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CRISE NO PT | Dilma sai em defesa de Levy

terça-feira 9 de junho de 2015 | 01:19

Em meio a pior crise de sua história, o Partido dos Trabalhadores (PT) irá realizar entre os dias 11 a 14 de junho em Salvador (BA) o seu 5º congresso. Já antecipando uma das principais polêmicas do encontro, a presidenta Dilma Rousseff declarou no último domingo, 07, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de São Paulo: ”Eu acho injustas (as críticas a Levy) porque não é responsabilidade exclusiva dele. Não se pode fazer isso, criar um Judas. Isso é mais fácil. É bem típico e uma forma errada de resolver o problema”.

A expectativa é que correntes de oposição à ala majoritária – da qual fazem parte Lula, Dilma e praticamente todo o alto escalão do governo – proponham no congresso resoluções que indiquem mudanças na política econômica do Governo Federal. Nas últimas semanas, figuras importantes do partido como o senador Lindbergh Farias (RJ) e o ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, se posicionaram publicamente contra o ajuste fiscal implementado por Dilma e Levy, e ameaçaram pedir a cabeça do ministro.

Na mesma linha de Dilma, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) foi ainda mais longe nesta segunda-feira, 08, e declarou que “Ele (Levy) tem de ser tratado como Cristo, que sofreu muito, foi crucificado, mas teve uma vitória extraordinária na medida em que deixou um exemplo magnífico, um exemplo extraordinário para todo mundo”.

Antes de qualquer coisa, as declarações de Dilma e Temer tentam mais uma vez “acalmar o mercado”, ou seja, deixar absolutamente claro aos grandes capitalistas e especuladores estrangeiros que, apesar das críticas que aparecerão neste 5º congresso do PT, estão com Levy na missão de descarregar a crise nas costas dos trabalhadores. Ao que tudo indica, porém, o “mercado” pode ficar tranquilo porque a tendência é que a linha da ala majoritária do PT, que dá sinal verde para Levy, seja hegemônica mais uma vez.

Sobre a crítica que setores do próprio PT, principalmente os ligados à CUT, fazem a política econômica do governo federal e à Levy, é preciso levar em conta que são parte de uma estratégia bem articulada para descomprimir a enorme pressão de descontentamento que recebem de suas bases. Falam contra os ajustes e a PL da terceirização, também apoiada por Dilma, chamam inclusive dias nacionais de mobilização contra essas medidas, e, na prática, nenhuma ação contundente de mobilização é organizada. Dessa forma, vão administrando o descontentamento enquanto o governo segue avançando no seu plano contra os trabalhadores e a juventude.

Ao mesmo tempo, o ex-presidente Lula e os principais quadros do PT sabem bem que, em meio a crise pela qual passa o partido, ter uma ala interna crítica, porém muito bem controlada, pode ser extremamente útil para conter rupturas à esquerda.

Diante deste cenário, os trabalhadores e jovens que hoje rompem com o governo à esquerda, e as organizações políticas que já há anos vêm denunciando os ataques do PT, não podem alimentar qualquer tipo de ilusão nas manobras das alas supostamente críticas à Levy. Qualquer posicionamento sério contra o ajuste fiscal e a ampliação da terceirização precisa se articular de maneira independente do governo federal e das burocracias sindicais dirigidas pela CUT.




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