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ELEIÇÕES 2018/DEBATE RJ | Debate RJ: centro no aprofundamento da repressão e ausência de saídas anticapitalistas

No dia 16 de agosto ocorreu na Band o primeiro debate para os candidatos ao governo do estado do Rio de Janeiro. Participaram Eduardo Paes (DEM), Romário (PODEMOS), Anthony Garotinho (PRP), Indio da Costa (PSD), Marcia Tiburi (PT), Tarcisio Mota (PSOL), Pedro Fernandes (PDT) e Wilson Witzel (PSC). No debate não houve respostas de fundo à crise social, econômica e política que assola o Rio, que obrigam necessariamente a atacar os interesses dos capitalistas e os privilégios dos políticos corruptos.

sexta-feira 17 de agosto de 2018 | Edição do dia

No debate não houve respostas de fundo à crise social, econômica e política que assola o Rio, que obrigam necessariamente a atacar os interesses dos capitalistas e os privilégios dos políticos corruptos. Tampouco um combate à direita golpista, ou qualquer denúncia à Lava Jato, que impede o povo de votar em quem quiser para a presidência mas garante a candidatura de Garotinho.

No primeiro debate para governador do Rio, Romário, que está liderando as pesquisas de intenção de voto até o momento com 25%, acabou sendo favorecido por ter ficado em segundo plano, já que o embate acabou se dando entre dois representantes da velha política já conhecida no Rio de Janeiro com Eduardo Paes e Garotinho, que detém respectivamente 19% e 14% das intenções de voto. Foi um verdadeiro festival do sujo falando do mal lavado.

A cena no primeiro bloco de Paes lembrando da prisão de Garotinho por comprar voto, e este respondendo-o lembrando que Paes tinha como braço direito Pedro Paulo, agressor de mulheres, foi uma síntese do que estaria por vir. Na época Eduardo Paes havia dito que era “uma coisa de casal, que aconteceu entre quatro paredes, que a gente não conhece as circunstâncias, interessa a eles” e que “as brigas são um problema do Pedro Paulo”.

Corruptos notórios como Eduardo Paes e Garotinho, que adotou a linha de que “a melhor defesa é o ataque”, apontando o dedo um para o outro mostraram que se depender deles os trabalhadores continuarão pagando pela crise. Um exemplo claro foi Eduardo Paes que seguiu o debate fingindo que não era do MDB até bem pouco tempo. Enquanto isso Romário que também é investigado por movimentações financeiras escusas, se juntou aos dois primeiros, tentando se colocar como paladinos da ética deram o tom do debate.

Do ponto de vista da oposição, Marcia Tiburi que está se lançando pela primeira vez a um cargo executivo pelo PT, não conseguiu defender qualquer proposta, ou mesmo se fazer entender, para além de afirmar que sua candidatura era uma “consequência de Lula”. Foi a única que colocou a denúncia da prisão arbitrária de Lula. Mas não apresentou nenhuma saída, seja a essa questão, ou à crise do estado do Rio de Janeiro.

Tarcísio Mota, que é candidato pelo PSOL, também não apresentou um programa que atenda às demandas mais sentidas pelos trabalhadores, resolvendo de uma perspectiva anticapitalista a profunda crise econômica, social e política que assola o estado do Rio de Janeiro. Tentando se mostrar “viável” para o grande eleitorado, deixou de lado a denúncia do golpe não fazendo nenhuma denúncia do autoritarismo judiciário que está impedindo o povo de eleger quem quiser, com a Lava Jato escolhendo a dedo os candidatos para a eleição presidencial. O brutal assassinato da vereadora Marielle, que ontem completou 155 dias sem qualquer solução, foi tocado muito superficialmente, apenas em sua última fala.

Isso se torna ainda mais problemático quando os dois principais temas tocados são muito sensíveis à vida dos trabalhadores e do povo do Rio de Janeiro, como a intervenção federal e a violência social, e a crise do estado com centro na questão do desemprego. Há exatos seis meses desde que a intervenção federal de Temer foi implementada, os resultados foram o aumento de 35% das mortes pela ação da polícia no primeiro semestre desse ano, totalizando oficialmente 738 pessoas assassinadas em ações bárbaras como a que tirou a vida de Marcos Vinícius de 14 anos na favela da Maré recentemente.

