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DEMISSÕES NA VALLOUREC | Defesa do governo e retirada de direitos: o slogan que a CUT não quer mostrar

Durante o 12º Congresso da CUT muito se falou de “defesa do governo” e pouco foi falado sobre a defesa dos direitos dos trabalhadores contra as milhares de demissões país afora. Sem resistência sindical da burocracia e sem colocar-se contra os ajustes de Dilma, muitas patronais se sentem fortalecidas para demitir trabalhadores. Um exemplo é a patronal da Vallourec e por isso entrevistamos ao final deste artigo um trabalhador desta empresa para nos contar qual a atuação do sindicato na base.

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

sexta-feira 16 de outubro de 2015 | 00:00

Durante o 12º Congresso da CUT que teve em seu 1º dia como convidados de honra Lula e Dilma, agentes do ajuste petista contra os trabalhadores, muito se falou de “defesa do governo” e pouco foi falado sobre a defesa dos direitos dos trabalhadores contra as milhares de demissões país afora, mesmo tendo no chamado o slogan “direito não se reduz, se amplia”.

Sem resistência sindical contra os ajustes, muitas patronais se sentem fortalecidas para demitir trabalhadores. Um exemplo é a patronal da Vallourec, empresa que produz tubos de aço sem costura para setores petrolíferos entre outros produtos, em sua unidade no Barreiro, Belo Horizonte. Foram 250 demissões em apenas dois dias no final de setembro. Segundo informações, apenas na base sindical do Sindicato dos Metalúrgicos de BH e Contagem são homologadas cerca de 5 demissões por dia em cada empresa. São, portanto, milhares de demitidos na indústria por dia em Belo Horizonte e região metropolitana.

Nas regiões em que a realidade é a das demissões, como a metalurgia em Belo Horizonte e Contagem, o sindicato responsabiliza os trabalhadores por não haver lutas. No sindicato, é comum ouvir no momento da homologação por parte dos funcionários e diretores que “deveria ter greve nesse empresa” ou “se está ruim com Dilma imagina sem ela”. Mostram assim que, como discutido no 12º Congresso da CUT, a defesa número 1 é de Dilma... às custas de milhares de postos de trabalho uma vez que a adaptação frente às demissões é a marca do sindicato na região.

A burocracia sindical ligada ao governo petista tenta ajudar a montar um cenário de que os ataques viriam apenas da oposição de direita ao governo quando é o governo que negocia a flexibilização de direitos trabalhistas como lay off, férias coletivas, PDV e banco de horas. A direção da CUT passou a defender ataques como o PPE, que é a redução da jornada com a redução do salário. Alegam que seria melhor reduzir o salário do que perder o emprego gerando a ilusão de que a economia vai se recuperar. Além disso, apenas nesse ano já foram 111 categorias que tiveram reajuste abaixo da inflação, marcando a cara do ajuste do PT, Lula e Dilma.

Para defender os interesses dos trabalhadores uma direção sindical tem que ser contrária aos ajustes de Dilma, Lula e do PT. Papel oposto cumpre a CUT hoje, impedindo que a massa trabalhadora da base dos sindicatos da CUT e CTB possam ser sujeitos ativos contra os ajustes petistas, lutando contra as demissões, contra o PPE e pela redução da jornada sem redução do salário para que não seja mais nenhum trabalhador na rua e que todos sejam readmitidos.

O Esquerda Diário entrevistou mais um dos 250 trabalhadores demitidos da Vallourec, que teve seu contrato rompido no final de agosto e até agora não pode contar em nada com o sindicato dirigido pela CUT. Confira a seguir.

ED: O sindicato informou alguma medida que estariam fazendo contra as demissões ou pela estabilidade do emprego?

Não, existia uma liminar contra as demissões e ela foi derrubada, perguntei porque foi derrubada e ele simplesmente me disse: "É a justiça do Brasil. Não podemos fazer mais nada."

ED: Qual perspectiva deram para você como trabalhador demitido?

Não deram nenhuma perspectiva, eles só disseram "que a economia está melhorando” e que logo arrumo outro emprego e que se eu quisesse tinha alguns cursos no sindicato.

ED: Passados quase 20 dias da demissão dos trabalhadores da Vallourec, houve algum contato do sindicato com os demitidos?

Não houve nenhum contato e ainda por cima mudaram o dia da homologação, liguei para lá para saber a nova data e eles disseram para ligar no RH da empresa.

ED: Se houvesse um sindicato que estivesse ao lado dos trabalhadores lutando contra as demissões e pela readmissão dos trabalhadores, poderia ser diferente?

Sim, com certeza. Se o sindicato não defendesse o governo e tivesse um trabalho na base poderia ser diferente, todos organizados pela base haveria luta contra as demissões




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