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CONFERÊNCIA DO MRT | Desafios do MRT no movimento operário frente à situação nacional

Conforme viemos expressando no Esquerda Diário, as saídas que a burguesia coloca para a crise política não respondem aos interesses dos trabalhadores e dos oprimidos. Por um lado temos as variantes reacionárias de um golpe institucional, seja mais dirigido pelo que viemos chamando “partido judiciário”, seja mais dirigido pela FIESP/PSDB/PMDB, seja pela via do TSE como propõe a Rede de Marina Silva, chamando novas eleições para presidente. Por outro lado temos o governo Dilma que segue atacando os trabalhadores em meio à crise, para ver se consegue “satisfazer” a burguesia e minimamente terminar seu mandato, empossando Lula como ministro da Casa Civil. Frente a isso, quais os desafios colocados para os trabalhadores?

Marília Rochadiretora de base do Sindicato dos Metroviários de SP e parte do grupo de mulheres Pão e Rosas

terça-feira 29 de março de 2016 | Edição do dia

Em sua conferência nacional o MRT discutiu profundamente o cenário nacional e os desafios dos trabalhadores. Os governos, nacionalmente do PT e estadualmente dos diversos partidos, atacam os direitos dos trabalhadores para descarregar a crise em nossas costas, e a direita quer o impeachment para colocar um governo que ataque de forma ainda mais dura. Nesse cenário de polarização, vimos desde junho de 2013 a juventude mostrando o caminho, através das jornadas que derrubaram os aumentos de tarifa no país inteiro, depois as ocupações de escolas que derrotaram a reorganização de Alckmin, passando pela luta dos estudantes e jovens no país inteiro.
Ao mesmo tempo, os trabalhadores se sentiram motivados a lutar, e vimos uma onda de greves nos últimos anos como não se via desde a década de 80, com a emblemática greve dos garis do Rio, a exemplar greve dos trabalhadores da USP, professores em diversos estados, metroviários, ecetistas, bancários. Acompanhamos até mesmo um exemplo de saída para a crise na ocupação de fábrica da Mabe em Campinas, que deu os primeiros passos no sentido de uma alternativa frente às demissões. É nesse cenário, que combina crise política e expressões de luta nas bases, que o MRT discutiu uma forte orientação para os trabalhos no movimento operário.
Nesse marco, discutimos e votamos na Conferência algumas orientações para seguir fortalecendo nosso trabalho no movimento operário, onde viemos de avanços muito importantes com nossos trabalhos em trabalhadores da USP, metrô de São Paulo, professores em vários estados, bancários, correios, metalúrgicos, alimentação e outras categorias.

Revitalizar o Movimento Nacional Nossa Classe

O Movimento Nossa Classe surgiu justamente a partir da experiência dos garis do Rio de Janeiro, que fizeram uma greve em 2014 que foi um exemplo para os trabalhadores de todo o país. O objetivo fundamental do Movimento é organizar os trabalhadores numa mesma corrente nacional que possa se solidarizar e pensar medidas de unificação das lutas em curso. Queremos reforçar esse objetivo na atual situação nacional, trabalhando em conjunto com os grupos locais que o MRT constrói junto com independentes em cada categoria, promovendo a solidariedade às lutas e também a unidade com a juventude em luta em todos os cantos do país. Também é fundamental dar mais vida a um movimento de trabalhadores que não lute apenas pelas questões sindicais de cada categoria, mas que se coloque frente às grandes questões políticas nacionais, defendendo uma saída da classe trabalhadora para a crise.

A Juventude trabalhadora traz um novo ar para nossa classe

As mobilizações da juventude em 2013 e as ocupações das escolas pelos secundaristas, entre outras mobilizações de jovens, contaram com muitos jovens trabalhadores em sua composição e também muitos filhos de trabalhadores. Nós do MRT apostamos que essa juventude trabalhadora, que ocupa os postos de trabalho mais precários e rotativos, que tem roubado seu direito à educação de qualidade, à cultura e ao futuro e que vem, junto aos jovens estudantes, travando batalhas exemplares, pode trazer um novo fôlego para a classe trabalhadora de conjunto. Apostamos que a experiência dos trabalhadores mais velhos junto com a energia dos jovens pode vencer grandes obstáculos.
Ao mesmo tempo, não queremos construir uma juventude estudantil que apenas vá às fábricas e locais de trabalho dialogar com os trabalhadores. Esse diálogo é fundamental, mas queremos ir além. Queremos uma juventude que organize jovens estudantes e trabalhadores juntos, que possam aprender e ensinar mutuamente com seus conhecimentos e experiências. Assim será a nova juventude que vamos impulsionar a partir do chamado da Juventude às Ruas, que terá lançamento no dia 2/4, unindo jovens trabalhadores e estudantes na luta anti-capitalista e revolucionária.

Difundir e ampliar o Esquerda diário entre os trabalhadores

Com apenas um ano no ar, o Esquerda diário já um dos diários digitais mais lidos da esquerda, mais dinâmico e crescendo a cada dia. Entre os trabalhadores o Esquerda Diário possui não apenas leitores e apoiadores, mas colaboradores ativos, que escrevem, mandam vídeos, entrevistas, contribuem financeiramente, compartilham ou repassam em seus locais de trabalho. Queremos ampliar isso cada vez mais, pois acreditamos que todos os trabalhadores podem ser “jornalistas” a serviço de uma mídia que mostra seu ponto de vista sobre os diversos temas.
Além disso, queremos que o Esquerda Diário impresso se transforme numa ferramenta que dialogue com os trabalhadores em seu local de trabalho, trazendo não apenas uma contribuição para enfrentar os problemas do dia a dia, mas também um ponto de vista de nossa classe sobre as grandes questões nacionais e internacionais. Por isso agora o Esquerda Diário impresso passará a ser quinzenal e terá uma distribuição sistemática nos locais de trabalho onde nós do MRT temos alcance, se combinando também com os boletins locais de cada uma das estruturas. Vamos fazer chegar essa imprensa cotidianamente em muito mais locais de trabalho, em especial no proletariado fabril, que tem um papel estratégico para dar uma saída para a crise no país.

Fortalecer a intervenção na CSP-Conlutas

A CSP-Conlutas é uma central sindical que surgiu para fazer frente às centrais governistas e traidoras como a CUT e a Força Sindical. Apesar de ter sido sempre minoritária, ela agrupa boa parte dos trabalhadores vanguarda do país, que não se adaptaram aos governos do PT. Hoje, frente à crise política nacional, o PSTU, junto ao MES/PSOL, busca impor na Conlutas sua linha de “Fora Todos! Eleições Gerais!”, que termina fortalecendo a política do impeachment da direita, que quer derrubar o governo Dilma porque considera que os ataques que esta desferindo contra os trabalhadores não são suficientes.
Consideramos essa política do PSTU e do MES profundamente equivocada, como viemos discutindo em diversos textos do Esquerda Diário. Os trabalhadores que se organizam na CSP-
Conlutas não podem ficar reféns dessa política! Por isso nós do MRT buscaremos fortalecer nossa intervenção na CSP-Conlutas para lutar pela construção de um movimento nacional contra o impeachment e contra os ajustes do governo do PT. Um movimento como esse poderia ser base para a construção de uma saída de fundo para a crise política do país, através de um Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela mobilização.

Com essas orientações, nos propomos a cumprir um grande papel no movimento operário para que a crise seja paga pelos capitalistas e para contribuirmos para uma resposta dos trabalhadores para a crise política. Chamamos todos os trabalhadores a fazerem parte dessas iniciativas conosco.




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