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SAÚDE MENTAL | De volta aos tempos sinistros do manicômio

Após a onda de movimentos antimanicomiais vividos nos anos 80 no Brasil, o governo golpista de Temer volta atrás na história e decide manter as instalações que destroem os direitos humanos daqueles considerados loucos.

segunda-feira 18 de dezembro de 2017 | Edição do dia

O ministro da Saúde, Ricardo Barros

A onda de mobilização que nos anos 80 colocou de pé o Movimento Antimanicomial foi mais um dos avanços sociais sufocados pelo governo golpista de Temer.

Nesta quinta-feira (14), após centenas de protestos pelo país e apenas 10 minutos de discussão, o Ministério da Saúde anulou a decisão de 2001 que previa a gradual substituição da internação psiquiátrica pelo atendimento em Centros de Atendimento Psicossocial (CAPS).

Essa decisão estava intimamente ligada a uma nova concepção no tratamento a usuários que sofrem de doenças psiquiátricas. O Hospital Psiquiátrico e a internação assumem um conceito que iguala tratamento e isolamento, como se o usuário do sistema de saúde que busca atendimento psiquiátrico devesse ser isolado da sociedade, logo, da família, do trabalho, da criação, etc. Em torno do CAPS, ainda que hajam debilidades, está um conceito de que o tratamento psiquiátrico deve partir do necessário convívio social do usuário com o mundo do trabalho, da família, da vida na cidade.

Com a anulação dessa decisão, os leitos de internação de hospitais psiquiátricos seguirão sendo forma inicial e, provavelmente, prioritária de tratamento pros que buscam atendimento psiquiátrico. De dentro da internação psiquiátrica vêm as graves denúncias de abuso de poder médico, agressão física e psicológica, graves crimes à dignidade humana e, consequente, piora de quadros clínicos pela via da exposição a tantas situações adversas e de anulação do sujeito.

Uma importante referência da luta antimanicomial foi o caso de Carrano, que virou o livro "Canto dos Malditos" e depois o filme "Bicho de 7 Cabeças", onde foi interpretado por Rodrigo Santoro.

Associado à autorização da internação compulsória, da precarização e sucateamento dos hospitais e do conjunto dos serviços de saúde, essa aprovação coloca nas nossas mãos a importante tarefa de voltar a lutar por um mundo sem manicômios.

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