×

ALICE RAHON | Conexões entre mulheres surrealistas no México para além de Frida – Alice Rahon

Me surpreendi quando em uma rápida pesquisa no Google encontrei poucas informações sobres essas outras 14 artistas, que compõem a exposição “Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no México”

Gabriela FarrabrásSão Paulo | @gabriela_eagle

quarta-feira 18 de novembro de 2015 | 00:00

[Me surpreendi quando em uma rápida pesquisa no Google encontrei poucas informações sobres essas outras 14 artistas, que compõem a exposição “Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no México”, que é vendida apenas como “A exposição da Frida” e dentre essas poucas informações havia ainda menos em português; sobre a maioria delas não havia nada. Por isso inicio hoje uma série de textos tentando agrupar algumas informações e impressões sobre essas artistas, que merecem ser conhecidas e admiradas.]

“(...) a história da arte se traça por meio de sinergias e tensões entre pessoa, indivíduos e grupos que se encontram por causa da arte ou pensam a arte por causa de seus encontros. Nesse sentido, também, esta será uma mostra impactante, pois a pesquisa minuciosa da curadora Teresa Ascq descortina a forma como uma rede intrincada, com inúmeras personagens, se formou tendo como eixo a figura de Frida Kahlo. O foco dessa história são artistas mulheres, muitas delas reconhecidas no passado como “esposas” desse ou daquele artista. Aqui, elas são protagonistas: criam aproximações, promovem eventos, trocam correspondências, desafiam lugares-comuns, escapam de qualquer submissão e, claro, produzem obras de arte de vigor inquestionável.

  •  texto de apresentação da exposição –

    Fui à exposição “Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no México”, que acontece desde o dia 27 de setembro no instituto Tomie Ohtake, e me surpreendi em encontrar outras 14 artistas impressionantemente talentosas em uma exposição, que tem se vendido como “A exposição da Frida”. Me surpreendi ainda mais quando em uma rápida pesquisa no Google encontrei poucas informações sobres essas outras 14 artistas e dentre essas poucas informações havia ainda menos em português; sobre a maioria delas não havia nada. Por isso inicio hoje uma série de textos tentando agrupar algumas informações e impressões sobre essas artistas, que merecem ser conhecidas e admiradas.

    Essas 15 artistas, incluindo Frida, possuíam uma forte ligação e se apoiavam mutuamente trocando experiências e o modo que faziam arte. Esse é o teor mais bonito da exposição, que fica no Brasil até o dia 10 de janeiro. Ver que essas mulheres romperam com a competição que a sociedade capitalista sempre pregou para que crescessem juntas como artistas, que ocupassem o espaço publico de exposições, onde só homens estão acostumados a entrar, é inspirador.

    Entre essas artistas está Alice Rahon. Nascida Alice Marie Yvonne Philppot no oeste da França em 8 de junho de 1904, foi uma das inúmeras artistas, que se iniciou no surrealismo mexicano após a exposição de Frida Kahlo em Paris em 1939 na galeria Renón et Colle. Antes da interferência da arte de Frida em sua vida já era uma poeta surrealista, depois desse acontecimento se muda para o México onde passa a pintar.
    Alice sofreu um grave acidente com três anos de idade, quebrando seu quadril direito, o que fez com que ela passasse parte da sua infância deitada na cama se recuperando, e esse acidente lhe deixou marcas e dores para o resto da sua vida.

    Aos 12 anos sofreu mais um acidente, onde quebrou sua perna, lhe colocando novamente na cama e no isolamento. Devido a esses acidentes tudo o que Alice podia fazer para ocupar sua mente era ler, escrever e pintar no jardim de sua casa. Essa parte de sua biografia, que lembra muito a história de Frida, que quando adolescente também sofreu um grave acidente, que lhe deixou presa a sua cama por um longo período, que veio a lhe causar dores durante toda a sua vida, e que se refletiu em sua arte; o maior exemplo disso é sua obra “Coluna Partida”.

    Quando era ainda muito jovem teve um filho, que morreu logo após seu nascimento – mais uma vez sua história de vida lembra um pouco a história de Frida, que sofreu um aborto, acontecimento que também aparece em suas obras. Essas duas coincidências de suas vidas as levaram a se tornarem amigas dividindo a fragilidade física e a impotência que sentiam por não poderem ter filhos. Uma das obras mais famosas de Alice chamada “A balada”, foi pintada para presentear Frida.

    Em 1934, Alice se casou com o pintor surrealista Wolfgang Paalen, através de quem conheceu o surrealismo se tornando poeta. Tendo publicado, com apoio de André Breton um livro intitulado “A mesma terra”, e em 1938, outro livro ilustrado por Miró. Em 1939, ela e seu marido foram convidados por Breton, Frida e Diego Rivera a visitarem o México, onde decidiram passar a viver, fato que colocou Alice no mundo da pintura surrealista mexicana, no qual se tornaria uma grande artista. Ainda assim, já vivendo no México publica seu ultimo livro de poemas, chamado “Noir Animal”. Alice ganha sua dupla nacionalidade mexicana em 1946.

    Alice se divorcia de Wolfgang Paalen em 1947 e, então, adota o sobrenome Rahon.
    Aos 63 anos, na abertura de sua exposição na galeria Pecanins, na cidade do México, ela cai das escadas e tem sua coluna atingida com o impacto da queda, mas se recusa a ser tratada por médicos alegando, que já havia sofrido demais nas mãos deles quando sofreu seus acidentes quando era criança. Passa, então, a viver reclusa em sua casa até 1987, quando morre em setembro após começar a recusar a se alimentar.

    Os quadros de Alice possuem muitas cores – cores mexicanas -, mas pouca luz, parece que sempre é noite neles. São abstratos e quando seus personagens aparecem eles lembram personagens da cultura mexicana e circense, como os personagens, que criou para sua peça “Orion, o grande homem do céu”, que só veio a ser produzida em 2009. Os temas de suas obras são paisagens, mitos, lendas, festas mexicanas – como na obra de 1952, “Piedade para Judas”. Em “A balada para Frida Kahlo”, seu quadro mais famoso e que se encontra na exposição, parece noite, parece que vemos de longe um grande circo com suas luzes, suas bandeiras, pipas no céu, e sua roda gigante ascendendo sobre tudo.




  • Comentários

    Deixar Comentário


    Destacados del día

    Últimas noticias