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ENTREGADORES | Dono do iFood mente na cara dura, dizendo que já atende reivindicações dos entregadores

Patrick Hruby, presidente da Movile, empresa dona do iFood, disse em live do jornal Valor Econômico que o aplicativo já atende as reivindicações que os entregadores fazem, como por exemplo a distribuição de álcool gel e EPIs.

sexta-feira 31 de julho de 2020 | Edição do dia

Ele disse que o aplicativo já distribuiu mais de 1 milhão de EPIs e que investiu mais de R$ 33 milhões em fundos sociais e medidas de auxílio. Cita que o iFood oferece uma licença remunerada de 28 dias para o entregador que contrair Covid-19, e que eles pagam um valor mínimo superior a “média do salário mínimo”, ponto no qual ele faz ponderações sobre como este cálculo leva em conta a distância percorrida, o veículo utilizado e outros pontos. Obviamente, ele não explica como é feita esta conta.

Estas afirmações entram em choque com os relatos dos próprios entregadores, que reclamam da falta de EPIs e de casos de racismo. O cínico discurso de Hruby, de que apoia o direito de manifestação dos entregadores e de que busca trabalhar junto com eles para atender as reivindicações, contrasta com os desligamentos sem explicação que são frequentes no aplicativo, e que os entregadores só conseguem falar com um robô para tentar resolver a questão.

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O discurso de que eles pagam valores acima de um salário mínimo para os entregadores esconde o outro lado da moeda, de que para chegar a estes valores os entregadores, principalmente aqueles que trabalham de bicicleta, tem que trabalhar por jornadas extremamente longas todos os dias da semana, chegando às vezes a 14 ou 16 horas em um só dia.

E é nisso que reside que a principal reivindicação dos entregadores, e que o iFood não chegou nem perto de atender, que são as taxas de entrega. Estas taxas hoje são muito baixas, o que leva os próprios entregadores a terem remunerações muito baixas e os obriga a fazer estas jornadas extenuantes para ter um salário minimamente razoável no final do mês. São estas jornadas extenuantes que garantem o lucro dos donos das empresas.

Este discurso que ele faz mostra o medo que o Breque dos Apps colocou nos donos dos aplicativos, que recorrem a mentiras ou meias-verdades para dizer que o trabalho por aplicativo é ótimo para o trabalhador.

Nós do Esquerda Diário defendemos que estes trabalhadores, que já trabalham muito mais do que as 8 horas diária que a CLT prevê, tenham seus direitos também garantidos, como férias remuneradas, descanso semanal, licença por doença e todos os direitos previdenciários, ainda que não precisem criar os vínculos burocráticos da CLT. Neste sentido, é fundamental o avanço da luta dos entregadores para que possam não só garantir suas demandas imediatas, mas também barrar o avanço da uberização do trabalho e da precarização.

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