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DOSSIÊ: Dia internacional da mulher negra, latino-americana e caribenha | Declaração do Pão e Rosas: mulheres negras contra o capitalismo

Pão e Rosas@Pao_e_Rosas

terça-feira 25 de julho de 2017 | Edição do dia

Mulheres Negras contra o Capitalismo!

Anulação Imediata da Reforma Trabalhista! Constituinte Já!

O governo mais impopular da história do nosso pais segue não muito firme, mas avança em medidas contra a classe trabalhadora. Seu último ato foi a aprovação da reforma trabalhista, um profundo ataque aos trabalhadores. O governo golpista de Temer, tem uma tarefa bem definida, que é de seguir garantindo os lucros capitalistas e farra da corrupção dos políticos da ordem.

Enquanto Temer, Rodrigo Maia e todo o governo golpista cortam nossos direitos, nos submetendo à jornadas de trabalho esgotantes, fim do direito a uma hora de almoço, rebaixamento dos salários, demissões em massa e ainda querem avançar para acabar com nossa aposentadoria, nos obrigando a trabalhar até morrer, os grandes empresários seguem em sua boa vida e os políticos cheios de regalias. Mas o que as mulheres negras têm a ver com isso?

Os governos do PT deixaram como legado o avanço de mais de 14 milhões de postos de trabalho precários com subcontratos (terceirizados, quarteirizados e até quinteirização dos serviços). É só observar a realidade para ver que trabalho precário tem rosto de mulher negra.

O governo Temer tem se esforçado para atacar ainda mais a classe trabalhadora. A terceirização para todos os setores de trabalho foi aprovada no meio do semestre e agora a reforma trabalhista veio para garantir aos patrões mais força na relação com os trabalhadores, em medidas que retiram direitos históricos.

Mas nesse cenário são as mulheres e em especial as mulheres negras as mais atingidas, pois historicamente recebemos os piores salários, que chegam a 60% a menos do salário de um homem branco. As condições de trabalho e salário são muito diferentes quando considerados o critério de raça, classe e gênero. Pois mesmo realizando o mesmo trabalho as mulheres recebem menos que os homens e as mulheres negras menos que as mulheres brancas. Os resquícios da escravidão e suas marcas sentidas pelos negros deste país ainda são gritantes e se expressam no imaginário racista da sociedade capitalista, onde as mulheres negras ainda são vistas como escravas, tanto do trabalho como da sexualização de seus corpos.

Existe uma ‘’naturalização’’, fruto do racismo, na qual as mulheres negras são vistas exercendo certos tipos de trabalho desvalorizados pela sociedade capitalista. (link da mestranda).
Ao mesmo tempo, são as mais atingidas com a crise, por exemplo, com o aumento do desemprego que para a população negra chegou a 14,1% em relação aos brancos que somavam 9,5% segundo dados do IBGE.

Os golpistas de plantão se apoiam em políticos racistas e misóginos como a família Bolsonaro e todos os enormes latifundiários enriquecidos fruto do trabalho escravo histórico e sua manutenção até os dias de hoje em nosso país. Políticos escravocratas que proliferam discurso de ódio contra os negros, as mulheres e os LGBT´s e fazem isso para tentar dividir as nossas fileiras e assim seguirem garantindo seus privilégios e a super exploração capitalista, descarregando sobre nossas costas a crise econômica e politica. As medidas do atual governo buscam atacar a classe trabalhadora e arrancar o futuro vida das mulheres negras.

A reforma trabalhista é um exemplo do que Marx afirmou, pra quem o Estado é um comitê dos assuntos burgueses. Por isso nós, enquanto mulheres negras, pertencentes a classe que tudo produz e constrói nesse pais e em todo o globo devemos lutar de maneira independente contra os ataques do governo e contra o capitalismo para colocar abaixo o racismo.

Não podemos aceitar que um congresso de homens à serviço da burguesia, brancos engravatados e corruptos, decida sobre as nossas vidas, que decidam como vão retirar nosso direito de viver. As mulheres negras precisam tomar em suas mãos a luta contra a reforma trabalhista. Historicamente estivemos a frente das lutas contra os governos no Haiti, nas revoltas e rebeliões escravas, mas também nas lutas da classe trabalhadora contra o trabalho precário e por nossos direitos e é com esse espírito, com as nossas experiências anteriores que devemos nos por de pé hoje pela Imediata anulação da reforma trabalhista. Estes são apenas alguns exemplos do efeito devastador da reforma trabalhista na vida das trabalhadoras.

Essa é uma luta urgente! A CUT e a CTB boicotaram a greve geral do dia 30 de junho facilitando assim a aprovação da reforma trabalhista que tem um impacto devastador sobre as mulheres negras no Brasil. O trabalho intermitente virá para destruir a vida das mulheres negras que, ganhando 40% a menos que os trabalhadores brancos no Brasil poderá arrumar um novo emprego dividindo as 24 horas do dia entre dois empregos e a dupla jornada de trabalho em casa, sem tempo para dormir, quem dirá para viver e talvez assim alcance uma “igualdade salarial” com base na destruição da sua vida. Lutar pela igualdade salarial das trabalhadoras negras é uma demanda vital para o conjunto da classe operária no Brasil hoje.

Os filhos das mulheres negras, assassinados nos bairros e favelas do país, agora poderão já nascer contaminados graças a reforma trabalhista que permite trabalho insalubre para mulheres trabalhadoras, o que será, sem dúvida mais forte nos postos precários de trabalho que tem rosto de mulher negra.

Nossa luta contra as reformas deve se ligar à luta contra o racismo e a todos os desmandos da sociedade capitalista, que em todo o mundo tem submetido à enorme maioria da população à miséria e ao desemprego. Combater as reformas em nosso país deve ser parte do combate ao capitalismo e suas formas de opressão e exploração.

Não podemos cair na armadilha de que Lula, se eleito, vai anular as reformas. Foram os governos do PT que abriram caminho para esta reforma trabalhista. O regime político inteiro está podre e não serve aos nossos interesses. Por isso é necessário confiar em nossas forças e na do conjunto da classe trabalhadora e do povo pobre e lutar para impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que tenha como primeira medida anular as reformas que vão contra os interesses da população.




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