Daniela Mercury se apresentou no Festival de Inverno de Garanhuns nesse último sábado e aproveitou o espaço para denunciar a absurda censura que a peça “O Evangelho Segundo Jesus – Rainha do Céu” recebeu por parte da prefeitura e do Governo do Estado de Pernambuco, pelo fato de a protagonista da peça ser a atriz Renata Carvalho, uma travesti.
João SallesEstudante de História da Universidade de São Paulo - USP
terça-feira 24 de julho de 2018 | Edição do dia
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A denúncia veio fortes: “Já que estamos falando de amor, me choca profundamente que os políticos desse país censurem uma peça de teatro. É de uma petulância absurda. A arte não tem dogma, a arte é crítica social, a arte é reflexão sobre nós. Ela é essencialmente livre, singular. (…) A arte é para incomodar, é pra fazer pensar, é pra refletir, arte é pra libertar cabeça de merda”.
A peça, após a censura no festival, acontecerá em nova data e local alternativo pela iniciativa de ativistas e artistas locais e em menos de 48 horas os ingressos se esgotaram, agora será montado um forte esquema de segurança já que Renata vem sofrendo diversas ameaças de morte.
O Brasil é um país onde a hostilidade com a comunidade LGBT é absurda, com níveis alarmantes de homicídios e preconceito, junto com o fato de que o poder público ser cada vez mais ocupado por políticos ligados a instituições religiosas e que aplicam sua agenda reacionária.
A batalha por um Estado realmente laico, como vem ocorrendo na Argentina, é uma batalha para que situações como essa deixem de ser naturalizadas e que a liberdade de expressão da arte seja respeitada, sem a desculpa absurda como a que deu o Governo de que atrapalharia as relações com importantes investidores.