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ELEIÇÕES NA FRANÇA | Declaração de Philippe Poutou: “Macron não é uma defesa contra a Frente Nacional”

Frente à divulgação do resultado eleitoral na França, que leva a um segundo turno entre o liberal Macron e a ultradireitista Le Pen, Poutou, o candidato operário do NPA, argumenta que, frente a extrema direita, a única solução está nas ruas.

segunda-feira 24 de abril de 2017 | Edição do dia

Primeiro de tudo queremos agradecer aos eleitores que escolheram confiar em nós. Com essa votação, eles e elas expressaram seu rechaço a um sistema de políticos profissionais corruptos e que permitem que, neste país, os capitalistas e banqueiros continuem de fato exercendo o poder. Eles e elas voltaram a afirmar que a mudança será pela mobilização e ruptura com esse sistema.

Esta campanha demonstra a crescente brecha que separa mais e mais a população de um sistema político que não nos representa e que, fundamentalmente, não leva em conta nossas condições de vida, que pioram ano após ano… Todos esses políticos representam cada vez menos eleitores, especialmente nos bairros populares.

O elemento inédito nesse primeiro turno é que, no segundo, não chegaram candidatos do Partido Socialista e do Republicano. Isso é um sinal de uma grande crise política em que os dois partidos que tem governado nos últimos 60 anos podem ser eliminados. No entanto, a presença no segundo turno de Marine Le Pen e de Emmanuel Macron não é uma boa notícia, e muito menos uma ruptura com o que sofremos nas últimas décadas.

A Frente Nacional defende um sistema que está longe de ser a defesa dos trabalhadores, por isso, é um partido capitalista como os outros, que não pretende lutar contra as demissões e nem os demais projetos patronais, que protege os ricos e golpeia os explorados. Além disso, esse partido é um sério perigo pelo racismo, gerando ódio contra a população imigrante e de origem imigrante, e gera uma divisão para desviar a atenção dos trabalhadores e trabalhadoras frente aos verdadeiros responsáveis pelo desemprego e a pobreza.

A votação de Le Pen e a crise política mostra a urgência de retomar nossas atividades, mobilizarmos. Muito além do que em 2002, os próximos dias, não se tratam de uma “frente republicana”, mas de uma ampla mobilização contra a Frente Nacional e as políticas liberais, especialmente os jovens, que são indispensáveis. Devemos lutar nas empresas e bairros, sem esperar o resultado do segundo turno.

No domingo, 7 de maio, muitos irão querer bloquear Le Pen votando em Macron. Entendemos o desejo de rejeitar o perigo mortal para o progresso social e para a defesa de nossos direitos, especialemte para a população de origem imigrante, que representa a chegada de Marine Le Pen ao poder. Porém, queremos lembrar que essas são as políticas de austeridade e de segurança que começaram com o suposto governo de esquerda, e que causou o crescimento da FN e de suas ideias asquerosas. Macron não é uma defesa contra a Frente Nacional e o persistente aumento da pobreza; não há outra solução que não seja encher as ruas contra a extrema direita, mas também contra todos aqueles que, como Macron, tem implementado ou querem implementar medidas antissociais. O NPA e seus militantes se unirão às manifestações contra a FN.

Para todos aqueles que se recusaram a votar ou a quem foi negado o direito de votar, aos que votaram em Melenchón pensando que era um voto de rupturas, aqueles e aquelas que votaram no Lutte Ouvriere, nós queremos dizer-lhes que necessitamos de uma nova força que nos represente: um partido que represente nossos interesses, uma ferramenta para nossas lutas cotidianas, para colocar fim a este sistema capitalista, por um projeto de sociedade livre de toda exploração e de todas as formas de opressão.

Nas próximas semanas, nós estaremos presentes nas ruas neste 1º de maio: para demonstrar a solidariedade internacional em um momento em que a França continua com suas intervenções neocoloniais e Assad segue semeando a morte, e também para defender as nossas liberdades democráticas e nossos direitos sociais. Além disso, o NPA continuará atuando nas cidades e bairros populares, nas fábricas, na mobilização, na ação cotidiana, na campanha que levantamos com meus camaradas nos últimos meses. Desde a noite do primeiro turno, seguiremos desafiando o sistema, todas e todos juntos.




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