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PRESIDENCIA | Dilma busca apoio de Temer

Na busca de tentar acabar rapidamente com o impeachment e de rachar ainda mais o partido da base aliada PMBD, a presidente Dilma Rousseff tentou minimizar o distanciamento entre ela e o vice-presidente Michel Temer (PMBD) lançando à imprensa uma série de elogios, entre eles dizendo o quanto confiava no vice-presidente.

Fernanda PeluciDiretora do Sindicato dos Metroviários de SP e militante do Mov. Nossa Classe

terça-feira 8 de dezembro de 2015 | 00:11

Assim que foi iniciado o processo de impeachment contra a presidente na última quarta-feira, Temer logo afirmou para a mesma que estava descartada a sua participação ativa no processo, ainda que auxiliares da presidente afirmam que o mesmo esteja conspirando contra ela para chegar ao poder. A expectativa de Dilma é de que o vice-presidente se envolvesse diretamente em sua defesa, e contra o processo de impeachment iniciado por membros do seu próprio partido.

Dilma, no entanto, negou a tese de conspiração e afirmou que ela preferia manter a posição que sempre teve a respeito do aliado. "Ele sempre foi extremamente correto comigo. Não tenho porque desconfiar um milímetro dele", disse. "Não é essa a posição que eu sei dele e não é isso que ele tem me dito", reforçou, sobre o suposto abandono e conspiração.

Dilma voltou a destacar que o processo de impeachment não tem fundamento e lembrou que as contas do governo de 2014 e 2015, apesar do parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) indicando a reprovação, ainda serão julgadas pelo Congresso Nacional. Inclusive, a presidente hoje anunciou que defende que se suspenda o recesso do final do ano (que vigoraria de final de dezembro até fevereiro) para que seu processo de impeachment fosse apreciado o mais rápido possível e para não agravar ainda mais as crises política e econômica.

O governo tem defendido suspender o recesso parlamentar para dar agilidade na análise do processo de impeachment. A leitura do Planalto é de que a votação mais rápida do pedido de afastamento da petista favoreceria a presidente, e uma vez afastada a possibilidade de impeachment a mesma teria desta forma mais legitimidade em implementar os ajustes fiscais tão desejados, caso decida-se o "fica Dilma".

"Vamos utilizar o julgamento das contas da presidente para colocar o governo contra a parede nessa história de suspender o recesso. A votação das contas é tudo que eles menos querem, porque pode ser mais um argumento para o impeachment", disse o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SP), presidente nacional do Solidariedade, um dos maiores defensores de Eduardo Cunha na Câmara.. Inicialmente a favor da suspensão do recesso, o parlamentar defende agora que os parlamentares não trabalhem em dezembro e janeiro. "Precisamos fazer negociações durante esse período. Precisamos de mobilização, mas, no final do ano, o povo não quer saber disso, vai é passear, para a praia", afirmou Paulinho.

A pressão dos aliados de Eduardo Cunha para manter o recesso parlamentar e o processo de impeachment ser votado o mais breve possível vai além da intenção de estender o calvário da presidente Dilma: a interrupção dos trabalhos na Câmara daria também mais tempo para o peemedebista trabalhar para arregimentar os votos necessários para livrá-lo do processo do qual é alvo no Conselho de Ética da Casa.

Empresários pedem estabilidade

Os primeiros contatos com empresários já se dão desde a última sexta-feira por emissários do Palácio do Planalto, do PSDB (partido à frente da oposição), e até mesmo de Michel Temer (PMDB), que possui uma rede privilegiada de interlocutores na economia, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com as quais mantém ótima relação. Portanto, não é por menos que Dilma pede o apoio à ele. Por enquanto, o recado transmitido ao mundo político foi claro: os empresários tem pressa em encontrar uma solução para a crise política. A grande preocupação é adentrar 2016 longe de uma definição, o que geraria impactos negativos na economia, prejudicando os planos que estes tem para implementar com os ajustes.

Enquanto isso a classe trabalhadora e o povo pobre seguem reféns dos mandos e desmandos desta casta corrupta, que avaliará a possibilidade ou não de vingar o impeachment a partir das possibilidades lançadas para implementar o plano de ajuste contra a população, que pedem os empresários.

Os trabalhadores perante a crise política e econômica que se aprofunda precisam buscar uma saída independente da direita e do governo, buscando lutar por uma assembleia constituinte livre e soberana, colocada de a partir das mobilizações operárias, populares e da juventude, nos locais de estudo e trabalho, para que estes sejam os que determinem os rumos do país, fazendo com que, desta forma, a crise seja paga por aqueles que a geraram, que são os políticos da burguesia (PT, PMDB, PSDB, entre outros) que governam para os ricos.




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