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Comlurb deve garantir condições seguras de trabalho e os garis decidirem as escalas e os serviços diante do coronavírus

“Não tem álcool em gel, nunca teve álcool em gel, ainda mais nessa hora...aí que não vai ter mesmo. Não tem máscara, nunca teve máscara, todos os trabalhadores estão trabalhando sem máscara, sem qualquer tipo de utensílio que nos previna desse vírus."

quinta-feira 19 de março de 2020 | Edição do dia

Em meio a pandemia do coronavírus no mundo, que no Brasil e em particular em cidades como o Rio de Janeiro, vem se alastrando rapidamente e contaminando centenas de pessoas, Crivella e Witzel vem adotando medidas para conter o avanço do vírus, que se baseiam em isolamentos e quarentenas voluntárias, proibição de circulação em determinadas localidades, restrição ao uso do transporte público, entre outras. Mas ao mesmo tempo que exigem que as pessoas fiquem em casa, a Comlurb obriga os garis a trabalharem normalmente, e o pior sem um mínimo de garantia de salubridade, um verdadeiro descaso não só com o gari, mas também com seus familiares que também podem ser expostos ao vírus e correrem risco de vida.

O pior não é só que a Comlurb mantém os garis trabalhando normalmente, pegando conduções lotadas, sendo expostos diariamente aos riscos de contaminação do coronavírus, mas também não garante os EPI’s (Equipamento de Proteção Individual), como luvas adequadas, máscaras, álcool em gel, novos uniformes e sabão. A Companhia liberou os funcionários que são do grupo de risco, aqueles com mais de 65 anos de idade e os trabalhadores que possuem doenças respiratórias, imunológicas, hipertensão e diabetes mediante a apresentação de laudo médico que comprove o tratamento. É um completo absurdo exigir que o trabalhador tenha um laudo que comprove a doença para estar dispensado de suas funções nessa crise que se instaurou com o coronavírus. Sabemos que muitos garis vão demorar dias para consegui-lo, podendo demorar mais de um mês para tê-lo em mãos, e para a Companhia durante esse tempo que o gari não apresentar o laudo médico, deverá trabalhar, mesmo sendo do grupo de risco.

O gari Leandro denunciou ao Esquerda Diário as péssimas condições de higiene e trabalho que os garis se encontram, por conta do descaso do prefeito Marcello Crivella.

“Não tem álcool em gel, nunca teve álcool em gel, ainda mais nessa hora...aí que não vai ter mesmo. Não tem máscara, nunca teve máscara, todos os trabalhadores estão trabalhando sem máscara, sem qualquer tipo de utensílio que nos previna desse vírus. Luva só a comum, agora, máscara, álcool em gel, limpeza nas gerências, isso não tem em nenhuma gerência, nem na minha e nem nas outras. Então, essa é a situação que se encontra as gerências da Comlurb.”

A prefeitura deve garantir de imediato EPI’s para que os garis possam trabalhar com segurança, as gerências devem garantir máscaras, álcool em gel, luvas e sabão para os trabalhadores. Além disso, deve-se garantir uma escala rotativa decidida pelos próprios garis em cada gerência, para que estejam menos tempo expostos possível, a liberação não apenas dos idosos com mais de 65 anos, mas das pessoas do grupo de risco sem apresentação de laudo médico, a licença com remuneração de quem precisa cuidar dos filhos que estão em casa por terem suas aulas suspensas por conta do coronavírus. Já existe caso de garis com sintomas do novo vírus, por isso, também é necessário que se garanta testes aos trabalhadores e às famílias dos trabalhadores que também podem estar contaminados e caso se confirme a contaminação que esse trabalhador seja imediatamente liberado de suas funções.

O que está claro é que muitas gerências não querem tomar medidas que assegurem a saúde dos garis e uma condição mínima e adequada para trabalhar em meio ao alastramento do coronavírus. A solução contra esse descaso absurdo é não esperar mais um minuto que seja os gerentes e seus superiores, aliados do Crivella que cortou milhões da saúde, demitiu milhares trabalhadores da saúde e fechou centenas de clínicas da família digam que estão fornecendo material adequado para os garis, sendo que tem gerências que não tem nem sabão, os garis trabalham com luvas rasgadas e às vezes só tem um uniforme pra usar.

Já chega de tanta negligência com as vidas dos garis e de duas famílias! É preciso tomar as rédeas de todo esse processo, como fizeram na greve de 2014, se auto organizando em cada gerência exigindo não apenas EPI’s, mas também os testes para a categoria e impondo uma nova escala de trabalho para que os garis fiquem menos expostos diariamente, mantendo as coletas, principalmente em hospitais, diminuindo o número de trabalhadores na rua. Ou seja, os garis deveriam decidir quais serviços garantir e quais escalas e poderiam por exemplo, levar a informação e prevenção para a população através de distribuição de panfletos informativos já que possuem o contato diário com um serviço tão essencial para o funcionamento da cidade.

A Comlurb sempre serviu de curral eleitoral para os interesses de políticos que servem os empresários, que em seus cargos de confiança e alto comissionados vivem de privilégios enquanto mais de 30 mil trabalhadores, na sua maioria negros, sempre estiveram à frente desse serviço essencial para o povo trabalhador. É fundamental que a empresa seja controlada pelos garis para que decidam os rumos do funcionamento dos serviços essências e futuros necessários para enfrentar a crise do coronavírus.

A crise que vemos agora não caiu do céu, foi construída milimetricamente por cada governante que teve como política central a precarização e desmonte do SUS, Crivella tem uma grande parcela de culpa nisso, o que é certo que por hoje o sistema público de saúde não tem a mínima condição de atender a população numa pandemia dessa magnitude. Crivella fechou 340 leitos em 8 unidades e hoje estima-se que a capacidade do SUS para atender pacientes graves com coronavírus é de 1 leito de UTI com respirador para 10 mil habitantes. Por isso é necessário um sistema de saúde 100% estatal e sob controle dos trabalhadores e trabalhadores da saúde, unificando os aparelhos de saúde público e privado em um sistema único e centralizado para enfrentar essa crise que não foram os trabalhadores que criaram, mas que mesmo assim querem descontar em nossas costas.




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