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Destituição arbitrária de Professora no Hospital Universitário da USP

quinta-feira 4 de março de 2021 | Edição do dia

Nessa semana recebemos a denúncia de que o Superintendente do Hospital Universitário, Prof. Paulo Margarido havia destituído a ex-Diretora da Faculdade de Farmácia da USP, Profa. Primavera Borelli, do Departamento de Farmácia e Laboratório Clínico do Hospital. A justificativa dada pelo Superintendente, extraoficialmente, foi de que tal desligamento teria se dado por pedido do atual Diretor da Faculdade de Farmácia, Prof. Humberto Ferraz, que teria alegado "falta de alinhamento" entre suas ideias e a da Professora Primavera.

Durante os anos que foi parte do Conselho Deliberativo do Hospital Universitário, a Profa. Primavera presidiu o Grupo de Trabalho responsável pela garantia do diálogo das representações dos trabalhadores, docentes e da sociedade civil com a Superintendência

Essa destituição arbitrária, ainda que possa ter vindo por parte do atual Diretor da Faculdade de Farmácia, é bastante conveniente para a administração do Superintendente Paulo Margarido no Hospital Universitário, indicado ao cargo de maneira pró-tempore pelo Reitor Vahan, não tendo sido eleito por ninguém, e que vem buscando administrar o Hospital Universitário de portas fechadas para os trabalhadores e de costas para a população. Haja vista que, durante o primeiro semestre da pandemia em 2020 foi necessário que os trabalhadores fizessem paralisações para garantir os EPI’s para atender os pacientes e até hoje, os trabalhadores pertencentes ao grupo de risco não foram liberados, tendo levado funcionários a óbito por COVID-19. Sem falar da falta de vacina, que só foi conquistada para todos os trabalhadores do HU depois de uma greve de uma semana no inicio desse ano.

Os trabalhadores do Hospital Universitário se reuniram nesta quarta-feira, 03/03, pra debater a destituição arbitrária da Profa. Primavera e aprovaram a seguinte moção de repúdio:

Pela Manutenção Da Profa. Primavera Borelli No Departamento De Farmácia E Laboratório Clínico Do HU*

Nós, funcionários do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo reunidos em Assembleia, apresentamos esta Moção de Protesto e Repúdio contra a destituição da Professora Primavera Borelli do Departamento de Farmácia e Laboratório Clínico do Hospital.

Tal destituição se deu de forma repentina e inesperada, sem qualquer justificativa plausível. Embora esta comunicação de desligamento realizada verbalmente em 26/02/21 pelo superintendente do Hospital Universitário, Prof. Paulo Margarido, tenha se justificado motivada a pedido do Diretor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Prof. Humberto Ferraz, alegando "falta de alinhamento entre suas ideias e as da Professora Primavera", o documento enviado a FCF oficializando o desligamento encontra-se como a pedido da superintendência deste Hu.
Acreditamos que essa inversão de autoria deu-se pelo fato do não cumprimento de normas regimentais da faculdade que exigem a anuência de órgãos internos, como sua Congregação e CTA, para validação deste desligamento.

Isso demonstra que a motivação tem caráter político, não estando relacionada à competência da Prof. Primavera. Inclusive, o cargo fora a ela atribuído muito recentemente, não havendo tempo hábil para o desenvolvimento pleno de suas funções, bem como as mudanças e aprimoramento dos setores de Farmácia e Laboratório Clínico. Ainda assim, destacamos que alguns problemas de funcionários que estão há anos sem solução começaram a finalmente a serem resolvidos sob sua chefia, apesar do pouco tempo. Nesse sentido, entendemos que a referida destituição ocorreu de forma unilateral e arbitrária, e vai na contramão das necessidades dos trabalhadores do hospital e da construção de um ambiente democrático que vinha avançando dentro desse Departamento.

A Prof. Primavera Borelli representa figura notável por excelentes serviços prestados há mais de 40 anos em sua atuação junto à Faculdade de Ciências Farmacêuticas e à Universidade através de sua atuação na faculdade e contribuições inestimáveis nas diversas comissões que integra e já integrou, buscando o aprimoramento da gestão e dos rumos da universidade, sempre atenta ao direito e bem estar de seus funcionários e trabalhadores em geral.
Atualmente vem exercendo inestimável colaboração à comunidade acadêmica e à sociedade por sua atuação propositiva e crítica em relação às questões que afligem o HU neste contexto da pandemia, no qual as políticas de anos de desmonte cobram seu preço. Entendemos que é pela firmeza de suas posições que agora é afastada de suas atribuições.
Essa destituição ocorre em benefício da política autoritária do atual Superintendente, que não comporta o diálogo que a Professora vinha travando com os trabalhadores.

O objetivo dessa destituição é silenciar as poucas vozes dissonantes na direção do hospital, reforçada pela impossibilidade de ter representantes do próprio hospital.

Por tudo isso repudiamos a interrupção de seu vínculo e exigimos a reversão deste desligamento. Convocamos aos demais pares dentro desta universidade e da sociedade civil para lutarem conosco para que este desligamento autoritário seja sumariamente cancelado.




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