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BRUMADINHO | Crime da Vale em Brumadinho já conta 99 mortos e 259 ainda desaparecidos

No sexto dia de buscas, sobe para 99 o número de mortes confirmadas, segundo a Defesa Civil. 259 pessoas seguem desaparecidas.

quarta-feira 30 de janeiro de 2019 | Edição do dia

A Defesa Civil do estado de Minas Gerais informou nesta quarta feira (30) que há atualmente 99 mortes confirmadas em decorrência do rompimento da barragem de rejeitos da mina do Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho. Das vítimas, até agora 57 já foram identificados. Há também, ainda, 259 pessoas desaparecidas.

Os corpos, conforme são encontrados, têm sido levados ao Instituto Médico Legal (IML). Lá, já sendo difícil fazer o reconhecimento facial e de impressões digitais das vítimas devido ao elevado estado de decomposição, exames odontológicos e de DNA são usados para identificação. Sobreviventes não são encontrados desde o sábado, dia 26, e a chance de alguma vítima ainda ser encontrada com vida é "muito pequena". Nesse cenário o número de mortes pode chegar a centenas.

Chuvas fortes na região fizeram com que as buscas, que chegam agora em seu sexto dia, tivessem interrupções pontuais.

O governo de Minas Gerais informou, também, que o número de pessoas desalojadas subiu de 135 para 175.

A busca pelas vítimas segue em meio a grandes dificuldades. Dentre elas, além das chuvas, a instabilidade do terreno e a dificuldade de identificar corpos humanos (muitos severamente danificados pela força do impacto da lama) em meio ao mar de lama, e de localizar corpos soterrados, uma vez que passado tanto tempo, aparelhos que detectam calor corporal já não são eficazes.

É em meio a esse cenário que os moradores e voluntários vêm denunciando o cerco promovido pela Vale, e com aval das forças estatais ao acesso daqueles tentando ajudar nos esforços de buscas. Como já denunciado no Esquerda Diário por Flavia Valle, dirigente do MRT e professora da rede estadual de Minas Gerais, em vídeos direto de Brumadinho, os esforços de resgate e ajuda vêm sendo controlados pela Vale, junto com o Corpo de Bombeiros. Lá, a empresa, tendo como principal preocupação o sigilo de informações sensíveis, tem impedido voluntários de acessarem locais de ação, e entrada tem sido bloqueada e controlada pelos bombeiros. "Parece que as informações estão sendo blindadas. Bloqueadas (...) A gente só quer ajudar. Não estão deixando a gente nem ajudar" denunciam estudantes de veterinária entrevistadas na região, após serem barradas de atender animais feridos.

Informações sobre as vítimas, sobre o crime ocorrido no rompimento da barragem, e sobre possíveis riscos acobertados têm sido blindadas pelo governo e as forças de segurança em benefício da Vale e sua imagem pública, desesperando familiares. Em protesto, voluntários e familiares de vítimas invadiram a universidade que tem funcionado como "centro de operações", atualmente completamente controlada pela polícia e de onde saem as informações dos órgãos do governo como a defesa civil e os bombeiros, em um ato que rechaça como a Vale está lidando com a tragédia, a falta de informações divulgadas e o desencontro entre as informações liberadas pela empresa e pelo governo.

Frente a esse cenário brutal, onde, em meio à urgência de uma tragédia criada pela própria Vale, a empresa segue em controla da região e influindo no fluxo de informações e nas ações de resgate em benefício da sua própria imagem pública, coloca-se a urgência da estruturação da enorme solidariedade movida pela tragédia em uma rede de solidariedade operária, que seja soberana em sua atuação, de voluntários, junto com especialistas, que tenham livre acesso à informação e que seus esforços não sejam impedidos pela ingerência da Vale na cena da catástrofe.

Para que as vítimas possam receber o atendimento que precisam, os familiares atendidos, e os esforços de busca sigam, é vital que se ponha um fim ao controle da Vale junto ao governo e as forças militares e policiais sobre as operações de resgate e as investigações.

Os trabalhadores e trabalhadoras, muitos dos quais já chegaram como voluntários à região, devem poder atuar sem a interferência da empresa, junto com a população e especialistas voluntários para responder ao evento.

Esse grave crime ambiental e tragédia humana promovida pela sede de lucro de Vale e seus acionistas demonstra cabalmente que os interesses capitalistas e imperialistas sobre os recursos naturais têm por consequência os cortes sucessivos, a falta de segurança, e a gerência visando somente o lucro, em detrimento da população e do meio ambiente.

Assim, é urgente levantar a bandeira da re-estatização da Vale, sob um modelo de gestão 100% operária e controle popular, expulsando os banqueiros acionistas tanto da empresa como do controle dos resgates na cena do desastre, e sem indenização! Pois somente desfazendo-se da ganância desmedida dos capitalistas que controlam o setor estratégico da mineração, e entregando este à classe trabalhadora é que futuras tragédias poderão ser evitadas, e as que já ocorreram, atendidas e reparadas.




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