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ELEIÇÕES 2020 | Debate no Rio mostrou direitistas disputando quem mais mente pra seguir atacando

O debate que ocorreu nesta quarta (02/10) na Band expôs aos cariocas a abundância de candidatos da extrema direita e de direita prontos para que a grave crise econômica, política e social do Rio de Janeiro seja descarregada nas costas do povo trabalhador.

sábado 3 de outubro de 2020 | Edição do dia

Imagem: Reprodução/ Band

Segundo diagnósticos de Paes (DEM) e Crivella (REP), o Rio de Janeiro, essa mesma cidade que vivemos, está ou esteve uma maravilha em seus governos.

Crivella teve a cara de pau de querer reivindicar a saúde carioca. Para ele, a saúde do Rio nunca esteve tão bem, quando no Rio é das maiores médias nacionais de morte, afetando justamente os bairros negros e pobres, os que mais sofrem com alagamentos (ainda mais rotineiros), deslizamentos de terra e até mesmo desabamentos de prédios.

Se é assim, por que o prefeito colocou capangas pagos na porta de hospitais para reprimir a população indignada com as péssimas condições da saúde? Desmentir isso é tão fácil, quanto necessário. Com sua languida e monótona voz quer negar por palavras vazias aquilo que os cariocas sentem na pele ao utilizar um sistema de saúde sucateado pelo Prefeito. Sem querer esgotar seu rol de calamidades na saúde, o Rio chegou a ter mais de 900 pessoas na fila por um único leito para coronavírus, é a 2º cidade com mais mortos por mil habitantes no mundo, no meio da pandemia, salários de profissionais da saúde atrasaram, e até o inicio de 2020, Crivella já havia cortado mais R$ 800 milhões da área.

Nas falas de Crivella nem parece que o Rio é um dos recordistas em desemprego e trabalho precário, uma cidade onde tem um poder cada vez maior das milícias, com seu controle territorial e ocupando espaços cada vez mais fortes no regime político, o que ele não faz referência porque se associa a elas. Fez questão de mostrar seu alinhamento com Bolsonaro e tentou expressar ao máximo como “homem de deus” e seu conservadorismo, buscando atacar o PSOL pela defesa do que ele chamou de “ideologia de gênero” e pela “legalização das drogas”, tema que Renata Souza do PSOL não respondeu diretamente.

Crivella como prefeito mostrou que governou em função de Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e vice versa. Na saúde, a absurda mistura entre a igreja e o estado é cultivada por Crivella. Sua intenção é “cuidar” somente dos seus seguidores, como se mostrou no emblemático caso dos fiéis orientados a falar com a Márcia para conseguir furar a fila do SUS e do Tomógrafo instalado no interior de uma Igreja na Rocinha.
O debate na Band mostrou ao público a pouca vergonha na cara de Eduardo Paes. Segundo ele, seu governo teria sido uma verdadeira maravilha, chegando inclusive a elogiar sua própria atuação nos transportes. Em sua época, os mafiosos dessa área eram reis junto aos empreiteiros, com um péssimo serviço. Os maiores exemplos da subserviência do seu governo com os empresários do ramo são o sempre super-lotado BRT e o VLT, pensado para turistas, na qual a prefeitura se endivida para garantir o lucro caso não haja uma lotação pré-determinada. Foram bilhões em obras superfaturadas, mal planejadas, unicamente para enriquecer alguns poucos enquanto a maioria amargou a continuidade de um transporte terrível. De forma mentirosa, defendeu as remoções em seu governo e afirmou que sempre tratou todos os removidos com respeito. Não é a opinião dos mais de 60 mil pobres e trabalhadores escanteados por um projeto excludente das obras olímpicas, uma questão que Renata Souza denunciou no debate. São pessoas que perderam suas casas para especulação imobiliária dos condomínios de luxo, como ao redor do Parque Olímpico, hoje abandonado. Paes também elogiou sua atuação na saúde, mas fez cortes milionários e implementou o sistema de Organizações Sociais, que terceiriza a saúde para terceiros lucrarem com um direito. A Iabas, empresa que saqueou os cariocas em plena pandemia, prestou serviços à prefeitura em sua gestão. Já na educação, a categoria não esquece a repressão sofrida por sua polícia em 2013.

