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CHILE | Do Chile ao Brasil: Paulo Guedes está nu!

As reformas defendidas e aplicadas por Paulo Guedes são rejeitadas por milhões nas ruas do Chile.

sábado 26 de outubro de 2019 | Edição do dia

Foto : Pedro Ugarte/ AFP

Enquanto o Brasil adota medidas que apontam para um caminho de recessão e desemprego com as reformas de Paulo Guedes e Bolsonaro, nosso país vizinho, o Chile, demonstra claramente o resultado destas reformas. Como na conhecida história, o Chile nos grita: "O Rei está nu!". Este "rei" são as reformas neoliberais que cortam os serviços e atacam a aposentadoria do povo trabalhador, junto com o arsenal de privatizações que se iniciou no Brasil nos anos 80, e que Bolsonaro e Paulo Guedes são os representantes mais duros.

Tal qual a história do Rei Nu, no Brasil apenas parte da classe trabalhadora e alguns meios que acusam a devassa política de Paulo Guedes: a falta de vergonha na cara de políticos do regime que seguem sustentando que única saída para o Brasil é o ataque aos direitos dos trabalhadores e do povo pobre, propostas como o desmonte da previdência, o aprofundamento do desmonte da CLT e o ataque aos serviços públicos, redução das verbas em saúde e educação defendidas por Paulo Guedes, a reforma administrativa que precariza as condições de trabalho dos servidores destes setores.

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A problemática do Chile para os trabalhadores e o povo pobre brasileiro é uma: o retrato da miséria resultante dos ataques contra a classe trabalhadora e o povo pobre. A problemática do Chile para o regime político brasileiro é outra, totalmente diferente: o regime golpista quer se conservar, quer governabilidade junto à aplicação destes mesmos ataques, esperando não ter oposição ao regime nas ruas. A heroica luta dos trabalhadores, jovens, estudantes e o povo pobre chileno desafia o regime chileno, as heranças de Pinochet, desafiando também os sonhos golpistas brasileiros.

Nenhum agente do regime golpista (sejam eles os políticos ou os jornais) jamais reconhecerá abertamente que o Chile é o retrato da falência do modelo neoliberal que, nos últimos anos foi aplicado à conta-gostas e que, com Paulo Guedes, esta sendo administrado em doses cavalares. Afinal de contas, aprovaram um impeachment contra Dilma Rousef e depois ainda prenderam o Lula, permitiram a ascensão de Bolsonaro - quando claramente o filho favorito do golpe era Alckmin.

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A luta de classes na América Latina acende o alerta da burguesia nacional e internacional: é preciso escolher entre estabilidade política e ataques. Quem tem seu passe valorizado no regime golpista é, neste momento, o PT e o PCdoB. No Chile a classe trabalhadora e o povo pobre mostraram o exemplo ao ocupar as ruas e enfrentar a política de ataques e o estado de emergência, e está colocado como debate na ordem do dia como seguir este movimento, depois que Piñera anunciou o fim do toque de recolher para Santiago, Valparaíso, BioBio, Coquimbo e La Serena, enquanto diz demoagogicamente que quer diálogo, depois de ter reprimido as manifestações deixando mais de uma dezena de mortos, lá a questão é de como seguir à luta depois da maior manifestação da história do país, estimada em 1,2 milhões só em Santiago, com mais centenas de milhares no resto do país, sem cair nos desvios preparados pelo governo Piñera para esvaziar as demandas das ruas.

Já no Brasil, as centrais CUT (dirigida pelo PT) e CTB (dirigida pelo PCdoB) silenciaram completamente enquanto era aprovada a reforma da previdência. PT e PCdoB depositam as organizações dos trabalhadores (sindicatos) e dos estudantes (UNE) no altar dos lucros capitalistas ao optar por uma oposição eleitoral totalmente pacifista sem organizar nenhum tipo de resistência ao realismo golpista das reformas de Guedes e Bolsonaro.

O objetivo destes dois partidos é bastante claro: demonstrar à classe capitalista nacional e internacional que o PT e PCdoB são merecedores de sua confiança - que se houvesse alguma mobilização como há no Chile, estariam na linha de frente de sua pacificação atuando como bombeiros da luta de classes e salvando um regime cuja transição foi tutelada pela Ditadura, feito para agradar tanto a classe política como os militares que nunca pagaram pelos seus crimes. No caso do PCdoB, a submissão vai mais além: parceiros de Rodrigo Maia (DEM) em diversas empreitadas, votaram à favor da entrega da base de Alcântara junto com o Bolsonarismo. À reboque destes segue a o PSOL e participando da frente parlamentar com burgueses e golpistas e procurando alianças em um Pacto pela democracia que almeja governar as instituições do regime golpista lado à lado com partidos capitalistas "democraticos". Assim oferecem à burguesia internacional, preocupada com a contenção das ruas, a alternativa de caudilhos para governos de conciliação. A outra fração da burguesia internacional tirou outras conclusões e se organiza em meio à governos de direita que, na América Latina, estão mostrando sua debilidade pela primeira vez.

O retorno da luta de classes mostra como é urgente que a esquerda brasileira mude de direção, 180 graus precisamente. É preciso levantar uma política de independência de classes (ou seja, rumo oposto da esquerda), apostar na constituição de organismos de base e na retomada dos sindicatos e grêmios estudantis para a mão dos trabalhadores para organizar a luta. O neoliberalismo pinochetista está profundamente questionado no Chile. Precisamos seguir seus exemplos, apoiar a luta do Chile e tirar lições deste processo que ainda está em desenvolvimento. Mas é certo que desde já, faz-se necessário dizer o óbvio: os ataques contra os trabalhadores e o povo pobre são tão insustentáveis quanto o regime golpista, os que se propõe a salvar este regime estão condenados à uma conciliação impossível: interesses populares versus interesses burgueses e yankees.

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Na Argentina, por exemplo, através da Frente de Esquerda dos Trabalhadores - Unidade, constrói-se uma alternativa independente da burguesia e de suas variantes conciliadoras, demonstrando que a queda da direita Macrista pode dar lugar à uma esquerda da ordem que trás em sua bagagem ajustes contra os trabalhadores. Resta aos trabalhadores e a juventude acompanhar estes processos e tirar conclusões pela esquerda, e preparar a ferramenta que torne possível a superação deste regime impondo um outro, um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo.




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