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Permanência estudantil | Diante do despejo pela reitoria USP, é urgente a devolução dos blocos K e L da moradia

Nós da Faísca lutamos pelo acesso imediato dos moradores do Bloco D ao plano de obras anunciado pela reitoria da USP de despejo. Assim como defendemos a devolução imediata dos blocos K e L e garantia de moradia digna para todes. Que os estudantes decidam os rumos da reforma!

quarta-feira 4 de agosto de 2021 | Edição do dia

Imagem: Bruno Santos / Terra

Faltando alguns dias para o término do prazo que a Reitoria da USP deu aos estudantes para retirarem todos seus pertences do Bloco D do Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo (CRUSP), torna-se ainda mais urgente discutir as políticas de permanência. Isso porque foi oferecido aos estudantes que residem regularmente um auxílio moradia insuficiente de míseros 500 reais ou a possibilidade de, por conta própria, encontrarem um quarto vago dentro dos outros apartamentos e blocos da moradia estudantil já lotada. Enquanto isso, os moradores irregulares não têm nem mesmo essas ineptas possibilidades, sendo despejados de suas casas e ficando sem ter onde morar.

O CRUSP está longe de ser uma moradia ideal para comportar estudantes vindos de todo o Brasil, o que fica evidente com os recentes escândalos sobre desnutrição dos moradores, infiltrações e mofo nos apartamentos, falta de água por semanas no meio da pandemia, e falta de internet para assistir às aulas online. Justamente por isso, é uma demanda histórica do Movimento Estudantil a ampliação e revitalização do conjunto residencial, de modo a garantir que os estudantes mais precarizados que necessitam de moradia e permanência estudantil possam permanecer na Universidade.

Entretanto, a medida da Reitoria, que para aplicar uma reforma impôs o despejo dos moradores, está longe de ser uma solução. Não é de hoje que a reitoria e toda a burocracia universitária é declaradamente elitista e racista, cortando bolsas, deixando bem claro que para eles a Universidade não é lugar de pobre que precisa de permanência. Sem nenhuma transparência, agora anunciam autoritariamente que ocorrerá uma reforma, sem dar acesso ao plano de obras aos moradores, justamente aqueles que usufruem do espaço e sabem verdadeiramente as necessidades de reparo e reforma da moradia que há anos é sucateada e abandonada pela reitoria.

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Sobre essa obra, foram repassadas apenas informações difusas e insuficientes para os moradores do Bloco D. Assim, é um absurdo que estejam sendo obrigados a deixarem suas casas por uma reforma que não tiveram decisão sobre e nem ao menos sabem exatamente qual o projeto. É necessário que eles tenham acesso ao plano de obras e possam decidir sobre a reforma, elencando as hierarquias. Além disso, também se precisa garantir transparência em todo o processo, para assegurar que as demandas dos estudantes serão realizadas. São os estudantes os melhores para avaliar quais as necessidades de reforma no CRUSP e decidirem sobre o projeto. Não é de hoje também que sabemos que a reitoria faz negócio com empresas que lucram milhões em nome de uma suposta melhoria estrutural da Universidade, como é o exemplo dos paredões de vidro entre a raia da USP e a Marginal Pinheiros.

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Não só devemos lutar defendendo a moradia dos estudantes regulares e irregulares do Bloco D, como também exigir a devolução imediata dos blocos K e L que há anos foram tomados pela reitoria e jamais devolvidos, enquanto centenas de estudantes todos os anos não conseguem espaço no CRUSP lotado.

Os blocos K e L, construídos como o restante do CRUSP com o objetivo inicial de abrigar atletas em jogos panamericanos, foram ocupados há décadas e transformados “na marra” em moradia estudantil. Posteriormente, a reitoria removeu os estudantes e transformou os dois prédios na sede da reitoria, até que esta foi novamente transferida para o prédio próximo à Escola de Comunicação e Artes. Com destino incerto, os estudantes recorrentemente exigem sua devolução para a moradia estudantil, cuja demanda supera em muito a parca oferta de vagas.

O que garante que a reitoria não está despejando os moradores do Bloco D e, assim como os blocos K e L, não irá devolver? Não há garantia de devolução e nem de qual reforma será feita. Essas são questões que demonstram o tamanho deste ataque à permanência. E pra isso precisamos estar à altura para responder a reitoria. Por isso, não somente os moradores do Bloco D e de todo o CRUSP precisam se organizar, mas o conjunto do movimento estudantil. Para unificar e massificar essa luta fundamental, precisamos de espaços democráticos de discussão e deliberação.

Por isso nós, estudantes da Faísca que moramos na moradia ou apoiamos com toda a solidariedade, viemos defendendo que o DCE Livre da USP, dirigido pelo PT, PCdoB e Levante Popular da Juventude, construa uma assembleia geral para que todes estudantes saibam do que está acontecendo e consigamos organizar a força suficiente para não deixar nenhum estudante sem moradia. Estivemos presentes na última assembleia do CRUSP (01 de agosto), em que essa exigência ao DCE por uma assembleia geral foi aprovada.

Não só isso, nessa última assembleia do CRUSP foi indicada a realização de um ato no dia do Estudante, no dia 11 de agosto, na USP, para podermos demonstrar nossa força unificada, com todas as medidas de segurança sanitária. É imprescindível que todas as entidades, Centros Acadêmicos, coletivos e movimentos políticos e sociais estejam à serviço de fortalecer a luta dos moradores do CRUSP por permanência, construindo esse ato da próxima semana e se unificando na exigência por uma assembleia geral!

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