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CSP-CONLUTAS | Contribuição do Movimento Nossa Classe ao III Congresso da CSP-Conlutas

Reprodução de material do movimento Nossa Classe onde trabalhadores do MRT, colunistas e editores do Esquerda Diário opinam sobre os desafios colocados a classe trabalhadora e por qual orientação batalhar no congresso dessa central sindical e popular.

quinta-feira 12 de outubro de 2017 | Edição do dia

O Movimento Nossa Classe é composto pelo Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT) e independentes. Impulsionamos o Esquerda Diário, uma voz anticapitalista que é hoje a maior imprensa à esquerda do PT. Em setembro chegou a quase 800 mil acessos, cumprindo um papel importante na luta contra a ofensiva da direita, dos golpistas e capitalistas e nas lutas como da CEDAE, agora do RS e contra as opressões. Construa conosco esse jornal como ferramenta política para milhões em todo o país e atue conosco nos locais de trabalho.

Chamamos a batalhar juntos pelas posições que apresentamos ao Congresso da CSP-Conlutas, que desenvolvemos na nossa tese. Nesse material dialogamos com os (as) delegados (as) sobre as polêmicas entre as teses, com o objetivo de fortalecer a CSP-Conlutas como alternativa, pois é ainda bastante minoritária e a política da direção majoritária, o PSTU, tem sido o principal problema para nossa central.
Fazemos parte da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) e temos diretores do Sindicato dos Metroviários e FENAMETRO e da APEOESP pela oposição, onde temos trabalhos que organizamos dezenas de militantes. Viemos com uma delegação ao Congresso da Conlutas como representação de nossos trabalhos em São Paulo, onde somos parte da oposição também em bancários, aeroviários, correios, gráficos, sapateiros, telemarketing e terceirizadas da limpeza de várias estruturas. Do Rio de Janeiro, onde estamos na oposição em professores, na CEDAE e garis. No Rio Grande do Sul em rodoviários e professores. E Minas Gerais em professores, municipais de Contagem, metalúrgicos e siderúrgicos.

Os trabalhadores não podem se aliar com a direita golpista para combater o PT

Pablito – delegado e diretor do Sintusp

Pela política do PSTU e outros setores que compõe a nossa central (como o MES, a CST e outras correntes), a CSP-Conlutas capitulou absurdamente à direita que impôs um golpe institucional. O PT alimentou a direita, assimilou seus métodos da corrupção, já nos traiu faz tempo e Dilma era odiada porque estava aplicando ataques. Mas o imperialismo e a burguesia queriam o que está acontecendo agora: passar ataques mais profundos, como a reforma trabalhista, ampliação da terceirização, privatizações, Escola Sem Partido e outros. A política de Fora Dilma e Fora Todos contribuiu para estarmos nessa situação. A CSP Conlutas teria se fortalecido se tivesse unificado forças por um pólo independente do PT na luta contra o golpe.

O PSTU e outros setores insistem em seguir a mesma receita na Venezuela, onde fortalecem o movimento da direita com o “Fora Maduro”, ao invés de combater a direita de uma forma independente de Maduro e com independência de classe.
O MES tinha a mesma lógica do PSTU de “disputar a direção” das mobilizações da direita, e segue na linha de ser entusiasta da Lava Jato, uma operação do imperialismo que consideram que fortalece a luta dos trabalhadores.

Por uma Constituinte imposta pela luta para que os capitalistas paguem pela crise

Diana Assunção – Diretora de base do Sintusp

Como se não bastasse a adaptação à direita golpista, o PSTU levantou ao mesmo tempo “eleições gerais”, o que era e segue sendo um verdadeiro “Volta Lula”, como mostra toda pesquisa. É a contracara de adaptação ao PT dos que levantaram Fora Dilma alimentando o golpe. Por isso, defendemos uma Assembléia Constituinte imposta pela luta, Livre e Soberana, a única política independente da direita golpista e do PT. Somente uma Constituinte como essa poderia debater problemas estruturais do país, começando por anular a reforma trabalhista e todas do governo golpista, acabar com a terceirização com a efetivação dos terceirizados, impor o não pagamento da dívida pública e outras medidas, no marco da luta por um governo dos trabalhadores.

Não vai surgir alternativa política sem combate às direções conciliadoras

Guarnieri – metroviário de SP, delegado e diretor da FENAMETRO

O MAIS rompeu corretamente com o PSTU depois dessa política absurda, no entanto, tanto na Venezuela como no Brasil, cometem o erro simétrico oposto, ao não se preocupar em manter uma completa independência do PT e de Maduro. É isso que se expressa na sua adaptação no VAMOS, uma plataforma política junto a setores de peso do PT.

