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Confira carta-programa da chapa "Por Moas e Marielles" ao CACH-Unicamp 2019

Conheça, apoie e vote: chapa “Por Moas e Marielles” para o CACH 2019, composta por estudantes da Faísca e independentes.

sábado 24 de novembro de 2018 | Edição do dia

Por Moas e Marielles, que são vítimas da continuidade do golpe e do ódio que jorra da extrema direita, nós queremos construir um CACH vivo, que organize a luta contra Bolsonaro e os golpistas, junto aos trabalhadores. Se Bolsonaro quer “aparar os centros acadêmicos” e o MBL diz que vai tornar as entidades estudantis “obsoletas”, é porque têm medo do potencial do movimento estudantil. Os futuros historiadores e cientistas sociais devem ver no CACH uma ferramenta de luta para enfrentar seus ataques ao nosso futuro, como o projeto “Escola sem Partido”, a ameaça de pagamento de mensalidades nas universidades e a Reforma da Previdência.

Para isso, é preciso desmascarar o autoritarismo judiciário que se valeu de mil manobras para manipular as eleições, como a prisão e o veto a Lula. As arbitrariedades dessa casta também avançaram contra as universidades, com censura à faixas e reuniões do movimento estudantil, além de processar a aula sobre o golpe no IFCH e arbitrar sobre as festas na Unicamp. Em reconhecimento ao golpe, que veio para aprofundar os ajustes que o PT já vinha aplicando, Moro ganhou de presente o Ministério da Justiça. Querem que, apoiado no autoritarismo judicial e nos militares, Bolsonaro seja a continuidade blindada de Temer e intensifique o saque imperialista na América Latina. Por isso, a Reforma da Previdência, que o golpista não conseguiu aprovar, será um combate decisivo que colocará nossas entidades à prova.

Não vamos esperar a poeira baixar! O PT e o PCdoB, que estão à frente de milhares de sindicatos, Centros Acadêmicos e DCEs do país, dirigindo grandes centrais sindicais como a CUT e a CTB e entidades estudantis como a UNE, constróem passividade e desmoralização, já que não organizam nenhum plano de luta sério contra os ataques, criando a ideia de que não é possível combatê-los. Com objetivos eleitorais, batalham por uma “frente ampla”, na qual cabem desde Ciro Gomes, que agora sinaliza ao centrão, aos golpistas do PSDB, por uma oposição meramente parlamentar que deixe o governo se "desgastar" até 2022, mesmo que isso signifique ataques passarem. Foi essa impotente estratégia eleitoral que nos trouxe até aqui, sendo um entrave à mobilização da juventude e dos trabalhadores, que vimos dia a dia na Unicamp com nosso DCE, da UJS (PCdoB) e do Apenas Alunos.

O CACH precisa ser um polo anti-burocrático, que organize a luta pela base, para que cada estudante possa tomar para si os rumos do movimento estudantil. É a esse serviço que abrimos o debate com a chapa “Mandacaru: o CACH renascerá”, composta por membros do PSOL (Afronte e Juntos), PCB e estudantes independentes e que tem em seus membros a continuidade da chapa majoritária de 2018. Em nossa opinião, esta não correspondeu às necessidades e desafios do movimento estudantil, já que os estudantes vêem um CACH vazio e distante, e não como uma ferramenta que nos organize enquanto sujeitos coletivos. Assim como o PSOL nacionalmente, se não denunciam o papel do petismo à frente das principais entidades do país e não exigem que a UNE organize seriamente nossa luta, torna-se impossível enfrentar de fato os ataques de Bolsonaro.

Precisamos de um CACH que una forças aos trabalhadores dentro e fora da universidade, efetivos e terceirizados. Na Unicamp, precisamos estar ombro a ombro em suas lutas e greves contra a reitoria e governos. Infelizmente, neste ano não pudemos contar com a chapa majoritária e organizações de esquerda em uma importante e dura greve dos trabalhadores que atravessou o fim do semestre, a Copa do Mundo e parte das férias. Nós que compúnhamos a chapa minoritária nos orgulhamos de termos estado lado a lado nesse processo, quando fizemos de tudo para que cada estudante expressasse sua solidariedade ativamente. É preciso tirar um sério balanço: dessa maneira estamos pior preparados para enfrentar Bolsonaro, Dória e a reitoria.

