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RACISMO | Contra o racismo eu não me calo

sexta-feira 20 de novembro de 2015 | Edição do dia

Uma realidade muito mais ampla que as ofensas contra Taís Araújo

Ali Kamel, diretor de jornalismo da Globo, em seu livro “Não Somos Racistas: uma reação aos que querem nos transformar num Brasil bicolor” disse que não existe racismo no Brasil. O livro é baseado na tese inaugurada por Gilberto Freyre de que vivemos num país miscigenado e que pautar a questão racial é uma atemporalidade.

Na semana passada, os jornais dirigidos por Ali Kamel foram obrigados a noticiar que o racismo continua vivo, forçadas pelas ofensas à atriz Taís Araújo e, antes disso, pelo caso de Maju (metereologista).

Entretanto, a rede Globo, porta-voz da elite racista brasileira, continua sendo incapaz de dizer que o caso de Taís Araújo mostra é uma pequena mostra da realidade do racismo no país, e que o ano de 2015 terá um novembro, mês da consciência negra, marcado por ataques à população negra.

“O Haiti é aqui”

Todos os anos, cerca de 90 mil haitianos cruzam as fronteiras brasileiras em busca de condições de vida menos precárias. O discurso pró-imigrante, ao contrapor-se à xenofobia que infelizmente prima, jamais pode deixar de dizer que os haitianos vem ao Brasil do PT que ocupa militarmente seu país há mais de 11 anos. Quando chegam ao Acre, são recrutados por algumas das principais forças capitalistas do país, que os buscam na Brasileia para cumprir funções precárias de trabalho nas industrias alimentícias e na construção civil. No palco desse drama estão grandes empresas como a JBS, Camargo Corrêa e Odebrecht.

O que parece ser um ódio xenófobo de grandes capitalistas ou grupos restritos – como os que assassinaram o haitiano Fetiere Sterlin em Santa Catarina mês passado – é na verdade parte de um projeto de país que fez com que esses “atores” do drama haitiano treinassem há anos suas manobras, lado a lado com o PT e com a direita de Cunha e Bolsonaro, antes com seus avôs e tataravôs praticando as piores crueldades contra os escravos e hoje contra a classe operária brasileira. São os negros e negras as principais vítimas da precarização do trabalho, da redução da maioridade penal e da PL 5069 – que ao proibir a pílula criminaliza ainda mais as mulheres que morrem por abortos clandestinos ou que são vítimas de estupro.

Se o Haiti é aqui, a Revolução Haitiana também pode ser!

É com o convencimento de que o capitalismo é um sistema decadente que nos colocamos lado a lado com cada jovem, mulher ou trabalhador negro contra o racismo e pela revolução. Malcom X nos antecedeu dizendo que “sem capitalismo não há racismo”, o que com a precarização do trabalho e a divisão da classe operária se mostra como uma verdade constante de toda a era capitalista. Trotsky afirmou que não há revolução sem que os negros estejam na linha de frente. Chamamos todos a se colocar como parte da luta contra o racismo em cada uma das lutas em curso protagonizadas pelos negros, como foi a greve dos garis, cada luta de terceirizadas e terceirizados e a atual luta de secundaristas contra a reorganização escolar e pela retirada imediata das tropas do Haiti.


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