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CONGRESSO ANDES-SINDICATO NACIONAL | Docentes da UFCG deliberam por defender frente única classista de luta contra Bolsonaro

quarta-feira 19 de dezembro de 2018 | Edição do dia

Na manhã da última quinta-feira, 13 de dezembro, a assembleia da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Campina Grande (ADUFCG), sessão sindical do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições do Ensino Superior, ANDES-SN, deliberou, entre outras, duas posições políticas relevantes para que os delegados levem como posição política ao 38º Congresso que será realizado na cidade de Belém/PA, de 28 de janeiro à 2 de fevereiro de 2019: defender uma política de frente única classista contra Bolsonaro e a paridade nos 83 cargos da Diretoria do ANDES-SN, garantindo que todas as secretarias regionais tenham em sua composição a participação de mulheres em cargos na construção.

A assembleia aprovou por unanimidade mandatar aos delegados para defender como posição política no texto de resolução de Movimento docente, conjuntura e centralidade da luta, a necessidade de construir uma frente única nacional classista em defesa das liberdades democráticas, em ampla unidade de ação, para defender os direitos, os serviços e o(a)s servidore(a)s público(a)s, as Universidades, os Institutos Federais e os CEFET com financiamento público, preservando a autonomia e a independência de classe, acrescentando alguma outra questão vinculada à defesa da educação.

O relevante desta resolução é que, independentemente de certas diferenças de caraterização política com o texto de apoio enviado pela Direção Nacional do ANDES-SN, em certa medida coloca de forma adequada o debate de estratégias central em relação em como se deve enfrentar a nova etapa que se abre com o governo Bolsonaro. A defesa de uma frente única proletária em defesa das liberdades democráticas e os ataques deste Temer blindado é central em termos estratégicos frente a defesa da frente ampla ou frente democrática impulsionados pelo petismo no interior do sindicato. Mais ainda depois da última eleição nacional do sindicato, no qual a chapa classista triunfa, recebendo nosso apoio crítico, numa eleição muito polarizada com a chapa vinculada ao PT, PCdoB e PCO que pretendia subordinar a política do sindicato às políticas de conciliação de classes do PT. Pode interessar esta matéria na qual realizamos um breve balanço do resultado das eleições de ANDES-SN.

Entendemos como uma deliberação relevante da assembleia porque sendo o primeiro congresso do sindicato depois da eleição de Bolsonaro, e que mostrou o peso político do petismo e a política de conciliação de classes deste, tentaram pressionar politicamente para que a centralidade da luta seja a frente democrática defendida por estes partidos.

Nossa intervenção política desde Esquerda Diário, impulsionada pelo Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT), foi explicitar este debate de estratégias diferenciando frente única proletária de frente ampla ou frente democrática. A frente única operária é a unidade na luta do bloco dos trabalhadores contra o conjunto da burguesia, na luta de classes; enquanto que a estratégia petista é de frente democrática de conciliação com os patrões e de divisão das fileiras operárias. Fica claro quando observamos os governadores petistas do nordeste querer negociar uma reforma da previdência “alternativa” com Bolsonaro, a CUT e CTB dando uma trégua durante a transição, separando a luta econômica da luta política, a luta contra os ataques da luta na defesa das liberdades democráticas ou da própria liberdade de Lula, fragmentando e despolitizando.

A tática de frente única operária (FUO) tem uma longa tradição no movimento operário internacional. Foi adotada no III Congresso da Internacional Comunista que se reuniu em junho de 1921, num contexto de aprofundamento da crise capitalista, aumento do desemprego e recomposição das forças capitalistas, logo depois de importantes discussões. É uma tática complexa, a qual era visualizada como a união na ação de todos os operários dispostos a lutar contra o capitalismo, procurando a máxima unidade possível de todas as organizações operárias em cada ação contra o capitalismo, unidade nas lutas mas com independência política e liberdade de crítica.

A FUO era uma tática de unidade de ação com socialdemocratas da II Internacional, a Internacional II e meia, a Internacional Sindical de Amsterdam, Holanda e com grupos anarco sindicalistas. Mesmo que a da II Internacional, a Internacional II e meia prefiram acordos com a burguesia, o mesmo que hoje a CUT, CTB, PT e PCdoB, o objetivo seria construir a unidade de ação e desmascarar frente aos trabalhadores aqueles que aniquilam a unidade. Para realizar esta tática complexa no marco de uma estratégia revolucionária, era e é preciso ter clareza ideológica e homogeneidade para manter a autonomia política e não ceder às pressões oportunistas.

A outra deliberação que foi relevante no marco do que este ano significou a maré verde na Argentina e a deliberação pela paridade nos 83 cargos da Diretoria do ANDES-SN, garantindo que todas as secretarias regionais tenham em sua composição a participação de mulheres em cargos na construção a partir da próxima diretoria que deve assumir no ano de 2020. O 37º Congresso havia deliberado isso, mas encaminhava as bases para propostas de implementação, os mesmos setores que defenderam que não existiu golpe apresentaram como contra-proposta adiar a discussão sobre a implementação, falando que eram favoráveis, mas que em nome da unidade da categoria (com os setores mais reacionários?) pretendiam mais tempo para debater quando as bases devem levar uma posição politica para este congresso.

Nossa posição, desde o MRT, foi de defesa que no mínimo a composição da chapa deveria ser paritária ou maioria feminina. Frente a possibilidade que a assembleia deixe a discussão para um futuro inexistente, defendemos paridade e foi a posição com que são mandatados os delegados. O argumento não explícito daqueles que defenderam contra, era uma preocupação de uma burocracia superestrutural de esquerda, a dificuldade para construir uma futura chapa.

Além disso foram eleitos delegados, observadores e suplentes para o próximo congresso e podemos destacar duas importantes moções.

A primeira uma de solidariedade frente ao assassinato de dois trabalhadores rurais sem-terra, executados na Paraíba no dia 08 de dezembro em um acampamento no município de Alhandra, a 45km de João Pessoa.

A segunda um repúdio ao reitor da UFCG por se negar a p se pronunciar contra a invasão da Polícia Federal ao sindicato poucos dias antes do segundo turno eleitoral, com o claro objetivo de beneficiar à candidatura de Bolsonaro e desorganizar aqueles que apoiamos de forma crítica a candidatura de Haddad.

Avaliamos em geral que pela época do ano, uma semana antes do fim das aulas, fechamento de disciplinas e semestre e reposições, foi uma assembleia importante do ponto de vista político em função das mencionadas deliberações que seria um fato positivo se são aprovadas no Congresso da categoria e implementadas na luta de classes, que será o que vai definir a situação neste contexto de bonapartização do regime e certas incertezas sobre um governo que tentará resolver a crise orgânica do capitalismo brasileiro por extrema direita.




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