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Conheça as candidaturas do Pão e Rosas e do Quilombo Vermelho em São Paulo

Nesse mês de agosto, o grupo de mulheres Pão e Rosas e o Quilombo Vermelho – luta negra anticapitalista, lançarão as candidaturas de Diana Assunção, Maíra Machado e Marcello Pablito em São Paulo.

domingo 12 de agosto de 2018 | Edição do dia

Essas candidaturas estão a serviço de fazer ecoar a luta que dezenas de militantes constroem dia a dia, se organizando desde a perspectiva do feminismo socialista do Pão e Rosas e da luta antirracista e anticapitalista do Quilombo Vermelho. Frente ao caráter antidemocrático do regime eleitoral, que impõe restrições para que novas organizações de trabalhadores, mulheres, negros e jovens possam ter seus candidatos, as candidaturas serão por filiação democrática no PSOL. Uma prática comum na tradição da esquerda, permitindo assim com que organizações que ainda não conquistaram sua legalidade, possam participar das eleições defendendo suas próprias ideias, sem que isso implique em qualquer compromisso com o programa defendido pelo partido que cede a legenda. Conversamos uma pouco com os três candidatos, para saber um pouco sobre as ideias defendidas pelas agrupações e como elas se expressarão na campanha.

As mulheres e os negros são hoje a maioria da classe trabalhadora brasileira e também os que mais sofrem com os ataques do golpe institucional e da crise capitalista. Por isso, em relação ao caráter dessas eleições marcadas pelo golpe institucional Diana Assunção, trabalhadora da USP, fundadora do grupo Pão e Rosas no Brasil, e candidata a deputada federal declarou que:

“Essas eleições serão marcadas pelo veto antidemocrático do golpe institucional, que por meio do judiciário golpista e da Lava Jato pretendem retirar o direito da população escolher em quem votar, ao manter a prisão arbitrária de Lula e tentar impedi-lo até mesmo de se registrar como candidato. Nós não apoiamos Lula ou o PT, mas sabemos que são as mulheres e os negros da classe trabalhadora, aqueles que mais sofrem com as arbitrariedades dessa justiça e desse Estado burguês, que mantém 40% da população carcerária presa sem julgamento, que tem ligação direta com o assassinato do povo negro, como foi com Marielle Franco, e que se cala diante dos números altíssimos de feminicídio. O fortalecimento desse judiciário e a interferência direta dos partidos, empresários e meios de comunicação apoiados pelos interesses de empresas e Estados imperialistas, só pode significar ainda mais ataques contra nossa classe. Se querem escolhem a dedo quem será o novo presidente é para que ele siga aprofundando os ataques de Temer e dos golpistas, é para descarregar com ainda mais força os custos da crise capitalista sobre as costas dos trabalhadores, especialmente das mulheres e dos negros, os que mais sofrem com o desemprego, o trabalho precário e os cortes nos direitos sociais. Por tudo isso é que desde o Pão e Rosas e o Quilombo Vermelho lutamos fortemente contra o golpe institucional, denunciando seu caráter machista e racista, e agora utilizaremos nossas candidaturas para dizer que apesar de não apoiarmos o voto nos candidatos do PT - que começou a implementar todos os ataques e abriu espaço para essa direita golpista se fortalecer, somos contra a prisão arbitrária de Lula e intransigentes na defesa do direito do povo votar em quem quiser. Defendemos inclusive que todos os partidos que se dizem de esquerda, como o PSOL, deveriam ter esse como um dos seus eixos centrais de campanha diante de uma eleição tão antidemocrática.”

Em relação aos ataques que vem sendo implementados Marcello Pablito que disputará o cargo de deputado estadual, e é trabalhador do Restaurante Universitário da USP e fundador do Quilombo Vermelho, disse:

“Todos esses ataques dos golpistas estão a serviço de manter o pagamento da ilegítima e fraudulenta dívida pública. Um mecanismo de espoliação e subordinação do povo brasileiro aos interesses imperialistas. Foi para manter o pagamento desse roubo, que equivale a quase 1 trilhão de reais por ano, que os golpistas aprovaram a PEC do teto dos gastos públicas, congelando por 20 anos os investimentos em saúde e educação. E para seguir pagando essa dívida os banqueiros e empresários dizem que precisamos aprovar a reforma da previdência, acabar com as universidades públicas, precarizar ainda mais as leis trabalhistas, entre outras medidas. Frente a crise são os capitalistas ou nós. Para se ter uma ideia hoje as mulheres negras recebem 60% a menos que os trabalhadores brancos, imaginem como vai ser se avançam com todas as reformas contra nossos direitos em nome da responsabilidade fiscal e do pagamento dessa dívida ilegítima? Nenhum partido golpista, nem o PT e nem mesmo o PSOL defendem o não pagamento da dívida pública. Nossas candidaturas defendem que a única forma de garantir emprego e direitos sociais, inclusive para acabar com o trabalho precário e equiparar os salários entre negros e brancos, homens e mulheres, é se rompemos com esse que é o principal mecanismo usado pelo capital estrangeiro para dominar o Brasil. Por isso, teremos a luta pelo não pagamento da dívida pública como um dos eixos centrais das nossas campanhas.”

Por fim, a professora Maíra Machado, que foi a candidata a vereadora do PSOL mais votada em Santo André no ano de 2016 e será candidata a deputada estadual esse ano, declarou que:

“Em todo o mundo vemos que as mulheres estão sendo linha de frente de mobilizações, acabamos de ver a luta de nossas companheiras argentinas, que transformaram a maré verde em um verdadeiro tsunami que lutou nas ruas pelo direito ao aborto legal, se enfrentando com os interesses do Estado e da igreja. Um grande exemplo de como podemos encarar a luta em nosso país, trazendo a maré verde também para o Brasil, unificando a luta pela legalização do direito ao aborto com nossas companheiras argentinas. Usaremos nossa campanha para denunciar que todos os anos acontecem cerca de 1 milhão de abortos clandestinos no Brasil, que todos os dias 4 mulheres morrem devido a complicações desses procedimentos, sendo que 3 delas são mulheres negras. E seguiremos batalhando junto as mulheres argentinas, para construir desde cada local de trabalho e estudo, um enorme movimento de massas pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito, por educação sexual para decidir e contraceptivos para não abortar. Exigindo a separação da igreja e do Estado, pois ao contrário do que apareceu no primeiro debate presidencial o Estado deve ser laico. Enquanto a burguesia busca formas de lidar com o fato de que 80% das mulheres ainda não decidiram em quem vão votar nessas eleições, nós do grupo de mulheres Pão e Rosas sabemos que qualquer governo que entre e seja comprometido com a responsabilidade fiscal, será um governo de ajustes. Por isso sempre defendemos que nossa força não está em sermos algumas poucas no poder, mas sim em sermos milhares pelas ruas lutando por nossos direitos. É por isso que as nossas candidaturas também serão construídas por dezenas de jovens e trabalhadoras que hoje se organizam sob a bandeira do feminismo socialista do Pão e Rosas e da luta antirracista do Quilombo Vermelho".

Convidamos a todos aqueles que simpatizam com essas ideias a construir conosco essas campanhas e a participarem do lançamento da campanha de Diana e Pablito no dia 18 de agosto, na Casa Operário Olavo Hansen, no Rio Pequeno. E no dia 25 de agosto, no lançamento de Diana e Maíra na Casa Marx do ABC, em Santo André.




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