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JUVENTUDE E GENERO | Damares é ridicularizada em “Praia” de BH e juventude veste azul e rosa

A primeira manifestação do ano da “Praia Da Estação - A nova era: Meninos de azul e Meninas de rosa”, aconteceu nesse sábado, marcando o primeiro protesto do movimento contra os pronunciamentos retrógrados da ministra Damares Alves e contra o governo reacionário de Jair Bolsonaro. E as jovens e os jovens vestiram azul e rosa, indiscriminadamente, para o desespero da Ministra.

Flavia ValleProfessora, Minas Gerais

segunda-feira 14 de janeiro de 2019 | Edição do dia

A primeira manifestação do ano da “Praia Da Estação - A nova era: Meninos de azul e Meninas de rosa”, aconteceu no sábado passado, marcando o primeiro protesto do movimento contra os pronunciamentos retrógrados da ministra Damares Alves e contra o governo reacionário de Jair Bolsonaro.

O chamado da primeira “Praia da Estação” de 2019 invertia as cores das palavras azul e rosa, fazendo uma ironia com os padrões e gênero reafirmados por Damares. A Praia da Estação é uma manifestação cultural juvenil já tradicional na cidade de Belo Horizonte, que existe desde 2011 e foi uma das articulações na luta pelo direito à cidade e na popularização do carnaval de rua de BH.

Os pronunciamentos retrógrados da ministra não são devaneios ou loucuras, mas são parte de um mesmo projeto de governo em que a revalorização de pensamentos conversadores vem para buscar fortalecer medidas de ataques aos direitos da juventude, das mulheres, LGBT, indígenas e de toda a população negra.

Nos primeiros dias de governo Bolsonaro os pronunciamentos da ministra “da nova era” em que meninos e meninas teriam cores simbólicas conforme padrões de gênero, foram acompanhados por medidas que excluem direitos indígenas, da nova e mais dura proposta da Reforma da Previdência, que tentará acabar de vez com o direito da juventude poder se aposentar.

O governo Bolsonaro e seus ministros também miram a juventude em seus primeiros ataques. Uma das medidas que visam é a de legalizar o chamado “incidente de ilicitude”, em que os crimes de assassinato e execução da polícia contra a juventude terão carta branca. Considerando que grande parte dos assassinatos por agentes das forças repressivas são “camuflados”, uma medida assim seria apenas uma maior cobertura legal para aprofundar o assassinato que já existe.

Isso num país em que os jovens tem o pico de morte violenta com apenas 21 anos (segundo dados do Mapa da Violência) e em que a cada jovem branco assassinado no Brasil outros 3 são negros. Até os dados da Secretaria de Estado de Segurança de MG indicam o racismo contra a juventude em assassinatos violentos, em que a cada pessoa branca assassinada em Minas Gerais, outras 4 são negras.

Outra medida reacionária contra a juventude é a perseguição que o atual governo anuncia contra as universidades e as escolas, em que estudantes e professores estiveram à frente das lutas contra a PEC do teto dos gastos e contra a implementação da Reforma do Ensino Médio, como foi na onda de ocupações da UFMG e das escolas em Minas Gerais no segundo semestre do ano de 2016 e a greve na educação nos anos de 2016 e 2018.

Acompanhando o caminho aberto dos ataques contra direitos da juventude e dos trabalhadores, prefeituras mineiras, com aval do governo de Minas Gerais, anunciaramum aumento mais que abusivo de 11% nas passagens de ônibus, no valor de R$4,50 em Belo Horizonte, Contagem, Santa Luiza e Betim, por exemplo. Além de ser um aumento acima da inflação das tarifas enquanto o salário mínimo teve um aumento irrisório e abaixo do esperado, impede à juventude, principalmente a juventude negra e periférica, de ter livre acesso ao lazer e à cultura.

Como manifestaram os jovens na Praia da Estação esse sábado, gênero não tem cor e não seremos coniventes com os retrocessos do atual governo, seja o de extrema direita de Bolsonaro ou o de Zema e das prefeituras mineiras. A juventude tem que ter direito ao futuro e lutar contra os ataques do atual governo é imprescindível.

Por isso as grandes centrais sindicais como a CUT e estudantis como a UNE, tem que sair de sua traição à luta por nossos direitos já nos primeiros dias do governo de Jair Bolsonaro, e devem chamar com urgência um plano de lutas para barrar a Reforma da Previdência e todos os ataques anunciados à juventude, às mulheres, LGBT, aos indígenas e a toda a população negra.

Foto: Maxwell Vilela




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