A resposta dos candidatos a esse tema, que foi escolhido pelo twitter como o primeiro a ser debatido pelos eleitores, foi inadmissível em alguns casos, e trágica em outros. Como era de se esperar Índio da Costa, Romário, Garotinho, Paes e Wilson Witzel defenderam aumento da repressão policial, com matizes apenas de forma entre si, tendo destacado cada qual à sua maneira a elevação da ostensividade das forças repressivas nas ruas do Rio. Agora que a intervenção federal demonstrou-se uma manobra do golpista Temer que em nada diminuiu a violência contra os trabalhadores e o povo, muito pelo contrário, a maioria dos candidatos que outrora brindaram apoio a intervenção, demagogicamente buscaram se separar dela, com a exceção apenas de Wilson Witzel que deu um show de reacionarismo no tom de “bandido bom, é bandido morto”.

Eduardo Paes cinicamente, mesmo com o aumento das mortes por conta da intervenção, defendeu que ela siga, mas sob “comando do governador”, para continuar o legado assassinatos impunes dos negros e pobres nas favelas nos governos do MDB. Marcia Tiburi do PT, em meio às elucubrações filosóficas, respondeu ao problema colocando ênfase nas más condições de trabalho dos policiais. Algo que Tarcísio Mota novamente também defendeu, ao lado de dizer que a “intervenção federal foi eleitoreira de Temer, feita sem planejamento algum”.

Tarcísio novamente defendeu o programa utópico e reacionário do PSOL no Rio para esse tema. Deu ênfase à “reforma da polícia ouvindo os próprios policiais”, e tratou o problema da violência policial como se esse emanasse da “lógica do confronto”, quase como se fosse algo cultural, e não produto das imensas divisões de classe que se aprofundam em meio à crise econômica e social do Rio, como já debatemos anteriormente. Nenhuma palavra sobre a necessidade de legalizar as drogas foi dita.

A crise da UERJ também foi um ápice de cinismo com Eduardo Paes tentando fazer crer que defende a universidade, como observou tal Carolina Cacau, estudante da UERJ e ex-candidata a vereadora do MRT na legenda do PSOL em 2016 em seu twitter:

Sobre a crise econômica do estado, novamente os candidatos dos partidos dos capitalistas testaram a paciência de quem assistiu ao debate. Garotinho denunciando as isenções fiscais à joalheira, termas, motel e cabeleireiros, como o salão Werner Coiffeur que antendia a esposa de Sergio Cabral, prática que ele mesmo levou à frente quando esteve no governo. Paes fingindo que não teve nenhuma responsabilidade na crise do estado, e afirmando que irá cobrar a dívida ativa do estado como solução, Romário afirmando que não entende de economia. E como veio se colocando nos debates nacionais, o PSOL com Tarcísio tampouco questionou a Lei de Responsabilidade Fiscal.

A necessidade de lutar por uma Petrobras 100% estatal gerida pelos trabalhadores e sob controle popular, o que daria e sobraria para garantir trabalho, Educação e Saúde como demonstramos aqui foi uma grande ausente do debate. Bem como o não pagamento da dívida pública, ou mesmo o confisco dos bens dos corruptos, dentre os quais muitos estavam entre os candidatos, demonstrando o caráter absolutamente golpista e parcial da Lava Jato.

Carolina Cacau afirmou ao Esquerda Diário: “É fundamental impulsionar campanhas no Rio pelo não pagamento da dívida pública e em defesa da Petrobras 100% estatal gerida pelos trabalhadores. Não se pode crer que poderemos avançar sem atacar os interesses dos capitalistas. Ou que estamos em meio às eleições normais, quando o Judiciário impede que o povo vote em quem quiser. Não apoiamos o voto no PT mas é um grande problema que esse tema tenha sido tão relegado no primeiro debate ao governo do Rio, para onde a Lava Jato praticamente se mudou, e mostrou que não está aí para acabar com a corrupção.

Da mesma maneira o problema da violência social não se resolve sem garantir alternativas de futuro para os trabalhadores e jovens, garantindo Saúde, Educação, e fazendo com que sejam os capitalistas os que paguem pela crise que criaram. É preciso lutar pelo não pagamento da dívida pública, que dá de presente o equivalente a 1000 UERJs aos bancos e credores, com um verdadeiro roubo dos cofres públicos. O pré-sal está estimado em US$ 10 trilhões. Como a Petrobras não pode ser entregue ao imperialismo. Por isso essas campanhas políticas são fundamentais. Também é preciso que o Estado garanta as condições para que uma investigação independente das organizações de direitos humanos, peritos especialistas comprometidos com a causa, parlamentares do PSOL, que sejam parte da investigação do assassinato de Marielle.”




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