 2017 | Edição do dia
Foto: Eduardo Ogata/Secom
O prefeito João Doria optou por multar os organizadores de evento comemorativo do Dia do Skate nesse último domingo após um motorista ter invadido a Rua Augusta, interditada desde às 9h20 pela CET, em alta velocidade e atropelado diversos skatistas que participariam do evento. Doria alegou que o evento teria começado antes do previsto - estaria marcado para 10h e o atropelamento ocorreu 12 minutos antes, às 9h48 - e por isso a Regional da Sé teria aplicado a multa de R$20mil para a Go Skate Day e a Element Skateboard Brasil, organizadoras do evento, que pretendem recorrer.
A desculpa de João Doria pra justificar a multa não demorou nada para ser questionada. Quando o carro - em excesso de velocidade - invadiu a rua, a Augusta já estava interditada pela CET, que afirma que realizou a interdição na via das 9h20 às 11h.
A multa às vítimas do atropelamento está muito ligada à repressão que tem sido a marca da prefeitura de Doria. Na “cidade linda” do prefeito-gestor o que ganha espaço é a cidade acelerada, graças ao aumento de velocidade das vias, indo na contramão de qualquer discussão de segurança no trânsito, e mesmo pelo exemplo do prefeito que, em um dos seus muitos “cosplays” se vestiu de piloto de Fórmula Um - e está com a habilitação suspensa por excesso de velocidade.
Nessa cidade acelerada não tem espaço pra grafite e nem pra skate, não tem espaço para que a juventude possa ocupar o espaço urbano para lazer e esporte. Se a negligência e a atitude repressiva da prefeitura são tais em um evento organizado por duas empresas, imagine o que Doria não faria contra os jovens que quiserem sair com seus skates sem um grande evento por trás...