Há experiências no mundo de novas alternativas políticas que encantam setores da esquerda e rapidamente traem os trabalhadores, como o Syriza (o MES foi o maior entusiasta) que na Grécia aplicou diretamente os planos de troika. A mais nova traição é do Podemos no Estado Espanhol frente à luta do povo catalão, onde é contra o direito a auto-determinação.

Precisamos construir uma alternativa política no Brasil que tenha como exemplo a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores (FIT) na Argentina, que por sectarismo a esquerda brasileira resiste em reivindicar. Trata-se da única alternativa de independência de classe que é ancorada na classe trabalhadora, na luta de classes e que ganhou projeção eleitoral e a coloca a serviço de uma estratégia extra-parlamentar, com o PTS à frente.

Por uma política independente da burocracia sindical para impor uma frente única operária. Façamos como o Rio Grande do Sul

Adailson Rodrigues – rodoviário de Porto Alegre e cipeiro – e Carolina Cacau – delegada e professora do Rio de Janeiro

Vivemos uma das maiores mobilizações da nossa classe nos últimos tempos, com o auge na greve geral de 28 de abril. Setores da Conlutas como o MAIS, atribuem isso fundamentalmente à unidade das centrais. O PSTU tenta explicar como se tivesse sido decisiva a sua exigência da greve geral para que as centrais aceitassem. São duas formas de desvalorizar o que de fato foi decisivo: a pressão da base operária. Somente assim se impõe uma frente única operária para as burocracias.

A esquerda pode e deve contribuir para isso com exigências e denúncias, mas sobretudo impulsionando a auto-organização pela base, o que fizemos levando a frente a política de comitês e agitando a política de “Tomar a Greve Geral do 30 de junho em nossas mãos”, alertando desde antes que iriam trair. Lamentavelmente, na CSP Conlutas não houve outros setores que denunciassem consequentemente que as centrais iriam trair o 30 de junho, o que poderia ao menos ter posicionado melhor a CSP nos setores mais avançados da classe. Isso se mostra na exaltação que o PSTU faz do 24 de maio em Brasília, como se tivesse sido uma nova expressão da unidade das centrais, quando na verdade tinha sido mais uma expressão do seu boicote. Precisamos retomar os sindicatos para as mãos dos trabalhadores.

A tarefa de construir uma frente única operária segue vigente. Neste momento, ela passa por girar esforços para que a luta mais avançada do país hoje, a do Rio Grande do Sul contra Marchezan, Sartori e Temer, triunfe. Por isso, propomos que o Congresso vote uma campanha nacional “Façamos como o Rio Grande do Sul”, com exigências e denúncias em relação à burocracia sindical, numa batalha para que o dia 10 de novembro se transforme numa greve geral que seja construída pela base, chamando o MTST para dar essa batalha em comum e que os parlamentares do PSOL coloquem seu peso político a serviço dessa luta. Precisamos votar no Congresso uma forte agitação na base para que os trabalhadores tomem nas suas mãos o dia 10/11, organizando assembléias e comitês por local de trabalho.

A luta das mulheres e contra as opressões tem que ser parte fundamental da nossa luta

Maira Machado – delegada e professora de Santo André (SP)

Viemos batalhando no movimento operário para construir uma tradição que encare com peso a luta contra o machismo, o racismo e a LGBTfobia. É fundamental que setores cada vez mais amplos venham se incorporando a essa luta, que defendemos que seja encarada numa perspectiva socialista e revolucionária, onde o papel da classe trabalhadora na luta pelo fim das opressões não se dissolva.

Por isso, viemos tendo uma série de iniciativas como Pão e Rosas na luta contra o machismo. Recentemente reunimos mais de 300 pessoas em São Paulo junto com Wendy Goldman para debater a mulher e a revolução russa, o que foi parte também de outras mesas que fizemos pelo país sobre este tema, reunindo centenas de pessoas nos lançamentos do livro Pão e Rosas e debatendo a relação entre feminismo e marxismo.

É fundamental também avançar no movimento operário na luta contra a LGBTfobia, para a qual recentemente contribuímos com uma grande campanha no Esquerda Diário contra a “cura gay”, chegando a centenas de milhares de pessoas e colaborando para que se manifestasse nas ruas. Também na luta anti-racista viemos dando exemplos junto a outros companheiros na Secretaria de Negros do Sintusp, batalhando nas lutas em defesa dos terceirizados e publicando livros, para tratar de alguns exemplos.

Conheça a Revista Idéias de Esquerda

No Congresso, nossa delegação estará vendendo a revista, que depois do sucesso no primeiro número na internet, agora saiu impressa. O dossiê deste número trata da questão do mundo do trabalho. A próxima edição, que sairá em outubro, terá como eixo a Revolução Russa, como homenagem aos 100 anos dessa revolução que mudou a história e deixa muitas lições para nossa luta de hoje.




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