Tanto Paes quanto Crivella foram os maiores alvos de seus adversários da direita e extrema direita no debate, o que não significa de forma alguma a diferença qualitativa em um projeto excludente para os próximos 4 anos.

Martha Rocha (PDT) é uma candidata vista com bons olhos por setores do progressismo, mas nesse debate fica bem clara sua intenção de disputar público de direita, com posições abertamente reacionárias. Ressaltou por diversas vezes orgulhosamente sua atuação como delegada de polícia, chegando a ser chefe da Polícia Civil do Cabral, no auge da implementação das UPPs, em 2011. Teve oportunidade de implementar o programa que defende e o resultado foram 523 assassinados pelo estado neste ano no Rio, segundo o ISP. Leia este texto onde explicamos porque Martha Rocha está longe de ser qualquer alternativa ao povo carioca.

Na constelação tenebrosa da direita ainda está Bandeira de Mello (REDE), se prestando a um risível papel de realizar dobradinha política com Paulo Messina do golpista MDB e soltar comentários soltos sobre sua gestão no Flamengo, sem mencionar os meninos do Ninho. Glória Heloiza (PSC) do famigerado partido do Witzel é a candidata de Pastor Everaldo para buscar repetir a tragédia como uma nova farsa.

Luiz Lima do PSL é outro que despejou demagogia bem ao estilo Wilson Witzel, buscando se localizar como alguém de fora da política, contra os políticos e a corrupção, alinhando sua figura a de Bolsonaro. Seu discurso cai por terra quando se olha para sua própria carreira. Foi secretário nacional de esportes de Temer e é deputado federal. Se trata de mais um nefasto reacionário contra os negros, os lgbts e as mulheres, mesmo se escondendo atrás da figura de ex-professor de educação física, seu legado será justamente contra os docentes.

Benedita da Silva (PT) passou a maior parte do tempo do debate exaltando sua própria história, com um discurso de defesa dos pobres, mas sequer citou Bolsonaro. Falou de “estado laico”, mas não explicou porque perdoou a dívida das Igrejas. A candidata mostra uma adaptação do PT a um regime fruto de um golpe, que aprofunda seu caráter reacionário. O partido está coligado com o ex-partido de Bolsonaro e atual de Luiz Lima, o PSL, em 140 cidades e apoia candidaturas bolsonaristas no estado. A candidata reivindicou muito sua trajetória, mas não falou que em 2002 Benedita governou por 9 meses o estado e morreram 900 jovens pelas mãos da PMRJ. Integrou os governos de Cabral, desastrosos aos trabalhadores, como Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos de 2007 a 2010 prestou apoio para sua reeleição.

Até sua fala final, a candidata do PSOL, Renata Souza também não havia mencionado Bolsonaro e quem mandou matar Marielle. De conjunto manteve a postura do PSOL de se mostrar como alternativa viável para governar o Rio de Janeiro, com um Coronel da PM como vice, alimentando essa ilusão de governar uma cidade progressista no país de Bolsonaro e sem fazer nenhuma denúncia ao regime forjado pelo golpe institucional ou um chamado a dar uma saída nas ruas, preferindo apresentar o PSOL como eficaz por quantos impeachments apresentou, o que é um desarme estratégico como explicamos aqui.

A falta de democracia dessas eleições excluiu o candidato do PSTU e do PCO, mas todas as candidaturas patronais estavam lá. Isso demonstram o caráter anti-democrático desse debate de emissoras capitalistas que marginalizam candidaturas de esquerda sem os milhões disponíveis para os partidos burgueses.




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