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LAVAGEM DE DINHEIRO | Delatores dizem ter patrocinado a Stock Car para lavar dinheiro

Os delatores da operação Lava Jato falam ter usado contratos de patrocínio da Stock Car, principal categoria do automobilismo nacional, para lavar dinheiro que seria usado para pagar propina no âmbito da Petrobrás.

quarta-feira 27 de julho de 2016 | Edição do dia

O caminho do dinheiro passava por Adir Assad, empresário já condenado na Lava Jato e alvo de três operações da Policia Federal no ultimo mês. Ele era dono de uma empresa de marketing com atuação na categoria e também o principal parceiro de uma escuderia em uma divisão de acesso da modalidade. Grandes empreiteiras estamparam por anos suas marcas em carros da categoria, apesar de essas empresas não costumarem fazer despesas com publicidades.

De acordo com Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC e delator desde 2015, uma das maneiras de justificar o dinheiro usado para pagar propina era superfaturar os valores de patrocínio intermediados pela empresa Rock Star, de Assad. O volume excedente pago à empresa era "devolvido" e usado para pagamentos ilegais de ex-diretores da estatal e políticos.

Outro delator da Lava Jato, Ricardo Pernambuco, sócio da Carioca Engenharia, também afirmou que obtinha dinheiro em espécie para pagamentos por meio de contratos simulados com Assad. Pernambuco apresentou como uma das provas um contrato firmado em 2009, no valor de 820 mil, para patrocínio do piloto Murilo Macedo Filho na categoria Stock Car Light. Nessas notas, que somam valores de 3,5 milhões, a justificativa de pagamento era patrocínio para a J.Star Racing, equipe associada a Assad que competia na categoria Copa Montana. O responsável pela escuderia é Murilo Macedo.

Outro patrocinado do time de corrida era o Trendbank, que administrava fundo de pensão e que foi investigado em CPI neste ano por prejuízo na gestão de recursos de funcionários da Petrobras e dos Correios. Uma quebra de sigilo da empresa Rock Star na Lava Jato mostrou que o banco foi o maior financiador da firma Assad, com R$ 28 milhões pagos entre 2007 e 2013, o equivalente a 13% de tudo que a empresa recebeu desde a sua fundação.

Para comprovar a sua delação, o empreiteiro Ricardo Pessoa apresentou uma série de notas fiscais e até um contrato de patrocínio firmado por meio da empresa Rock Star. Nesse contrato, a empreiteira comprometeu-se a pagar à firma de Assad R$ 4 milhões por patrocínio e ações de marketing relacionadas ao piloto Allam Khodair na temporada de 2012.

Uma das notas fiscais emitidas pela empresa Rock Star para pagamento da UTC informa que o patrocínio era relacionado ao maior campeão da categoria Stock Car e ex-piloto de Formula 1 da década de 70, Ingo Hoffmann.

A primeira menção à competição de automobilismo na Operação da Lava Jato foi feita ainda em 2014, pelo doleiro Alberto Yousseff, delator da investigação. Ele disse que a Tomé Engenharia, que também mantinha patrocínio na categoria Stock Car, fazia pagamento de propina por meio de uma empresa "ligada ao ramo de corrida". A empresa Tomé também foi uma das maiores financiadoras da empresa Rock Star.

O envolvimento da maior categoria do automobilismo brasileiro na Operação Lava Jato mostra que os capitalistas transformam todas as modalidades esportivas numa verdadeira fonte de lucro. Para quem tem o costume de acompanhar o esporte automobilístico de um modo geral, sabe que se o piloto quiser correr numa modalidade importante, precisará de muito dinheiro e com isso vai ter que cair na malha dos patrocinadores. Trata-se de um esporte bastante lucrativo.

Por isso que o automobilismo, mas também o futebol, como demonstrou o envolvimento da Conmebol no caso do Panamá Peppers, conforme denunciamos neste texto aqui não estão por fora dos acordos sujos que os grandes capitalistas fazem para ganhar mais dinheiro. Como já havia citado neste texto, enquanto o esporte estiver nas mãos dos grandes capitalistas vamos ter casos que infelizmente faz pensar duas vezes se vale a pena acompanhar uma determinada modalidade.

Por sua vez, conforme estamos denunciando neste site, um dos objetivos da Lava Jato é fazer com que o imperialismo ganhe mais espaço no Brasil e por isso é preciso avançar contra as empresas nacionais. Mesmo que o esporte automobilístico brasileiro não tenha o mesmo prestígio como possuía nas décadas de 70, 80 e 90, ainda é uma importante fonte de lucro e hoje quem domina o "mercado" da principal categoria de corrida de carros do Brasil são as empresas brasileiras.

Esta ação da Lava Jato não vai combater a sujeira que existe dentro dos bastidores da categoria Stock Car. Na Fórmula 1, principal categoria mundial do automobilismo, o piloto da Mercedes Nico Rosberg, que é um dos favoritos ao título de 2016, teve o nome citado no caso do Panamá Pepers. A denúncia consiste que o piloto alemão teria usado uma empresa, "Ambitious Group Limited", nas Ilhas Virgens Britânica, para basear o seu contrato com a equipe Mercedes

Conforme estamos defendendo neste site, a única saída pra combater a corrupção que impera no Brasil hoje é uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força da mobilização dos trabalhadores e setores populares da sociedade. O que a Lava Jato quer é substituir um esquema de corrupção por outro, seja no âmbito político, seja também em outras áreas. Os acordos de delação premiada e acordos que as empresas envolvidas em escândalos fazem, representam um verdadeiro pacto pela impunidade que nem de longe levará ao fim da corrupção.




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