Isso porque, embora nossa reitoria se coloque como defensora da universidade pública e do pensamento crítico junto ao STF, atualmente Knóbel se vale de um estatuto herdeiro da ditadura militar, tão reivindicada por Bolsonaro, para punir estudantes. Também usa sua guarda para arrancar faixas e cercear panfletagens. Assim “gere a crise orçamentária”, avançando na precarização das condições de trabalho e estudo na Unicamp e por isso sendo incapaz de se enfrentar com o projeto de Bolsonaro contra as universidades.

Enquanto este esbraveja pelo fim das cotas étnico-raciais, destilando racismo, no primeiro ano de entrada dos cotistas será fundamental garantirmos esse direito a partir da permanência estudantil. Por isso lutamos por bolsas-estudo, ampliação da moradia e vagas na creche e no SAPPE de acordo com a demanda; assim como curso noturno de História no IFCH. Isso deve ser um ponto de apoio para construir um movimento estudantil que lute pelo fim do vestibular, filtro social que exclui milhares de jovens todos os anos, a partir da estatização nas mãos dos trabalhadores e estudantes das redes de ensino privado, que querem lucro certo com a proposta reacionária de Bolsonaro de Ensino à Distância até mesmo no Fundamental.

Assim enquanto a extrema direita apresenta um programa radical para acabar com a universidade pública, nós devemos defendê-la, mas não tal como é hoje, e sim a serviço dos trabalhadores. Enquanto os golpistas aprovam a terceirização irrestrita, a reitoria e o CONSU não reconhecem centenas de trabalhadores que garantem o funcionamento da universidade, em sua maioria mulheres negras. Por isso, lutamos pela efetivação de todos os terceirizados sem necessidade de concurso público e levantamos uma estatuinte livre e soberana, que permita avançar contra toda a atual estrutura antidemocrática que toma as decisões na Unicamp. Pelo fim do CONSU e da reitoria, a Unicamp deve ser gerida por estudantes, trabalhadores e professores proporcionalmente a seu peso real.

A extrema direita quer o projeto “Escola sem Partido” para impedir o pensamento crítico em sala de aula e ameaçar nossas licenciaturas. Atacando as Ciências Humanas, Bolsonaro quer uma ciência mais voltada ao lucro das grandes empresas em seus polos de conhecimento elitistas e colocando em xeque a maioria das universidades, que para ele são “dinheiro jogado fora”. Devemos estar ao lado dos professores que neste momento já estão sendo perseguidos em sala de aula, por isso propomos promover encontros de professores da rede e estudantes contra o Escola sem Partido e a Reforma do Ensino Médio. Além disso, queremos impulsionar um Encontro Estadual de Ciências Humanas, envolvendo estudantes das três estaduais paulistas para debater os ataques de Bolsonaro e Dória contra nossas pesquisas.

Nossa concepção é de um CACH que construa e componha amplos debates políticos, como mesas e rodas de conversa que permitam aprofundar as distintas visões presentes no IFCH. Paulatinamente, o CACH atual tem relegado os grande debates às iniciativas da direção institucional. Mais do que nunca, devemos ser linha de frente de pensar, junto à intelectualidade, os rumos do país e da sociedade. Ainda mais em face ao fortalecimento de uma extrema direita conservadora, que quer regular nossa sexualidade e incita os assassinatos LGBTs, ocupar nossos espaços também com festas, saraus e festivais está a serviço de fortalecer nossa resposta política e defender uma segurança auto-organizada. Infelizmente, também não achamos que a chapa majoritária defendeu as festas e nossos espaços, tomando parte no esvaziamento do IFCH. Queremos convocar os estudantes a construir o espaço do Centro Acadêmico para revitalizá-lo e legalizá-lo, ligado à vivência no campus e no IFCH, aberto à toda juventude de Campinas. Assim também queremos construir uma grande Calourada, sem nenhuma opressão e permeada por atividades culturais e debates.

Um CACH vivo não se dará sem debate das divergências no movimento estudantil. Por isso, defendemos a proporcionalidade no Centro Acadêmico, que permitiu ao longo de todo o ano que as chapas que o compuseram pudessem expressar posições distintas e a todos os estudantes fazerem experiência com uma concepção de entidade mais democrática, na qual posicionamentos políticos minoritários têm espaço - ao contrário da direita que defende um pensamento único.




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